terça-feira, 23 de outubro de 2007

4 - A crise da Bossa Nova no Brasil


1ª parte

Enquanto a Bossa Nova estava cada vez mais conquistando o mundo, aqui no Brasil aconteceram vários fatores para a Bossa Nova entrar em crise.

Desde o final dos anos 50, surge no Brasil um rival de peso para a Bossa Nova: o Rock, que depois de estar fazendo um enorme sucesso mundo afora chega ao Brasil. No princípio eram só músicas em inglês ou versões em português, especialmente com a cantora Celly Campello, com as músicas Estúpido Cupido e Banho de Lua. Logo vários jovens começam a se interessar pelo Rock especialmente por Elvis Presley e Chuck Berry. Logo que o Rock chegou ao Brasil foi visto por muitos, como música de vagabundos e marginais, surgia a chamada "Juventude Transviada". Entre esses jovens que se interessaram por Rock se destacam Erasmo Carlos e Roberto Carlos, sendo que esse último lançou o primeiro disco de 78 rotações cantando Bossa Nova, incluindo uma música chamada Brotinho sem juízo, uma bossa meio fraquinha de Carlos Imperial, numa imitação clara de João Gilberto. Esses jovens se reúnem especialmente no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, onde Roberto e Erasmo moram lá eles se encontram com Tim Maia e Jorge Ben, onde montam o grupo Sputinck's. Em 1960, surge a música Parei na Contramão, de Roberto e Erasmo, que foi considerado o primeiro Rock nacional. Já que Roberto Carlos viu que a Bossa Nova não era a praia dele começou a compor rock. Pouco depois Roberto e Erasmo se juntam a cantora Vanderlea e lançam a Jovem Guarda, inspirados especialmente em Elvis e nos Beatles. Logo a cidade do Rio de Janeiro está dividida em duas: a zona norte, que gostam de Jovem Guarda e a zona sul, que gostam de Bossa Nova.

Depois da saída de Juscelino Kubitheck em 1960, o Brasil está mudando. Em 1961, Jânio Quadros é eleito presidente do Brasil, mas no mesmo ano renuncia e assume o vice João Goulart, por ter ido á China comunista, João Goulart passa a ser visto com desconfiança e surge o Parlamentarismo, onde o presidente não manda e sim o primeiro ministro.

No meio de tanta bagunça que o país se encontra vários cantores, especialmente de Bossa Nova, se revoltam com o caminho que a Bossa Nova está levando e resolvem fazer músicas de protesto retratando a atual realidade do país, que não é mais aquela do início da Bossa Nova, gente importante como Carlos Lyra e Nara Leão. Começa então a música de protesto, primeiro retratando a questão da reforma agrária e a relaidade dos morros cariocas, como na música Zelão, do Sérgio Ricardo.

Estamos em 1963, surge então Jorge Ben, saído do Beco das Garrafas, com seu violão bem suingado, misturando Bossa Nova e Jovem Guarda, em seu disco de estréia chamado SAMBA ESQUEMA NOVO, especialmente nas músicas Mas que nada, Tim Dom dom e Chove Chuva. Além dessas musicas o disco também tem Balança pema, Rosa menina rosa, Quero esquecer você, Uala Ualau, Vem morena, E so sambar, A tamba, Menina bonita não chora e Por causa de você menina. O disco teve arranjos de ninguém menos que J. T. Meirelles, expetaculares por sinal. A música Mas que nada era a mais estranha, era um heavy-samba, um samba com maracatu. Na época, ninguém entendeu que som era aquele, pois era estremamente novo, mas alguns anos depois se daria o nome de samba-rock, ou jovem samba como dizia o Carlos Imperial.

Ainda em 1963, aparece um disco histórico chamado VOCÊ AINDA NÃO VIU NADA, de Sérgio Mendes, então um pianista novato saído do Beco das Garrafas. Nesse lp ao lado do grupo Bossa Rio ergue um dos pilares originais do samba-jazz. Com arranjos do Tom Jobim, do próprio Sérgio Mendes e em duas músicas do maestro Moacir Santos. As músicas do disco são: Ela é carioca, O amor em paz, Coisa n.º 2, do Moacir Santos, Desafinado, Primitivo, do Sérgio Mendes, com citação de Berimbau, a então novíssima Nanã, também do Moacir Santos, que sem dúvida é a melhor gravação dessa música, Corcovado, Nôa...Nôa..., também do Sérgio Mendes, Garota de Ipanema e Neurótico, de um tal de J. T. Meirelles. Com certeza o disco merece o título que tem, renovando a já meio cambaleada Bossa Nova. Partindo para um caminho bem diferente de João Gilberto, com toque caráter instrumental, surgindo assim o Samba - Jazz.


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