domingo, 7 de outubro de 2007

3 - A Bossa Nova conquista os EUA - 5ª parte


5ª parte

Em 1968, Marcos Valle lança nos EUA, maravilhoso disco Samba’68. Esse lp têm vários sucessos do Marcos, traduzidos para o inglês, como: The answer, Cricket sings from Anamaria (Os grilos), Summer Samba (Samba de Verão), Chup chup I got away, If you went away, Pepino Beach, She told me, she told me, It's time to sing, Batucada (Batucada surgiu), The face I love e Safely in your arms. Realmente é um disco expetacular, um dos melhores que o Marcos Valle fez em todos os tempos. Logo Summer samba vira um clássico mundial, sendo gravada até pelo Frank Sinatra.

Em 1969, surge mais um disco memorável: DONATO DEODATO, envolvendo João Donato e Eumir Deodato, até hoje esse disco é procurado pelos americanos fãs de Funk, Rap e Hip Hop. Esse disco só tem músicas dos dois, que nessa época já eram adorados nos EUA. As músicas do disco são: Whistle stop, Where's J.D.?, Capricorn, Nightripper, You can go e a extraordinária música Batuque.

Em 1970, Tom Jobim grava mais um de seus espetaculares discos: STONE FLOWER, com arranjos de Eumir Deodato, as músicas do disco são: Tereza my love, uma homenagem a sua mulher, Chilldren's Games, que depois ganharia letra e se transformaria na clássica Chovendo na Roseira, uma das melhores músicas que o Tom já fez, Choro, uma homenagem ao Garoto, Brazil (uma versão de Aquarela do Brasil), com Tom tocando um piano elétrico, o maracatu sensacional de Stone flower, Amparo, que depois ganharia letra e se transformaria na clássica Olha Maria, God and the devil in the land of the sun , outra música com maracatu e a lindíssima canção Sabiá, feita com Chico Buarque.


Também em 1970, nos EUA sai o belíssimo disco A BAD DONATO, do João Donato, também com arranjos do Eumir Deodato. O disco também é cultuado mundo afora por simbolizar bem essa mistura de bossa nova, jazz, música latina, funk, psicodelia e o então novato hip hop, além de já ter algumas músicas com toque eletrônico (!). O disco é todo instrumental e só uma faixa não é inédita. O João Donato mau (ou maldito) – com cara de traficante colombiano, como aparece na capa do disco serviu primeiro para assustar aos que estavam acostumados ao seu estilo. Saía Donato de estilo suingado, com piano bossa nova temperado com calientes ritmos do Caribe, e entrava o Donato elétrico, influenciado pelo jazz-rock, por Jimi Hendrix e por James Brown. Em 1970, João Donato decidiu gravar em Los Angeles um disco em que fizesse uma fusão de MPB com jazz, funk rock e eletrônica. Quando entrou nos estúdios, Donato já tinha idéias mais claras. Pretendia usar instrumentos em dupla (duas guitarras, dois trompetes, dois pianos, dois trombones, duas baterias...) e sabia também com quem queria cercar-se: músicos americanos com quem ele já trabalhara (o saxofonista Ernie Watts, o flautista Bud Shank, o trompetista Jimmy Zito, o clarinetista Don Meza) e velhos parceiros do tempo da bossa nova, como o baterista Dom Um Romão e o violonista Oscar Castro Neves. Quando já estava no estúdio, Donato recebeu telefonema de Eumir Deodato que, entusiasmado com o que ouviu se ofereceu para fazer os arranjos. Foi aceito. Muitos músicos convocados por Donato integraram a orquestra de Stan Kenton, o que de certa forma fechava um ciclo na carreira do músico brasileiro: era Kenton seu modelo de compositor-arranjador quando começou a tirar as primeiras notas do piano, nos anos 40.

As músicas do disco são: a já clássica A rã, que já foi gravada até por João Gilberto, Celestial showers, Bambu, Lunar tune, Cadê Jodel, Debutante`s ball, Straight jacket, Mosquito, Almas irmãs e Malandro. Dois anos depois, como não havia mais nada para explicar para os americanos, João Donato deu por encerrada a sua temporada nos EUA. Com o cachê arrecadado com o disco, ele compraria uma passagem de avião. De volta para o Brasil.






Um comentário:

C'est la vie disse...

Um verdadeiro professor de história da bossa nova !! rs adoro seu blog!

beijos