domingo, 1 de março de 2009

7 - A Bossa Nova hoje - 10ª parte



10ª parte

O ano de 2008 foi o ano de celebrar os 50 anos da Bossa Nova. Nunca se falou tanto de Bossa Nova na mídia brasileira igual esse ano que tivemos vários shows históricos, vários lançamentos e relançamentos maravilhosos, livros espetaculares, teve gente até falando que era pra parar de falar de Bossa Nova, que já estava enjoando. Mas falar de que? Falar que o funk e o breganejo continuam inundando os nossos ouvidos? Esse ano além da Bossa Nova se falou e ouviu muito o breganejo universitário que invadiu as tvs e as rádios brasileiras, mas isso não importa, pelo menos o que mostrou esse ano de 2008 que a Bossa Nova está cada vez mais viva, seja no Brasil ou no exterior, sabemos que esse “namoro” com a mídia brasileira é passageiro, mas vamos aproveitar a onda que continua se erguendo do mar.

No dia 1° de março de 2008 tivemos um show sensacional pra comemorar os 50 anos da Bossa Nova na praia de Ipanema, com grandes nomes como Roberto Menescal, Carlos Lyra, João Donato, Oscar Castro Neves, Wanda Sá, Marcos Valle, Joyce, Leila Pinheiro, Emílio Santiago, Zimbo Trio, Leny Andrade, Bossacucanova, Maria Rita e a nova bossa-novista Fernanda Takai. Pena que não foi gravado em dvd, quem sabe possa sair no futuro. Esse show acabou provocando ciúmes de nomes como Pery Ribeiro que ficaram de foram em detrimento de artistas que não teriam nada com a Bossa Nova.

Tiveram vários shows em homenagens a Bossa Nova pelo Brasil e pelo mundo, como em homenagem ao João Donato, que contou com Bebel Gilberto, Adriana Calcanhoto, Marcelo D2, Roberta Sá, Fernanda Takai, Marcelinho da Lua e Marcelo Camelo. Teve também um show em Londres no dia 26 de maio com a Joyce, o Marcos Valle, o Dori Caymmi, João Donato, Roberto Menescal, a Wanda Sá, Clara Moreno e o Vinicius Cantuária. Mas nenhum show foi mais esperado e mais festejado do que os shows do João Gilberto no Brasil, ele fez quatro shows históricos, um melhor que o outro. Dois em São Paulo, um no Rio e um em Salvador. Onde ele surpreendeu a todos a cantar a sensacional Chove lá fora, obra prima do Tito Madi (lembrando que eles não se falavam desde aquele famoso episódio que o João acertou o violão na cabeça do Tito numa entrega de troféu tv Record em 1961). O Tito ficou muito emocionado com a gravação e também com o convite do João pra ver seus shows, que o perdoou desse episódio. O João cantou uma música inédita em homenagem ao Japão, cantou 13 de ouro, O nosso olhar, de Sérgio Ricardo, emocionou a todos a cantar Samba do avião, que ele nunca gravou e claro todos os seus clássicos. O João como sempre se atrasou, mas reclamou menos do que de costume, ele estava de muito bom humor, até deixou a platéia cantar algumas músicas com ele, sendo que no Rio teve um coro emocionante de Chega de saudade, com o João acompanhando no violão. No show em Salvador rolou muita emoção quando João lembrou o grande mestre Dorival Caymmi, que tinha morrido alguns dias. O João cantou divinamente João valentão e até Acalanto. O mestre dos mestres Dorival Caymmi que não era Bossa Nova, mas ajudou a mostrar o caminho para se criar a Bossa Nova, com seus samba canções, cantados por Dick Farney, Lúcio Alves e Sylvia Telles. Ou com jeito baiano de ser, que influenciou João Gilberto, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Roberto Menescal, Joyce, João Donato, Marcos Valle e tantos outros. O mesmo Caymmi que se incorporou ao espírito da Bossa Nova, fazendo discos com Tom Jobim e Vinícius, além de ter sido modernizado pela voz e violão de João Gilberto. Caymmi morreu no dia 16 de agosto.

Tivemos a perda do Caymmi, mas tivemos um ano de muitos livros, cds e dvds sensacionais que saíram nesse ano. Nesse ano foi lançada a biografia do Carlos Lyra: EU E A BOSSA. O livro CAYMMI E A BOSSA NOVA, feito pela Stella Caymmi, neta do Dorival, mostrando o quanto a obra de Caymmi era tão próxima da Bossa Nova. E o espetacular livro EIS AQUI OS BOSSA NOVA, do Zuza Homem de Mello, com relatos inéditos de vários nomes que fizeram parte da Bossa Nova, gente como Tom Jobim, Carlos Lyra, Elis Regina, Nara Leão, Johnny Alf, Roberto Menescal, Vinícius de Moraes, além de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e outros fazendo com que entendemos mais esse estilo, de tudo que aconteceu naquela década mágica de 1958 a 1968.

Tivemos o dvd do maravilhoso especial ANTONIO BRASILEIRO, exibido pela Globo em 1987, que só poderia ter saído pela Biscoito Fino. Esse especial foi feito em homenagem aos 60 anos do maestro. Narrado por Aloysio de Oliveira começa no Museu de História Natural de Nova York, ao som de Saudade do Brasil, com Tom, a falar do tardio oligoceno do continente para em seguida flanar pelo Central Park embalado por Two Kites ou, sentado num banco do parque, a dedilhar Desafinado no violão. Num retorno ao Museu de História Natural, Tom relembra a tranqüilidade de Ipanema e exibe um jereba. Já no Rio de Janeiro, Tom grava duetos espetaculares com Marina (Lígia), Joyce (Insensatez), com Gilson Peranzetta ao piano, Gal Costa (Dindi), Chico Buarque (Anos Dourados) e Edu Lobo com Chico Buarque (Choro Bandido), sendo a única gravação dessa música com os três juntos. Paula Morelenbaum fecha o bloco cantando a Bachianas Brasileiras n.º 5, de Villa-Lobos, ouvindo-se um Tom desabafar em off: ‘‘Mas que saudades de Villa-Lobos!’’. No último bloco, como já havia acontecido em Nova York, onde Tom saiu do estúdio para ciceronear a câmera pelo Central Park, ele anda pelas aléias do Jardim Botânico e, sentado num de seus bancos, lê duas obras-primas de Carlos Drummond de Andrade, Elegia e Poema da Necessidade. Tem ainda Caetano Veloso interpretando Eu Sei que Vou te Amar, Tom e Maúcha Adnet cantando Bebel; Luíza (com Tom e imagens de Vera Fischer); um depoimento de Sonia Braga e Se Todos Fossem Iguais a Você em ritmo de marcha-rancho. Tom volta a ler o Poema da Necessidade para tocar então Borzeguim, um manifesto em defesa do mato, do índio e dos bichos da selva influenciado por Villa-Lobos, diante de uma tela com desenho animado do Still. Tom Jobim toca acompanhado pela banda formada por Danilo Caymmi (voz e flautas), Jaques Morelenbaum (violoncelo e flautas), Paulo Braga (bateria), Paulo Jobim (violão) e Sebastião Neto (baixo). Nos vocais, Ana Lontra Jobim, Elizabeth Jobim, Maúcha Adnet, Paula Morelenbaum e Simone Caymmi. Nos extras ainda tem o vídeo completo do histórico encontro de Tom Jobim com Gerry Mullingan, em 1962.

Tivemos também o sensacional cd BOSSA ETERNA, do fabuloso trombonista Raul de Souza, também lançado pela Biscoito Fino. Considerado um dos maiores trombonistas do mundo, inventor do souzabone (um trombone elétrico com quatro válvulas), ícone da música instrumental brasileira e tendo tocado em gravações e apresentações com Sarah Vaughan, Herbie Hancok, George Benson, Ron Carter, João Gilberto, Tom Jobim, Egberto Gismonti, Gilberto Gil e Maria Bethânia, Raul de Souza homenageia os 50 anos da Bossa Nova lançando o CD BOSSA ETERNA, gravado na Biscoito Fino em março de 2008. O projeto conta com a participação especial do gênio da música brasileira João Donato, que junto ao amigo Raul de Souza, foi responsável pela criação dos arranjos. Raul assina a direção artística, e abre o CD Bossa Eterna, com uma composição de sua autoria, Bossa eterna, que dá nome ao disco, assim como outras duas, as únicas em que toca o souzabone: Pingo D´Água e A la Donato (homenagem ao amigo). Detalhe importante (e que só o tempo é capaz de proporcionar): apesar da longa amizade, essa é a primeira vez que Raul de Souza e João Donato, ambos com 73 anos, gravam juntos. As outras sete faixas são de bambas da canção brasileira, de Baden Powell e Vinicius de Moraes (Só por Amor) a Tom Jobim (Bonita), passando por Tito Madi (Balanço Zona Sul), João Donato (Malandro, Lugar Comum, esta em parceria com Gilberto Gil, e Fim de Sonho, com João Carlos Pádua). Por fim, Nuvens, parceria de Maurício Einhorn e Durval Ferreira. Participam: João Donato (piano), Robertinho Silva (bateria), Luiz Alves (baixo acústico) e o convidado especial Maurício Einhorn (harmônica).

Saiu também o cd e o dvd MARCOS VALLE CONECTA AO VIVO NO CINEMATEQUE, o primeiro dvd do Marcos Valle, lançado pela EMI. Nesse dvd o Marcos inovou, em vez de um show foram quatro e além de seus clássicos ele toca algumas músicas de outros. O dvd começa com o Marcos tocando três músicas do seu cd instrumental JET-SAMBA: Selva de pedra, que foi tema de uma novela de mesmo nome, Jet samba e Esperando o Messias, depois ele canta Valeu, música em parceria com a Joyce, Online, Garra, Wanda Vidal, Brasil X México, mais uma instrumental, depois tem Água de coco, Próton, elétron, nêutron, Nem paletó e gravata, essas duas com o dj Plínio Profeta, Mentira, Batucada surgiu, essas duas com dj Nado Leal, depois tem o convidado Marcelo Camelo, onde cantam Cara valente, do Camelo, a inevitável Samba de verão e um medley espetacular de Nem paletó e gravata e O vencedor, música do Marcelo, depois tem mais convidados, a banda Fino coletivo, onde cantam Dragão e Boa hora, música do repertório deles, depois ainda a banda +2, formada por Kassin, Domenico e Moreno, onde cantam Homem ao mar, do Kassin, o sucesso Estrelar, Não tem nada não e um medley com Sincerely hot, do Domenico e O cafona, do Marcos Valle. O dvd ainda tem nos extras a antológica Os grilos e Lost in Tókio Subway, mais uma instrumental. Boa parte das músicas desse dvd o Marcos canta acompanhado da Patrícia Alvi. Esperamos que com isso o Brasil finalmente reconheça o quão importante é o Marcos Valle para a nossa música, coisa que os europeus e japoneses descobriram há muito tempo.

Depois da volta triunfal de Sérgio Mendes com o cd TIMELESS, de 2006, produzido por Will Adams, da banda Black Eyed Peas, puxada especialmente pela gravação de Mas que nada, eis que Sergio lança em 2008 o também maravilhoso cd ENCANTO, onde também é produzido por Will. No cd anterior vemos uma aproximação interessante da Bossa Nova com o rap, já nesse disco tem menos rap e mais bossa, mais pop e eletrônica. O cd começa com uma gravação espetacular bem pop de The look of love, cantada pela Fergie, a voz feminina do Black Eyed Peas e o Will, depois tem “o hip hop baiano” Funky Bahia, com Carlinhos Brown, Siedah Garret e Will, uma versão eletrônica de Waters of march, com Ledishi, depois tem Odo-Ya, também com Carlinhos Brown, depois tem Somewhere in the hills, com Natalie Cole, uma versão em espanhol de Lugar comum, do João Donato e Gilberto Gil, com Jovanitti e João Donato, uma gravação bem Bossa Nova de Dreamer, com Lani Hall e Herp Alpert, companheiros de Sérgio na época do Brazil’66, depois tem um samba jazz instrumental maravilhoso chamado Morning of Rio, onde o Sérgio lembra um pouco a época do Beco das Garrafas, uma versão em espanhol de E vamos lá, do João Donato e da Joyce, com Juanes, depois tem Catavento e girassol, do Guinga e do Aldir Blanc, cantada pela Gracinha Leporace com a presença do Guinga ao violão, depois tem a bem dançante Acode, do Sérgio Mendes e a Vanessa da Mata, com a participação da Vanessa cantando, depois tem uma versão bossa rap de Água de beber, com Will, o cd ainda tem como faixa bônus Les eaux de mars, versão em francês de Águas de março, com Zap Mamma e a versão em português de E vamos lá, com João Donato ao piano. Com esse cd o Sérgio mostra que é o mesmo de sempre, bem antenado com a Bossa Nova e a música pop, relembrando bem os discos com o Brazil’66.

Tivemos também o espetacular cd TELECOTECO: UM SAMBINHA CHEIO DE BOSSA, da Paula Morelembaun, talvez o melhor cd do ano. Refrescar a memória, revisitando a história, sob um olhar contemporâneo e moderno. Esta parece ser a proposta deste lançamento. TELECOTECO (UM SAMBINHA CHEIO DE BOSSA) é assim. Abrange com rara eficiência músicas do final da década de 30 até início dos anos 60. Englobando este período anterior à Bossa Nova, o álbum possui de certa forma perfil explicativo, expondo o ‘mix’ de influências (Choro, Tango, musicais norte-americanos) que culminaram no surgimento do estilo eternizado por João Gilberto. Em um repertório minuciosamente elaborado, o álbum é praticamente um ensaio aberto que unem tradição e modernidade, conferindo a composições clássicas uma roupagem contemporânea de muito bom gosto, As músicas desse cd são: a sensacional Manhã de carnaval, com participação do Riuichi Sakamoto, depois tem a maravilhosa Não me diga adeus, de Luis Soberano, Paquito e João Correa das Silva, famosa nas vozes da Elis e da Nara, tem uma espetacular gravação de O samba e o tango, de Amado Régis, sucesso na voz de Carmem Miranda, com participação do dj Bajofondo, depois tem uma gravação sensacional da clássica Our love is here to stay, de George e Ira Gershwin, com toques latinos ao piano de João Donato, depois tem a menos conhecida Um cantinho e você, de José Maria de Abreu e Jair Amorim, com participação de Leo Gandelman, a maravilhosa Ilusão à toa, de Johnny Alf, onde a Paula divide os vocais com Marcos Valle, depois tem Telecoteco, música de Murilo Caldas e Marino Pinto, Sei lá se ta, de Alcyr Pires Vermelho e Walfrido Silva, com Chico Pinheiro no violão, a sensacional O que vier eu traço, Alvaiade e Zé Maria, com participação do dj Marcelinho da Lua, depois tem a maravilhosa Você não sabe amar, de Dorival Caymmi, Carlos Guinle e Hugo Lima, com participação de João Donato, a rara Ternura antiga, da Dolores Duran, participação do Leo Gandelman e no final a rara e sensacional Luar e batucada, de Tom Jobim e Newton Mendonça, também com Leo Gandelman.

Tivemos o surpreendente e maravilhoso ESTUDANDO A BOSSA, do Tom Zé, lançado pela gravadora Biscoito Fino. Nesta época em que as pessoas contemplam e praticam a Bossa Nova, quase como um refúgio espiritual saudosista de algo criado há 50 anos atrás, pleno de melodias, graça, beleza, talento, descontração, otimismo, charme, refinamento, qualidade musical, provocação, autenticidade etc, etc, ele nos revela a mais original leitura daquele momento artístico, a partir de uma ótica bem humorada, verdadeira crônica de um passado inesquecível, com vistas para futuro. Tudo que serviu de matéria prima da Bossa Nova está deliciosa e anarquicamente presente em seus versos, atuações vocais, arranjos, toques de violão, maneirismos, dialetos, sotaques, expressões; do nome dos participantes, às palavras chaves (barquinho, sol e sal, chega de saudade, bada-badi, bada-badá, biom-bom), da citação às musas femininas a componentes essenciais, como a sincopa ou Copacabana, do panorama sonoro da época, com o samba-canção abolerado, trágico, do ninguem-me-ama/ninguém-me-quer, às polemicas despertadas pela implantação do novo gênero musical e assim por diante. As músicas do disco são: Prefácio – Brazil, capital Buenos Aires, Rio arrepio, com Mariana Aydar, Barquinho herói, com Mônica Salmaso, a maravilhosa João nos tribunais, onde João Gilberto vai parar no banco dos réus, a também maravilhosa O céu desabou, com Tita Lima, onde o Tom Zé lembra os críticos da Bossa Nova liderados por Tinhorão, depois tem Sincope Jãobim, com Andréia Dias, O filho do pato, com Márcia Castro, Outra insensatez, põe, com David Byrne, a bela Roquenroll bim bom, com Jussara Silva, Mulher de música, com Fabiana Cozza, a sensacional Brazil, capital Buenos Aires, com Fernanda Takai, Amor do Rio, com Zélia Duncan, Bolero de Platão, com Mariana de la Riva, Solvador, Bahia de Caymmi, com Anellis Assumpção e Daniel Maia, e De: Terra, para: humanidade, com Badi Assad.

Tivemos também a bela coletânea FAR OUT BOSSA NOVA, lançada pela gravadora Far Out Recordings. As músicas desse cd são: Rio Bahia, com Joyce e Dori Caymmi, Keep an Eye on Love, com Zeep, Meu samba torto, com Clara Moreno e Celso Fonseca, Nova Bossa Nova, com Marcos Valle, Pra Zé, com Azimuth, Roberto Menescal e Sabrina Malheiros, San roque, com The Ipanemas, Pro Bonfá, com Célia Vaz, It`s too late, com Sabrina Malheiros, Rejoycing, com Democustico, Filhos, com Arthur Verocai e. Ivan Lins, a belíssima gravação de Berimbau, com a Joyce, do disco SAMBA JAZZ E OUTRAS BOSSAS, ainda inédito no Brasil, Vem moreno vem, com Clara Moreno e Dindi, com Victor Assis Brasil.

Nesse ano de 2008, também tivemos a sensacional coletânea Coleção FOLHA 50 ANOS DE BOSSA NOVA, da Folha de São Paulo, com 20 cds. Todos os discos tiveram um livreto com textos do Ruy Castro. Mas cadê o João Gilberto? Pois é, ele não liberou, falou que não gosta desse formato coletânea. Os cds foram:

1 – Tom Jobim – Chega de saudade, Sabiá, Samba do avião, Garota de Ipanema, Retrato em branco e preto, Eu não existo sem você, Águas de março, Por causa de você, Inútil paisagem, Samba de uma nota só, Wave, Se todos fossem iguais a você e Lígia.

2 – Dick Farney – Copacabana, Tereza da praia, Inútil paisagem, Uma loura, Sábado em Copacabana, Aeromoça, Não tem solução, Chuva, Fotografia, Marina, Ponto final, Nick bar, O que é amar e Apelo.

3 – Vinícius de Moraes – Pela luz dos olhos teus, Berimbau, Só por amor, Deixa, Seja feliz, Mulher carioca, Samba em prelúdio, Labareda, O astronauta, Deve ser amor, Samba da benção e Além do amor.

4 – Baden Powell - Valsa de Eurídice, Apelo, Chuva, Deixa, Tempo feliz, Lamentos, .. Das rosas, Garota de Ipanema, Canto de Ossanha e Coisa n.º2.

5 – Carlos Lyra – Sambalanço, Lobo bobo / Saudade fez um samba / Se é tarde me perdoa, Gente do morro, O barco e a vela, Minha namorada, Canção que morre no ar, Mas também quem mandou, Um abraço no João, Só choro quando estou feliz, Você e eu / Coisa mais linda, Pode ir, Se quiseres chorar, Maria Moita e Os olhos da madrugada.

6 – Nara Leão - Eu gosto mais do Rio, Insensatez, Corcovado , Sabe você, O barquinho, Wave, Águas de Março, Com açúcar, com afeto, Chega de saudade, O negócio é amar, Tristeza de nós dois e Descansa coração.

7 – João Donato - A rã, Chorou, chorou, Ahiê, Amazonas, Até quem sabe, Cadê Jodel, Bananeira, Lugar comum, Café com pão, Gaiolas abertas, O fundo, Daquele amor nem me fale e Mambinho.

8 – Johnny Alf - Ilusão à toa, Rapaz de bem, Escuta, O que é amar, Fim de semana em Eldorado, Disa, Céu e mar, Seu Chopin, desculpe, Diagonal, Fuga, Moça flor, Tudo distante de mim, Que vou dizer eu?, Tema sem palavras e Vem.

9 – Lúcio Alves - Idéias erradas, A noite do meu bem, Estrada do sol, Lá vem a baiana, Copacabana, Alguém como tu, Dizem por aí, Ninguém me ama, De conversa em conversa, Valsa de uma cidade, Garota de Ipanema, Razão de viver, Mudando de conversa, Beija-me e Pra dizer adeus

10 – Miúcha - Turma do funil, Triste alegria, Aula de matemática, Sublime tortura, Samba do carioca, Falando de amor, Vai levando, Na batucada da vida, Sei lá, Pela luz dos olhos teus, Samba do avião e Dinheiro em penca.

11 – Roberto Menescal - Meditação, Céu e mar, Rio, Corcovado, Menina feia, O pato, A morte de um deus de sal, Telefone, Adriana, Mar, amar, Copacabana de sempre, Amanhecendo, A banca do distinto e Bye bye Brasil.

12 – Marcos Valle – Gente, Ainda mais lindo, Preciso aprender a ser só, Seu encanto, Passa por mim, Samba de verão, A resposta, Deus brasileiro, Terra de ninguém, Viola enluarada, Ao amigo Tom, Não tem nada, não, Vem, Próton, elétron, nêutron e Os grilos.

13 – Leny Andrade - Estamos aí, A resposta, Clichê, Olhando o mar, Samba de rei, Tema feliz, Razão de viver, Coisa nuvem, Esqueça não, De manhã, Batida diferente, O amor e a rosa, O amor que acabou, Sambop e Nós e o mar.

14 – Pery Ribeiro - Garota de Ipanema, Primavera, Ah! Se eu pudesse, O que eu gosto de você, Berimbau, Moça da praia, Você, Amanhã, Canto de Ossanha, Samba do dom natural, Samba da pergunta, Tempo feliz, Deus brasileiro / Vivo sonhando, Olé, olá e Tristeza.

15 – Sylvia Telles – Dindi, Discussão, Fotografia, Janelas abertas, Demais, A felicidade, Canta, canta mais, Só em teus braços, Estrada do sol, Aula de matemática, Eu preciso de você, Canção da volta, Chove lá fora, Duas contas e Foi a noite.

16 – Maysa - O barquinho, Você e eu, Cala meu amor, Eu e meu coração, Nós e o mar, Ah! Se eu pudesse, Samba triste, Cheiro de saudade, Fim de noite, A mesma rosa amarela, Caminhos cruzados, Por causa de você, Água de beber, Meditação e Outra vez.

17 – Wilson Simonal - Olhou pra mim, Amanhecendo, Balanço zona sul, Nana, Lobo bobo, Ela vai, ela vem, Rapaz de bem, Samba do carioca, Garota moderna, Só tinha de ser com você, Juca bobão, Mangangá, O apito no samba, ....Das rosas, e Só danço samba.

18 – Os Cariocas – Rio, Samba de uma nota só, Devagar com a louça, O amor em paz, Telefone, Amor de nada, Ela é carioca, Domingo azul, Vê, Samba da pergunta, Desafinado, Pra que chorar, Amanhecendo, Tema para quatro, Samba do avião e Tim tim por tim tim.

19 – Joyce - Aos pés da cruz, Sabe você, O astronauta, Maria Moita, Tarde em Itapoã, Estrada branca, Eu sei que vou te amar, Mundo melhor, Wave, Ela é carioca, A felicidade e S'wonderful.

20 – Milton Banana Trio – Resolução, Estamos aí, Vê, Você, Cidade vazia, São Salvador, Amanhã, Garota de Ipanema, Ela é carioca, Noa... Noa..., Nana, Sambou, sambou, Roda viva, Amazonas, Vesti azul, Samba da benção e Carolina.

Além disso, saiu o sensacional cd e dvd JOYCE AO VIVO, que saiu pela gravadora EMI. Depois do dvd BANDA MALUCA AO VIVO, que tinha saído pela Biscoito Fino onde a Joyce cantava sem público, finalmente teve o dvd que merece, celebrando seus 40 anos de carreira. DVD produzido pelo grande Roberto Oliveira. As músicas desse dvd são: Delicadeza, E era Copacabana, Me disseram, a música que provocou polêmica num festival em 1967, Não muda não, Samba de mulher, Revendo amigos, com participação da Leila Pinheiro, a sensacional Havana-me, Monsier binot, Mistérios, a clássica Essa mulher, música que ficou famosa na voz da Elis Regina, com participação do Dori Caymmi, Da cor brasileira, O chinês e a bicicleta, a clássica Clareana, as inéditas E passa o carrossel e No fundo do mar, as duas com a presença de João Donato, A banda maluca, com citação de Uva de caminhão, do Assis Valente, Samba da zona e Feminina que é o cartão de visitas da Joyce no mundo. Nos extras ainda têm: Cinema Brasil, com Francis Hime, Mulheres do Brasil, com Clara Moreno e Ana Martins, Pra você gostar de mim, com Zé Renato, Madame quer sambar, com Roberto Menescal e outra gravação de Mistérios, agora com Mônica Salmaso.

Nesses 50 anos de Bossa Nova não poderia faltar o cd BOSSACUCANOVA AO VIVO, lançado pela Crammed, celebrando os dez anos do grupo que revolucionou a Bossa Nova. Incrementando batidas eletrônicas ao som suave da bossa, sem perder a brasilidade. Um cd sensacional com vários convidados que marcaram esses 10 anos de Bossacucanova. As músicas do cd são: Eu quero um samba, já com a Cris Dellano oficialmente como a voz feminina do grupo, Maria moita, com um Carlos Lyra sensacional nos vocais, Samba da minha terra, Essa moça ta diferente, com Wilson Simoninha, Samba de verão, com Marcos Valle, Águas de março, Bom dia Rio, com o Jacques Morelembaum, Garota de Ipanema, com Ed Motta e Roberto Menescal, uma versão espetacular cantada de Telefone, com Roberto Menescal e Leo Gandelman, Balanço zona sul, com o Wilson Simoninha e Minha menina, do Jorge Ben Jor, numa gravação que lembra Os Mutantes, o cd ainda tem como faixas bônus gravadas em estúdio: Influência do jazz, com Carlos Lyra, Pedro Luis e Leo Gandelman, O barquinho, com Roberto Menescal e Fernanda Takai e no final Nasci pra bailar, com João Donato e Leo Gandelman, interessante que é a primeira vez que o Donato participa de um cd do Bossacucanova, lembrando que ele já participou dos dois cds solo do Marcelinho da Lua. Vai ser lançado também um dvd.

Tivemos também o cd e dvd CELSO FONSECA AO VIVO, lançado pela EMI. Numa tentativa de popularizar a obra sensacional do Celso, esse dvd teve algumas participações naturais e outras nem tanto. As músicas desse dvd são: a espetacular Slow motion Bossa Nova, a música que fez Celso Fonseca ficar famoso no mundo inteiro, até no Brasil graças a Gisele Bundchen, a maravilhosa Feriado, o samba rap de Viajando na viagem, uma gravação meio estranha de Is the love, do Bob Marley, com Gilberto Gil, música que foge do estilo do Celso, a maravilhosa Palco, do Gil, com participação do próprio, aí o Celso estava mais a vontade, a sensacional Satélite bar, a surpreendente gravação de Ela só pensa em beijar, do Mc Leozinho, a transformando numa Bossa Funk, Queda, A voz do coração, com participação sensacional da Roberta Sá, a inédita Nunca pensei, a descartável gravação de Um dia de domingo, sucesso na voz de Tim Maia e Gal Costa, num dueto esquisito com a Ana Carolina, a bela gravação de Você não entende nada, de Caetano Veloso, a clássica Sorte, música do Celso e do Ronaldo Bastos, que ficou famosa no Brasil com a gravação da Gal Costa, Polaróides, a belíssima Samba é tudo, Meu samba torto, Beleza, Maria fumaça, clássico da Banda Black Rio e no final uma gravação de Ive Brussel, do Jorge Ben Jor, com participação do Gilberto Gil, da Roberta Sá e do filho João Pedro Fonseca.

Nesse ano de 2008 tivemos até o cd e dvd CAETANO VELOSO E ROBERTO CARLOS E A MÚSICA DE TOM JOBIM. Foi um encontro surpreendente envolvendo dois grandes nomes da nossa música celebrando o nosso maior nome Tom Jobim. Mas porque Caetano Veloso e Roberto Carlos, tinha vários outros nomes mais ligados a Bossa Nova para essa homenagem? Pelo que se viu acabou privilegiando os dois por causa da grande aceitação da mídia, especialmente ao Roberto. Apesar de que os dois têm sim ligações com a Bossa: o Caetano ficou maravilhado ao ouvir Chega de saudade com João Gilberto e acabou virando um herdeiro do João, já o Roberto Carlos pra quem não sabe começou cantando Bossa Nova imitando o João Gilberto, depois os dois seguiram pra outros caminhos. O dvd teve momentos maravilhosos e outros nem tanto, provavelmente pelo nervosismo do Caetano. Mas no modo geral ficou bom, o Roberto surpreendeu cantando Tom Jobim, especialmente nas canções mais românticas. As músicas desse dvd são: a inevitável Garota de Ipanema, Wave, Águas de março, com Daniel Jobim, Por toda minha vida, Ela é carioca, Inútil paisagem, Meditação, a rara e bela Caminho de pedra, onde o Caetano deu show cantando sozinho com citação de Stone Flower, O que tinha de ser, Surfboard, também com Daniel Jobim, Insensatez, onde o Roberto canta em espanhol, Por causa de você, Lígia, relembrando o famoso dueto do Tom e do Roberto, Corcovado, Samba do avião, Eu sei que vou te amar, uma gravação meio estranha de Tereza da praia, A felicidade, Se todos fossem iguais a você e no final a também inevitável Chega de saudade.

Mas a melhor noticia de 2008 foi o aparecimento do disco JOÃO GILBERTO NA CASA DO CHICO PEREIRA, com gravações caseiras inéditas que o João Gilberto fez na casa do fotografo Chico Pereira no ano de 1958. Isso era um dos mais bem guardados segredos da Bossa Nova, que poucas pessoas tinham acesso. No livro CHEGA DE SAUDADE o Ruy Castro fala: “Quando João Gilberto cantou pela primeira vez em seu apartamento, na rua Fernando Mendes, levado por Menescal, Chico experimentou a mesma sensação quer tiver ao conhecer o fundo do mar. Com a vantagem de que a voz e o violão de João Gilberto podiam ser capturados. Não perdeu tempo: assestou um microfone, alimentou seu gravador Gruding com um rolo virgem e deixou-o rodar. Foi a primeira das muitas fitas que gravaria com João Gilberto em sua casa.” Ninguém sabe ao certo como todos tiveram acesso via internet, esse disco apareceu num leilão no Japão, nos Eua e na Alemanha. Provavelmente nunca esse disco vai virar oficial, mas é uma pérola ouvir o João pronto pra estourar com a Bossa Nova, sendo que algumas músicas o João nunca gravou. Além de alguns bate papos. As músicas desse disco são: Um abraço no Bonfá, um Solo de violão desconhecido, Chega de saudade, Bim bom, Ho-ba-lá-lá, É luxo só, Desafinado, Saudade fez um samba, Valsa com vocalise (Every day), do João Donato, Este seu olhar, A felicidade, Preconceito, Caminhos cruzados, Mágoa, do Tom Jobim e do Marino Pinto, Lobo bobo, Brigas nunca mais, O bem do amor, do Carlos Lyra, Louco, Trevo de quatro folhas, O pato, Aos pés da cruz, Rosa morena, João valentão, do Dorival Caymmi, Chão de estrelas, do Sílvio Caldas e Orestes Barbosa, Bate-papo, Um medley com Nos Braços de Isabel, do Sílvio Caldas e do José Júdice e Liberta meu coração, do Geraldo Pereira e José Batista, Bate papo, Lá vem a baiana, Bate papo, Lá vem a baiana (reprise), Bate papo, Doralice, Doralice (reprise), Você não sabe amar, Beija-me, do Roberto Martins e do Mário Rossi e Bate papo.

Tivemos também o maravilhoso encontro de Marcos Valle, Carlos Lyra, Roberto Menescal e João Donato, que fizeram o cd OS BOSSA NOVA pela gravadora Biscoito Fino. A idéia da reunião inédita entre Carlos Lyra, João Donato, Roberto Menescal e Marcos Valle, que nunca haviam feito um disco inteiro juntos, foi do produtor José Milton. Ele pensou num verdadeiro encontro entre amigos que, sem dúvida alguma, descambaria em boa música. As conversas entre os cinco tiveram início em março, mas a gravação teve que esperar até agosto, já que os quatro compositores estavam com as agendas lotadas, comemorando a bossa em shows pelo mundo afora. O CD veio com clássicos da época, canções inéditas e quatro temas instrumentais. Passaram longe dos maiores clássicos. Em vez de Minha Namorada, O Barquinho, A Rã ou Samba de Verão, interpretam Samba do Carioca (Lyra e Vinicius de Moraes), Vagamente (Menescal e Ronaldo Bôscoli), De um Jeito Diferente (Donato e Lysias Enio) e Gente (Marcos e Paulo Sérgio Valle). Mas o CD tem ainda, em algumas faixas, Dirceu Leite (sopros), Jessé Sadoc (trompete), Carlos Bala (bateria) e Jaques Morelenbaum (cello). Este último foi exigência de Donato, na música De um Jeito Diferente. A primeira faixa do disco, Samba do Carioca, Lyra divide a interpretação com Marcos Valle. Em seguida, Menescal e Donato recriam Teresa da Praia, de Tom Jobim e Billy Blanco, num dueto sensacional. Lyra e Valle prosseguem com Até o Fim, composta em 2007 e lançada por Emílio Santiago. Esta é a primeira gravação dos autores. João Donato é o arranjador, pianista e intérprete de Um Jeito Diferente, parceria com o irmão Lysias Enio. Sextante, música inédita de Lyra, é interpretado pelo autor e João Donato. Gente, dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle une Lyra e Marcos e logo a seguir, Roberto Menescal cantar Vagamente, parceria com Ronaldo Bôscoli que ganhou arranjo e piano de Marcos Valle no disco. Segue-se uma instrumental de Menescal e Donato, A Cara do Rio. Os dois ganham o reforço de Jorge Hélder e Paulo Braga. A faixa seguinte é bem especial. Reúne três belíssimas canções unidas pela mesma harmonia: Bewitched (Richard Rogers/Lorenz Hart), Esse seu Olhar e em Teus Braços, ambas de Tom Jobim, sendo que a última entra como música incidental.
A mais antiga música do CD é Ciúme, composta por Carlos Lyra em 1954, interpretada por Roberto Menescal e João Donato. Mais uma instrumental, Entardecendo, de Valle e Donato, seguida de outra parceria de Menescal e Bôscoli, Balansamba, nas vozes de Menescal e Lyra. O revezamento continua com Marcos Valle cantando Até Quem Sabe, de Donato e Lysias. O trabalho termina com os quatro cantando juntos Bossa entre Amigos, de Menescal e Valle. Sem dúvida alguma, OS BOSSA NOVA é a saideira perfeita para o ano que comemora os 50 anos do gênero.

Ainda no final do ano saiu o maravilhoso disco TOQUINHO E MPB-4: 40 ANOS DE MÚSICA, também pela Biscoito Fino. Toquinho e MPB4 surgiram no cenário musical por ocasião dos memoráveis festivais da década de 1960 e consolidaram suas carreiras ao longo de mais de 40 anos. É um verdadeiro louvor a música brasileira. Distinguem-se as homenagens a Dorival Caymmi, Tom Jobim, Paulinho Nogueira, Baden Powell, Vinicius de Moraes, principal parceiro de Toquinho durante 10 anos, e a Chico Buarque. Além disso, destaca-se a versatilidade da música brasileira, com Toquinho e o MPB4 intercalando-se nas interpretações, desde Noel Rosa até Cazuza e Renato Ladeira, incluindo canções de João Bosco e Aldir Blanc, Lobão, Herbert Vianna e Paula Toller, Edu Lobo, Gonzaguinha, Fernando Lobo e Antonio Maria. Ressalta-se ainda a parte do CD dedicada às crianças, com músicas que dignificam o trabalho de Toquinho junto ao público infantil e que ganham uma feição ainda mais lúdica e expressiva com a participação do MPB4. As músicas desse cd são: Tarde em Itapuã, um pot-pourri em homenagem a Caymmi: com Das rosas, Marina, Samba da minha terra e Saudade da Bahia, depois tem De frente pro crime, do João Bosco e Aldir Blanc, depois tem um pot-pourri em homenagem a Tom Jobim: Modinha, Se todos fossem iguais a você, Carta ao Tom e Carta do Tom, depois tem Faz parte do meu show, de Cazuza e Renato Ladeira, depois tem um pot-pourri com Me chama, do Lobão e Nada por mim, do Herbert Vianna e Paula Toller, depois tem Canto triste, do Edu Lobo e do Vinícius, um pot-pourri de músicas infantis com A casa, O vento, A bicicleta, O pato, uma gravação antológica de Ninguém me ama, do Antonio Maria, com o Miltinho fazendo a voz do pato e O caderno, ainda tem Iolanda, de Pablo Milanes e Chico Buarque, Quem te viu, quem te vê, do Chico Buarque, um pot-pourri com Jesus alegria dos homens, de Bach e Bachianinha nº. 1, de Paulinho Nogueira, também tem Gago apaixonado, do Noel Rosa, um pot-pourri com Cavalo marinho e Berimbau, as duas do Baden e do Vinícius, O que é, o que é , do Gonzaginha, Samba pra Vinícius, do Toquinho e do Chico Buarque, um pot-pourri com músicas do Toquinho e Vinícius com: Como dizia o poeta, Testamento, Para viver um grande amor, Morena flor, Meu pai Oxalá, Maria vai com as outras, O bem amado e Regra três, no final ainda tem Roda viva, do Chico Buarque.

Com isso tudo, apesar de tantos lixos que existem na música brasileira atual, a Bossa Nova está ganhando cada faz mais espaço aqui no Brasil, seja nas novelas, nos comerciais, nos programas de tv, nos jornais e até no rádio. E no mundo a Bossa Nova está cada vez mais forte especialmente na Europa e no Japão, onde vários estrangeiros consomem discos dos melhores artistas brasileiros de todos os tempos.

Isso é mais uma prova de que aquele grupo de jovens músicos na zona sul do Rio de Janeiro no fim da década de 50 que criou a Bossa Nova, fizeram um ritmo brasileiro, que o mundo inteiro adora, e eterno.

sábado, 20 de setembro de 2008

7 - A Bossa Nova hoje - 9ª parte


9ª parte

Em 2007, é o ano de celebrar os 80 anos de nascimento do maestro soberano: Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o inesquecível Tom Jobim, que nasceu no dia 25 de janeiro de 1927.

No mês de janeiro, há um especial na TV Globo chamado Eu sei que vou te amar, tëm algumas coisas muito importantes das músicas do Tom, mas foi muito pouco, teve apenas 1 hora de duração, não falou nada da vida do Tom e ainda, com a maioria das músicas não deixou completar. Mas apesar de ser fácil meter a lenha na TV Globo, pelo menos foi o único especial que foi passado na TV aberta.

Mas, homenagem merecida que o Tom recebeu foi a caixa com três DVD chamada MAESTRO SOBERANO, que saiu no ínicio do mês de fevereiro pela gravadora Biscoito Fino. São três DVDs, dirigidos por Roberto Oliveira, que destacam aspectos fundamentais formadores da obra e do gênio de Tom.

O primeiro deles é CHEGA DE SAUDADE, com narração de Nelson Motta, mostra as primeiras músicas do Tom, enfoca a criação da Bossa-Nova, a disseminação planetária do movimento, e sua insuspeita permanência como um dos mais representativos estilos da música mundial. As faixas desse primeiro DVD são: Eu não existo sem você, Anos dourados, Lamento no morro, A felicidade, Se todos fossem iguais a você, Eu sei que vou te amar, Canta, canta mais, Chega de saudade, Carta ao Tom 74, Desafinado, Só tinha de ser com você, Água de beber, Você e eu, Só danço samba, Chega de Saudade e Imagina.

O segundo deles é ÁGUAS DE MARÇO enfoca a relação de Tom com a ecologia, narrado por Chico Buarque, que Tom já falou “que toda minha obra foi inspirada na Mata Atlântica”. Mostra a maravilhosa Floresta da Tijuca, o expetacular Jardim Botânico e as músicas ecológicas que o Tom fez, muitas antes até de existir essa palavra ecologia. Tom Jobim sempre foi muito preoucupado com essa questão, ele disse: “sem mato, ar e bicho, não há música”. As faixas desse segundo DVD são: Lenda, Águas de março, Chovendo na roseira, Estrada do sol, Correnteza, Gabriela, Borzeguim, Saudade do Brasil, Sabiá, Vento bravo, Luiza, O boto, O jardim abandonado, Águas de março, Matita perê, Passarim e Ai quem me dera.

O terceiro deles é ELA É CARIOCA, prioriza a ambientação da obra de Jobim no Rio de Janeiro e a paixão do maestro pela cidade, com narração de Edu Lobo. Tom circulava com desenvoltura pela cidade e gostava de fazer comrentários divertidos como este: “O Rio de Janeiro é uma cidade bastante dissipante, você vai a um lugar e acaba em outro”. As faixas desse terceiro DVD são: Ela é carioca, Surfboard, Corcovado, Wave, Retrato em branco e preto, Ela desatinou, Você vai ver, Falando de amor, Eu te amo, Insensatez, Lígia, Luiza, Garota de Ipanema, Samba de uma nota só, Ela é carioca, Samba do avião e Estrada branca.

Os documentários apresentam imagens clássicas de Tom – como o dueto com Elis Regina em “Águas de março” – e também momentos raros da filmografia sobre o maestro – como o espirituoso flagrante do encontro com Edu Lobo no estúdio, durante a gravação do álbum feito pela dupla em 1981. Dois shows antológicos de Jobim e a Banda Nova – um gravado em São Paulo, em 1990, outro no Rio, em 1985 – permeiam registros históricos com o melhor do criador. A herança de Jobim também é flagrada nas imagens do show de Revéillon de 1996, na Praia de Copacabana, em que Caetano Veloso, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Milton Nascimento, Gal Costa e Gilberto Gil prestam tributo ao mestre. E também na apresentação do Quarteto Jobim-Morelenbaum, formado por Paulo e Daniel Jobim, Paula e Jaques Morelenbaum. Para os seguidores de Jobim, que têm na fé em Antônio o caminho da salvação pela música, o dia 25 de janeiro equivale a um segundo natal, 80 anos depois do nascimento do mestre e 60 desde o lançamento da pedra fundamental de sua obra.

Prepare-se pra “viver o momento dos momentos”, em Abril chegou o mais novo disco da Bebel Gilberto, que se chama MOMENTO, e é com essa frase na faixa título que Bebel convida a todos a ouvir seu terceiro disco. Esse disco já deu o que falar antes de chegar às lojas do mundo inteiro, pois ninguém sabe como, vazou primeiro pela internet e muitas pessoas no mundo copiaram o disco em MP3. O disco foi co-produzido pela própria Bebel e pelo Guy Sigsworth e é uma maravilha, aliás, como os dois discos anteriores, que levaram a Bebel a ser uma das maiores estrelas da música mundial na atualidade. O cd começa com a bela Momento, que dá nome ao disco, que foi feita pela Bebel, pelo Masa Shimizu e pelo Mauro Refosco, depois tem a maravilhosa Bring back to love, que explodiu nas pistas européias antes ainda do disco chegar, que é uma declaração de amor ao pé do ouvido sussurada pela Bebel, essa música foi feita pela Bebel Giberto, Didi Gutman e a Sabina Sciubba, depois tem a também bela Close to you, também da Bebel, só que em parceria com Guy Sigsworth, depois tem a que talvez seja a melhor música do disco a expetacular Os novos yorkinos, uma faixa bilíngüe com letra em português e em inglês, onde o título da música é uma variação aos Novos Baianos, ela divide o vocal com a Sabina Sciubba, lembrando que a Bebel também é uma nova yorkina, essa música foi feita pela Bebel Gilberto, Didi Gutman e a Sabina Sciubba, depois tem a bela Azul, também da Bebel, com o Guy Sigsworth, depois tem a expetacular Caçada, uma rara música do tio dela Chico Buarque, com direito a banda de pífanos pra reforçar o maracatu dessa música maravilhosa, sem dúvida é a mais surpreendente música do disco, a música ainda tem participação do João Helder e do grande Celso Fonseca, depois tem o super clássico Night and day, de Cole Porter, onde Bebel dá uma aula de como cantar cool jazz, depois tem a expetacular Tranqüilo, do Kassin, onde a Bebel divide a música com a maravilhosa banda brasileira Orquestra Imperial, música gravada no Rio de Janeiro num clima de total desconstração, essa participação da Orquestra Imperial só vem a brilhantar o cd ainda mais, depois tem a maravilhosa Um segundo, da Bebel, com Masa Shimizu, depois tem a bela Cadê você, uma balada com jeito de Nova Bossa Nova, que a Bebel sabe fazer como ninguém, mais uma música da Bebel Gilberto em parceria com Guy Sigsworth, e pra finalizar mais esse disco extraordinário da Bebel tem a bela Words, uma faixa acústica com jeito também de Bebel Gilberto, que fez em parceria com Masa Shimizu e com Erich Batista.

Ainda em 2007 chega depois três anos o novo disco da Clara Moreno, o maravilhoso MEU SAMBA TORTO, ao contrário do expetacular MORENA BOSSA NOVA, nesse cd a Clara Moreno deixa de lado a música eletrônica e volta para a Bossa Nova e alguns sambas antigos. Ela fala que no primeiro disco se inspirou mais na Bebel Gilberto e nesse segundo ela se inspira mais no João Gilberto, que ela gravou algumas músicas que ficaram famosas na voz do mestre. Além do João, fica nítido a semelhança ainda mais da mãe Joyce que consegue ser moderna sem precisar da música eletrônica e do grande Celso Fonseca, que, aliás, produziu o disco ao lado do Rodolfo Stroeter. Esse cd foi feito pela gravadora Farout Recordings, que é a mesma da mãe da Clara, Joyce. As músicas desse disco maravilhoso são: a bela Meu samba torto, que dá nome ao disco, uma nova Bossa Nova inédita feita pelo Celso Fonseca, que participa da faixa tocando violão, depois tem a expetacular Litorânea, também do Celso Fonseca, agora em parceria com Ronaldo Bastos, o Celso aparece nessa música dividindo os vocais com a Clara, depois disso tem a também inédita e expetacular Sabe quem? Feita em parceira da mãe Joyce com Zé Renato, ex integrante do Boca Livre, que tem grande importância na carreira da Joyce, a mãe que participa da faixa tocando violão e o padastro Tutty Moreno tocando bateria, depois tem a bela Sei lá, feita pelo pai da Clara: Nelson Ângelo, a quem ela dedica o disco, depois tem a francesa Mon manege a moi, de Norbet Glanzberg e Jean Constantin, com participação também da Joyce no violão e do Tutty Moreno na bateria, depois tem a clássica Moça flor, uma Bossa Nova maravilhosa do Durval Ferreira e do Lula Freire, que ficou famosa na voz do Tamba Trio, nesse disco cantada pela Clara e pelo Celso Fonseca, depois tem a também clássica Se acaso você chegasse, do Lupícinio Rodrigues e do Felisberto Martins, que ficou famosa na voz da Elis Regina, do Jair Rodrigues e da Elza Soares, no Fino da Bossa, depois tem a expetacular Bahia com H, do Denis Brean, grande clássico na voz de João Gilberto, talvez a melhor faixa do disco, com direito a citação de Chica chica boom, famosa na voz de Carmem Miranda, depois tem o samba Rosa de ouro, do Elton Medeiros, do Hermínio Bello de Carvalho e do Paulinho da Viola, cantada pela Clara Moreno e pelo Celso Fonseca, depois tem a maravilhosa Morena boca de ouro, do Ary Barroso, também famosa na voz de João Gilberto, depois tem o grande clássico Copacabana, do Braguinha, que morreu o ano passado, e do Alberto Ribeiro, depois tem a rara Vem morena vem, do Jorge Ben, tirada do seu primeiro disco SAMBA ESQUEMA NOVO, depois tem a bela Ela vai pro mar, do Celso Fonseca e do Ronaldo Bastos, também com Celso, dividindo os vocais com a Clara e no final a clássica Tenderly, do Walter Gross e Jack Lawrence, música em inglês, um belo jazz pra finalizar o disco.

A cantora e compositora carioca Joyce e o compositor e guitarrista mineiro Toninho Horta estavam se apresentando no Blue Note, em Tóquio, em maio de 1995, quando se deram conta que num certo momento do show, que eles chamavam de “baile” _ quando os músicos saíam do palco e ficavam só os dois _ empreendiam uma verdadeira “viagem” musical a partir de um simples acorde de violão. No repertório sobressaiam sempre as composições de Tom Jobim, falecido cinco meses antes.
Voaram para Nova York com a idéia de um disco dedicado ao maestro. Como só tinham um dia na cidade, gravaram 10 músicas em uma noite, com vocal de Joyce e violão de Toninho. Já no Rio, a pedido do produtor japonês Kazuo Ioshida, gravaram outras duas canções, Estrada do Sol e Frevo de Orfeu, estas incluindo também o violão-base de Joyce. Em Frevo de Orfeu e Esse Seu Olhar, Toninho também participa vocalmente. Com o título de SEM VOCÊ (uma das músicas do disco, de Tom e Vinicius), o CD _ que saíra anteriormente apenas no Japão pela Omagatoki, em 1995 _ está sendo agora em maio de 2007, lançado no Brasil pela Biscoito Fino. A escolha do repertório aconteceu na intuição. “Lembra desta?”, “E aquela? Ah, que bom que você sabe!”. Acostumados a tocar de improviso em shows, como aconteceu em Viena e Copenhagem, por exemplo, amigos desde o início de suas carreiras – participaram do mesmo conjunto musical, A Tribo, nos anos 70, com Nelson Ângelo e Novelli - começaram a gravar SEM VOCÊ na base do improviso, sem ensaio, “um disco de jam session”, como o define Joyce. Das parcerias de Tom com Vinicius de Moraes escolheram quatro: Ela é Carioca, com citação de Garota de Ipanema, Frevo de Orfeu, Só Danço Samba e Sem Você, que deu nome ao CD. Outras duas músicas são parcerias de Tom com Aloysio de Oliveira: Inútil Paisagem e Dindi. Correnteza tem a assinatura de Tom e Luiz Bonfá e Dolores Duran é a letrista de Estrada do Sol. O repertório foi completado com Lígia, Vivo Sonhando, Outra Vez, Este seu Olhar e em teus Braços, com música e letra de Tom. “Rola uma fraternidade entre Toninho e eu”, admite Joyce. “Temos o mesmo background como, por exemplo, o mesmo disco da Julie London com Barney Kessel, onde ela canta Cry me a River. Mais do que Julie London, eu e Toninho somos tarados pelo Barney Kessel. O Toninho mamou nele. E eu, na June Christy. E este disco saiu com a carga emocional pela perda do Tom”. SEM VOCÊ é o segundo disco de Joyce dedicado a Tom Jobim. Em 1987 lançou TOM JOBIM: ANOS 60, com Gilson Peranzzetta, aos 60 anos de vida do compositor, que escreveu ele mesmo o texto da contracapa. SEM VOCÊ acabou ganhando essa edição brasileira em mais uma belíssima homenagem aos 80 do nascimento de Tom Jobim.

Também em 2007, sai o belíssimo cd JOBIM JAZZ, feito pelo Mário Adnet. Jobim Jazz combina arranjos bem trabalhados de Mario Adnet com clássicos do repertório de Tom Jobim e de quebra ainda traz uma lista de músicos de dar água na boca a qualquer produtor e fã da boa música brasileira. Marcos Nimrichter (piano, acordeão), Eduardo Neves (sax tenor), Ricardo Silveira (guitarra), Nailor Proveta (clarinete), Jessé Sadoc (flugelhorn), Helio Delmiro (violão), Marcello Gonçalves (violão de 7 cordas), Andréa Ernest Dias (flauta), Armando Marçal (percussão), Joyce (voz), Vittor Santos (trombone), Romero Lubambo (violão) são apenas alguns dos nomes que você vai reconhecer neste trabalho.
Com arranjos e direção de Mario Adnet, Jobim Jazz apresenta clássicos bem conhecidos e ainda traz também composições mais raras tais como o samba Domingo sincopado de 1956, parceria com Luiz Bonfá. Esta primeira faixa é um samba com muito suíngue e um arranjo dando destaque ao naipe de metais. Até mesmo só com essa primeira faixa este álbum já se justificaria mesmo se o resto do CD não fosse de alta qualidade. Entretanto, conhecendo a qualidade do trabalho que Mario faz, você sabe que pode esperar muito mais. Na faixa seguinte, a mistura de baião e maracatu em Quebra pedra (Stone flower) é enaltecida com a percussão de Armando Marçal e o solo de acordeão de Marcos Nimrichter. Depois tem a rara e bela Sue Ann, tirada da trilha do filme The Adventurers, depois tem o samba jazz de Tema jazz, única música do Tom com citação direta do termo jazz, depois tem Rancho nas nuvens, a sensacional Surfboard, Meninos, eu vi, parceria com Chico Buarque, a clássica Só danço samba, a também rara e bela Paulo vôo livre, onde o Mário divide os vocais com a Joyce, Valsa do Porto das Caxias, Frevo de Orfeu, o choro Bate-boca e a raríssima Polo pny, também tirada do filme The Adventurers. Sem dúvida uma belíssima homenagem ao Tom.

No mesmo ano, sai nos EUA o belíssimo álbum SURRENDER, da cantora de jazz Jane Monheit. Esse cd é uma bela homenagem a música brasileira, especialmente a Bossa Nova e tem participação do Ivan Lins, do Toots Thielemans e do Sergio Mendes. As faixas desse cd são: If you went away, versão em inglês da maravilhosa Preciso aprender a ser só, do Marcos e Paulo Sergio Valle, Surrender, a bela Rio de maio, onde ela divide os vocais em português com Ivan Lins, autor da música, a maravilhosa Like a lover, versão em inglês da belíssima O cantador, de Dori Caymmi e Nelson Motta, o clássico Só tinha de se ser com você, do Tom e do Aloisio Oliveira, também cantanda em português, a também maravilhosa So many stars, com participação de Sérgio Mendes no piano, a clássica Moon river, a bela Overjoyed, de Stevie Wonder, a também maravilhosa Caminhos cruzados, do Tom e do Newton Mendonça, também cantada em português, com participação do gaitista Toots Thielemans e no final a também bela A time for love, Johnny Mandel e Paul Francis Webster.

Uma das melhores surpresas de 2007 foi o disco ONDE BRILHAM OS OLHOS SEUS, que traz a vocalista do Pato Fu, Fernanda Takai, em sua estréia solo provando ser uma das melhores cantoras do país numa recriação de canções gravadas por Nara Leão. Com produção do marido e também parceiro de Pato Fu, John Ulhôa, que também toca todos os instrumentos, o álbum conecta dois grandes momentos da Música Brasileira, dois universos ricos e criativos, a fase áurea de Bossa-Nova e Tropicália e o momento atual, onde produção, composição e interpretação ganham alta qualidade com nomes fora da mídia e do grande mercado. Fernanda Takai dá nova alma a clássicos, como Insensatez de Tom Jobim e Vinícius de Moraes e Com açúcar, com afeto de Chico Buaque e atualiza lindamente pérolas esquecidas, como Seja o meu céu, de Robertinho do Recife, uma das melhores do disco. Ciente de suas limitações, assim como Nara, Fernanda explora o sentimento através de sua voz doce e pequena. O resultado se encaixou de forma perfeita ao repertório de Nara, como se as canções tivessem sido feito para ela, como em Canta, Maria de Ary Barroso e Diz que fui por aí de Zé Ketti, outro destaque do álbum. Ao todo são 13 músicas, com versão particulares, numa desconstrução que às vezes causa até estranhamento. Não há fidelidade alguma às versões originais e esse é um dos maiores méritos do trabalho. A bossa, MPB, choro e samba de nomes como Chico Buarque, Tom Jobim e Vinícius de Moraes, Caetano Veloso, Zé Kéti, Nelson Cavaquinho, Erasmo e Roberto Carlos e Ary Barroso se transformam em versões discretas e caprichosamente modernas. O cd também tem a primeira regravação de Lindonéia, clássico da tropicália de Caetano Veloso e Gilberto Gil, Luz negra, de Nelson Cavaquinho, a bela Debaixo dos caracóis dos seus cabelos, de Roberto e Erasmo Carlos, a maravilhosa Odeon, de Ernesto Nazareth com letra do Vinícius de Moraes, a espetacular Estrada do sol, de Tom Jobim e da Dolores Duran, Trevo de quatro folhas, que já foi gravada pelo João Gilberto, a belíssima Descança coração, música que pode ter sido a última gravada pela Nara, versão em português da clássica My foolist heart, feita pelo Nelson Motta e Ta-hi, sucesso na voz de Carmem Miranda. . Pop, rock, jazz, soul e em alguns momentos até um clima meio ambient music. Além de John, o disco conta com participações de Lulu Camargo, tecladista do Pato Fu, e Roberto Menescal, que gravou as guitarras de “Insensatez”. Em formato digipack e belo projeto gráfico, o CD vale a pena também pelo belo projeto gráfico, que inclui textos de Nelson Motta, letras das músicas e fotos. Co-produzido por Nelson Motta (que lançou a idéia do projeto), “Onde Brilham os Olhos Meus” foi eleito ‘Melhor Disco’ pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), na categoria popular Um daqueles discos que vale a pena ter em casa e que nos revela uma nova e bela faceta da carreira de Fernanda Takai.

No final de 2007, pela Biscoito Fino sai o belíssmo DVD A Casa do Tom. “Esse negócio de entender de uma coisa, tem que amar. Quando você ama, isso cria uma capacidade. Você se interessa pela coisa, você começa a olhar”. A frase de Tom Jobim foi tão bem entendida por Ana, sua mulher durante 17 anos, que ela lança agora um DVD, pela Jobim Biscoito Fino, com sua história de amor com o maestro, com a família e com a natureza que aprendeu a ver pelos olhos de Tom e tão bem registrou em fotos, publicadas em diversos livros sobre o compositor. A inspiração para este DVD veio do Ensaio Poético, livro que lançou em parceria com o marido em 1987 na Casa de Cultura Laura Alvim. Na época, Ana pensou em fazer um vídeo com Tom que pudesse ser exibido em diversos monitores enquanto durasse a exposição de fotografias do livro. Chamou o primo documentarista Luiz Eduardo Lerina, contratou uma equipe composta por cinegrafista e sonoplasta, e saiu em campo documentando o marido na intimidade. Tudo feito de maneira muito livre, como ela faz questão de dizer. Tom abordava os temas que tinha vontade no momento e ela seguia sua intuição, filmando-o na casa que estavam construindo no Jardim Botânico, no Rio, no sítio da família em Poço Fundo, na serra fluminense e em Nova York. O material resultou em oito horas de gravação. Guardado há exatos 20 anos, de vez em quando Ana se via às voltas com o pedido de alguma televisão que desejava exibir uma imagem ou trechos do trabalho. Ela sentiu que os empréstimos poderiam acabar com o ineditismo e a intimidade dos filmes: “Começamos a ficar meio ciumentos, porque se fosse fragmentado perderia o sentido”. Decidiu então que iria preservar toda a documentação para a hora certa. Não deve ter sido fácil mergulhar nesta memória com passagens muitos dolorosas. Mas ela conseguiu, de certo modo, fazer uma catarse e está feliz com o resultado. Além de lindo, o DVD é emocionante. Narrado pela própria Ana Jobim, tem como fio condutor o poema Chapadão, que Tom começou a escrever quando escolheram o terreno no alto do Jardim Botânico para construírem sua casa: “A casa levou quatro anos para ficar pronta e o poema, oito”, conta ela no DVD.

O poema vai intercalando falas, fotos em P&B e cor, filmes caseiros, filmes profissionais, uma grande entrevista com Tom feita por Ana e histórias saborosas de uma intimidade de amor: “No dia da mudança para o alto do Jardim Botânico”, conta Ana, “a única preocupação de Tom era o piano. Ele mesmo ligou para a transportadora, tomou conta de cada passo, desde a saída da casa antiga, à chegada na casa nova, até a posição do piano na sala”. As locações mudam. Tom pode estar no apartamento de Nova York ao piano e abandonar o teclado para carregar a filha Maria Luiza, ainda um bebê, ou brincando com o filho João Francisco no Central Park ou nos jardins de Poço Fundo. Ou conversando com Narciso, um empregado do sítio, que lembrava os personagens fantasiosos de Guimarães Rosa que Tom tanto amava: “Seu Tom, senhor acredita que eu meti tanta bordoada no lobisomem, que o lobisomem só olhava pra mim com a cara redonda, a orelhazinha curta e todo rupiado. Falei: vai me pegar...”. Esta conversa acontece debaixo de uma mangueira e Tom não perde a oportunidade de exercer seu fino humor: “Você vê: essa mangueira aqui, por exemplo, não dá manga, mas dá água...Isso na verdade, isso não é uma mangueira, isso é o pessoal de Hollywood que veio me filmar...são os cabos da CBS, da NBC”.
Musicalmente, A Casa de Tom - Mundo, Monde, Mondo também é intimista. Tema para Ana, a primeira faixa, é executada por Ryuichi Sakamoto e Jaques Morelembaum, numa gravação feita na própria casa de Ana e Tom. Sakamoto tinha loucura para conhecer o piano do maestro. Ana emprestou a casa – Tom havia morrido oito anos antes – e os dois músicos acabaram gravando todo um CD no piano encantado. Mas Ana guardou uma preciosidade. O próprio Tom interpretando Tema para Ana, que ele nunca gravou comercialmente e ela tinha guardado num gravador caseiro.
Ao todo são 24 músicas, algumas com participações (Dorival Caymmi, Chico Buarque, Maucha Adnet, a própria Ana Jobim, Danilo Caymmi, Paulo Jobim e a pequena Maria Luiza, acompanhando o pai em Samba de Maria Luiza, além da célebre gravação de Garota de Ipanema com arranjo de Eumir Deodato e participação de Jerry Doggion (sax-alto), Ron Carter (baixo), Joe Farrel (flauta) acompanhando o piano de Tom. Nos extras, mais seis canções e dois poemas. Além de Águas de Março, uma verdadeira homenagem a Dorival Caymmi (Maracangalha, Saudades da Bahia, Suíte do Pescador e Maricotinha), uma lembrança de Bororó (Curare) e os poemas Chapadão e Oda a Rio de Janeiro, de Pablo Neruda.
E voltando àquela história “esse negócio de entender de uma coisa, tem que amar”, Ana Jobim dedicou o trabalho aos dois filhos, João Francisco e Maria Luiza, sem esquecer de citar os dois mais velhos, de Tom com Tereza, Paulo e Elizabeth. A Casa do Tom é, principalmente, um resgate do pai para Maria Luiza, que tinha apenas sete anos quando ele morreu.


sábado, 19 de julho de 2008

7 - A Bossa Nova hoje - 8ª parte



8ª parte

O ano de 2006 começa muito bem pra música brasileira, no exterior, porque aqui a coisa continua feia com a volta do funk agora com força total, com direito a passar na novela das 8 da Rede Globo, mas no início do ano sai na Europa duas colêtaneas maravilhosas pela Farout Recordings.

A primeira delas é AZIMUTH – PURE (THE FAR OUT YEARS 1995 – 2006) com o melhor da explendorosa banda Azimuth fez pela gravadora Farout Recordings com direito a músioca inédita. As músicas desse cd são: Brazymuth, Tudo o que você podia ser, Laranjeiras, O lance, Quem com quem, música feita com ninguém menos que o Marcos Valle, que é o mentor espiritual da banda, já que o nome da banda vem de uma música expetacular do Marcos Valle, o disco também tem Carangola, Saudades do doutor, Antes que esqueça, Juntos mais uma vez, Chameleon, Carnival, Xingo, Morning e Tempos do Paraná.

A segunda delas é a sensacional BRAZILIAN LOVE AFFAIR REMIXED, é a versão remixada de uma colêtanea maravilhosa de música brasileiora feita por vários djs europeus. As músicas desse disco são: Pára de fazer, música inédita de Marcos Valle, remixada pelo 4hero, depois tem a bela Besteiras de amor, também do Marcos Valle, remixada por Jazzanova, depois tem Maracatueira, cantada pela desconhecida Sabrina Melheiros, remixada pelo Incognito, depois tem Chuva, do Vertente, remixada pelo Seiji`s Oreja, depois tem a expetacular Parabéns, também do Marcos Valle, remixada por Daz-I-Kue`s Bugz in the Attic Dub, depois tem Somewhere beyond, do Natures Plan, remixada pelo Marc Mac`s Dollis House, depois tem Ah você não sabe, do Azimuth, remixada pelo Roc Hunter Body and Soul Mix, Laranjeiros, também do Azimuth, remixada pelo Frytonix, depois tem Francisco Cat, do Friends from Rio, remixada por APE e no final tem Batlle of the Giants, do Grupo Batuque, remixada pelo Roc Hunter.

Também em 2006 e também na Europa, sai a belíssima coletânea THE NOW SOUND OF BRAZIL 2, pela Crammed com o melhor da música brasileira atual, pelo menos na visão dos europeus. O cd começa com a versão remixada da sensacional Simplesmente, da fantástica Bebel Gilberto, remix belíssimo de Tom Middleton Ballearic, depois tem a brasileiríssima Samba da minha terra, com sotaque holandês da banda Zuco103 ao lado do Bossacucanova, depois tem Inexplicata, com Apollo 9, depois tem Esplendor, com a Cibelle, depois tem Por acaso pela tarde, do grande Celso Fonseca, depois tem Trancelim de Marfim, com Dj Dolores e Issar, depois tem Eu nasci no Brasil, com Zuco 103, depois tem a sensacional Cada beijo, também da Bebel Gilberto, remixada por ninguém menos que Thievery Corporation, depois tem Love is Queen Omega, com Zuco 103 e Lee Scratch Perry, depois tem a música 86, com Apollo 9, depois tem Meu amor, com a Cibelle, depois tem Roberto Menescal e o Bossacucanova, transformando a clássica Bonita, de Tom Jobim, num samba house maravilhoso, depois tem a música Atlântico, de Celso Fonseca, remixada pelo Da Lata e no final tem mais uma versão de Trancelim de marfim, do Dj Dolores, só que agora remixada pelo Apollo 9.

Mas a melhor notícia para a música brasileira do ano de 2006 sai em Los Angeles, nos EUA, mas precisamente no bairro de Beverly Hills, onde acontece um encontro memorável e surpreendente: do rapper americano Will.I.Am, líder da famosa banda Black Eyed Peas e o mestre da Bossa Nova: Sérgio Mendes. Eles se juntam e fazem um disco excepcional chamado TIMELESS, eterno, como Sérgio Mendes é, depois de 10 anos sem lançar um disco e 40 anos depois do sucesso estrondoso do disco que vendeu mais de 1 milhão de cópias. Nesse disco de 1966, Sérgio Mendes criou a Bossa Pop, e com TIMELESS, cria a Bossa Rap, uma mistura maravilhosa de Bossa Nova com Hip Hop. O disco começa logo de cara com o superclásssico Mas que nada, transformado num samba rap, com trechos da música em inglês, feitos por ninguém menos que a banda Black Eyed Peas, quem canta em português é Gracinha Leporace, que é mulher do Sérgio Mendes, depois tem a bela That heat, do Will Adams, com citação de Slow Hot wind, música de Henri Mancini e Norman Gimbel, com participação do Will.I.Am e da cantora americana Erykah Badu, depois tem os clássicos afrosambas Berimbau/Consolação, cantados pela Gracinha Leporace e com participação expecialíssima de Stevie Wonder tocando flauta (!), depois tem o clássico The frog, de João Donato, se tornando uma Bossa Rap, com participação do Will.I.Am e do rapper Q-Tip, depois tem a música Let me, versão em inglês de Deixa, do Baden Powell, cantada brilhantemente pela americana Jill Scott, com participação também do Will.I.Am, depois tem a também clássica Bananeira, do João Donato in jamaican style, transformada num reggae com rap feitos pelo jamaicano Mr. Vegas e cantada pela Gracinha, sem sombra de dúvidas é uma das melhores faixas do disco, depois tem a também clássica Surfboard, de Tom Jobim, transformada numa Bossa Rap sensacional com direito a letra em inglês inspirada de Will.I.Am, das praias cariocas para as ruas americanas, depois tem a bela Please Baby don`t, do americano John Legend, cantada por ele mesmo num clima bem Bossa Nova, depois tem o maravilhoso Samba da Benção, de Baden Powell e Vinícius de Moraes, com participação do Quarteto Maogani e do grande Marcelo D2, transformando esse clássico da música brasileira num samba rap delicioso, e no final ele manda a benção a Sérgio Mendes, a Will.I.Am, a Baden Powell, e ao “branco mais preto do Brasil” o poeta Vinícius de Moraes, depois tem a bela e inédita Timeless, do Sérgio Mendes, do Pritnz Board e da India. Arie, cantada brilhantemente bela própria India. Arie, num ritmo meio de escola de samba, depois tem a bela e surpreendente Loose Ends, do Justin Timberlake, do Will Adams e do Troy Jamerson, cantada pelo Justin Timberlake, pelo Will.I.Am e pelo Pharaohe Monch, depois tem a também surpreendente Fo`hop (Por trás de Brás de Pina), um forró e embolada com hip hop, feito pelo mestre Guinga e pelo Mauro Aguiar, com participação do próprio Guinga e do Marcelo D2, depois tem a bela Lamento no morro, de Tom e Vinícius, tirada da peça Orfeu da Conceição, em 1956, para as pistas de dança do mundo 50 anos depois, num samba house com uma versão instrumental com participação do Quarteto Maogani, depois tem a bela Ê menina, do João Donato, cantada pela Gracinha, pela costariquenha Debi Nova, pelo Sérgio Mendes e pelo Will.I.Am e no final tem o rap maravilhoso de Yes, yes y`all, feito pelo Will Adams, pelo Charles Stewart e pelo Tariq Trotter, com participação de Black Thought, pela Chali2na, pela Debi Nova e de novo pelo Will.I.Am. Finalmente, Sérgio Mendes teve o albúm que merecia com produção do Will, e esperamos que com esse disco ele finalmente seja reconhecido e respeitado no Brasil, já que nos Eua, na Europa e no Japão, ele é considerado um dos reis da Bossa Nova.

Finalmente em abril de 2006 sai pela gravadora Biscoito fino o cd RIO-BAHIA da Joyce e Dori Caymmi, depois de quase de um ano de espera, mas valeu a pena esperar porque esse disco e maravilhoso. É um reencontro da Joyce com o Dori que foi arranjador do primeiro disco dela em 1968. Como a Joyce falou no encarte do disco os dois são cariocas, mas cada um deles tem um pé na Bahia – ela por ser casada com um baiano, Tutty Moreno, e Dori por ser filho de Dorival Caymmi, o homem que, com Jorge Amado, inventou a Bahia. As canções falam destes lugares amados, berços da música brasileira, aquarelas do Brasil.

No final de maio o selo Jobim Biscoito Fino relança álbum idealizado por Hermínio Bello de Carvalho, que apresenta a última parceria de Tom e Chico. A música de Antonio Carlos Jobim e a Estação Primeira de Mangueira são duas das maiores referências da identidade carioca. Coube ao poeta Hermínio Bello de Carvalho juntar uma e outra em um álbum inteiramente dedicado a estas vertentes que constituem um dos grandes patrimônios da cultura brasileira. A Jobim Biscoito Fino relança NO TOM DA MANGUEIRA, idealizado por Hermínio no LP original de 1991, pouco antes do desfile em que a escola homenageou o maestro, no carnaval seguinte. “Tom estava eufórico e compusera com Chico a obra-prima Piano na Mangueira, lembra Hermínio”. Convidei Mauricio Tapajós para ser o produtor-executivo do disco e colocamos no estúdio um dos elencos mais caros do país – sem que ninguém cobrasse um tostão de cachê. Cismei de gravar Tom e Chico ao vivo, mas um problema técnico fez com que os re-convocássemos ao estúdio. Tom foi de uma docilidade extrema ao fazer o play-back para Carlos Cachaça recitar um poema. Como juntar Cartola, já desaparecido, a Paulinho da Viola? E Clementina a Ney Matogrosso? A tecnologia foi abrindo caminho e solucionando essas coisas que íamos inventando”, explica.
A abertura do álbum é exatamente Piano na Mangueira, última parceria de Tom e Chico, interpretada pelos próprios. Na seqüência, uma série de músicas de levantar poeira, em parte organizadas nos famosos blocos-temáticos concebidos por Hermínio. Sob o violão de Marco Pereira, Gal Costa recria Fala Mangueira, título do disco de 1968, reunindo Cartola, Clementina de Jesus, Carlos Cachaça e Odete Amaral. Idealizado por quem? Hermínio, naturalmente.
O desfile de “sambas que constituem o hinário daquela agremiação”, nas palavras de Hermínio, prossegue com Nasceste de uma Semente e Semente do Samba, juntando a voz de Ney Matogrosso ao violão de Raphael Rabello. A tal da tecnologia tratou de inserir a voz de Clementina de Jesus, gravada mais de vinte anos antes. Os duetos germinam ainda em Folhas Secas, de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, repisadas na cadência de Zezé Gonzaga e Baden Powell. A faixa seguinte une Tom e Carlos Cachaça em Não Quero Mais Amar Ninguém, de Cachaça com Cartola. Cláudio Nucci entoa Pranto de Poeta, outra de Nelson e Guilherme, e Paulinho da Viola recria Todo o Tempo que Eu Viver, de Cartola, junto ao próprio autor, num dueto só possibilitado pelos recursos de gravação então emergentes. Alcione, Beth Carvalho, Mestre Marçal e Peri Ribeiro enfileiram quatro criações de Herivelto Martins, com a participação do próprio mestre: Mangueira Não, Saudosa Mangueira, Lá em Mangueira, Praça Onze. Outra ilustre mangueirense, Leci Brandão, recria o injustamente pouco lembrado Padeirinho, em A Mais Querida.
Quando o Samba Acabou é uma das grandes criações de Noel Rosa, onde o poeta da Vila cita uma disputa amorosa protagonizada no morro da Mangueira, aqui na voz de Alaíde Costa. Assim como esta Joyce e Johnny Alf evidenciam a genealogia do samba na Bossa-Nova, em duas músicas de Benedicto Lacerda: Sabiá de Mangueira e Despedida de Mangueira. Sandra de Sá mostra que sambista também tem groove, em Meninos da Mangueira, que transforma Papai Noel num mulato sarará da família de Dona Zica, de acordo com os versos de Sergio Cabral para a melodia de Rildo Hora.
Nelson Cavaquinho aparece em três gravações da época do Zicartola, segundo Hermínio, a principal inspiração do disco: Rei Vagabundo, A Mangueira me Chama e Sempre Mangueira. Época esta em que surgiam os gênios de Chico Buarque, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, revezando-se em Exaltação à Mangueira, Sei lá Mangueira e Mundo de Zinco. Maria Bethânia e o grupo vocal Garganta Profunda entoam Primavera, dos bastiões Nelson Sargento, Jamelão e Alfredo Português. Três vertentes díspares da música brasileira se locupletam em Enquanto Houver Mangueira, Onde Estão os Tamborins e Levanta, Mangueira, com Benito de Paula, Ivan Lins e Elza Soares. O Piano na Mangueira repousa no acervo do incansável Hermínio: “afago o manuscrito original do Piano na Mangueira, que Tom e Chico me ofertaram com tanta delicadeza, repetindo que a Mangueira é mesmo tão grande que nem cabe explicação, assim como este disco é para mim um chão de esmeraldas que volto a pisar ao lado de meus queridos concidadãos mangueirenses”, diz emocionado o poeta, que sabe ser mesmo diferente aquele pranto sem lenço que alegra a gente.

Em julho sai também pela Biscoito Fino o DVD TOM JOBIM AO VIVO EM MONTREAL, um DVD que mostra o maestro Antônio Carlos Jobim à frente da Banda Nova no Festival Internacional de Jazz do Canadá, em 1986.
Maior nome da Música Popular Brasileira em todas as suas vertentes, o maestro Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim completaria 80 anos em janeiro de 2007. Antecipando as comemorações (como se as efemérides pudessem por si só justificar a celebração permanente em torno do nome e da obra de Antonio), a Jobim Biscoito Fino lança o DVD Tom Jobim ao vivo em Montreal, gravado em 1986, no festival internacional de jazz da cidade canadense. Vivendo aquela que o próprio maestro considerava a melhor fase de sua trajetória – em que percorria os palcos à frente de sua Banda Nova, mostrando as canções que o consagraram internacionalmente como um dos maiores músicos do século XX -, Jobim aparece feliz, renovado e falante nas quase duas horas de espetáculo registradas neste DVD. Ao lado de Jacques Morelenbaum (violoncelo), Paulo Jobim (violão), Danilo Caymmi (flauta), Sebastião Neto (baixo) e Paulo Braga (bateria), com o vocal de Ana e Elizabeth Jobim, Simone Caymmi, Maúcha Adnet e Paula Morelenbaum, Tom interpreta seus standards – com versões em português ou nas adaptações para o inglês -, além de músicas menos conhecidas de seus álbuns, àquela altura, mais recentes.

As músicas desse DVD são Samba de uma nota só, clássico que Tom fez com Newton Mendonça, Água de beber, também clássico, mas com Vinícius de Moraes, a eterna Chega de saudade, a maravilhosa Two Kites, música que Tom fez sozinho, a também maravilhosa Wave, que o Tom compôs sozinho, a então novíssima Borzeguim, a bela Falando de amor, a também nova Gabriela, a clássica A felicidade, que Tom também fez com Vinícius de Moraes, o também clássico Samba do avião, que Tom compôs sozinho, a expetacular Waters of March, a também eterna e expetacular Garota de Ipanema e no final de novo Tom canta Samba de uma nota só, com direito ao Tom Jobim fazendo citação a Canção do Exílio, poema do Gonçalves Dias. O extra traz uma entrevista de Tom concedida em sua casa, no bairro do Jardim Botânico, no Rio, em 1981, ao jornalista Roberto D’ávila, num dos momentos mais confessionais e comoventes já registrados com a presença do maestro – que fala de música, brasilidade e sentimentos como o amor e a tristeza, indispensáveis à sua criação.

Nesse mesmo ano de 2006, morre um dos maiores mestres da música brasileira: o maestro Moacir Santos, que compôs a maravilhosa Nanã que é conhecida no mundo todo, além de outras composições sensacionais e foi homenageado pelo Vinícius de Moraes na música Samba da Benção onde ele diz: “Benção ao maestro Moacir Santos, que não é um só, mas tantos como o meu Brasil de todos os santos, inclusive meu São Sebastião”.

Em agosto de 2006, sai a continuação de uma das coletâneas de maior sucesso na música mundial: CHILL:BRASIL 4. Depois do sucesso dos três primeiros cds que foram compilados pelo Marcos Valle, pela Joyce e pelo Gilberto Gil, agora sai o quarto volume cujas músicas foram escolhidas pela Roberta e a Flávia Eluf. Assim comos os três cds anteriores o disco é duplo.

As músicas desse disco são:

CD 1 – Querida, com Tom Jobim, Carta ao Tom, com Toquinho e Vinícius de Moraes, La piu bella del mondo, com Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, Triste, com João Gilberto, Foi assim, com Fafá de Belém, Quem eu quero bem, com Daniela Procópio, Como nossos pais, com Belchior, Ponteio, com Hélio Delmiro, Correnteza, com Tom Jobim, Sad Samba, com Deeper & Pacific, Um índio, com Barão Vermelho, A Paraíba não é Chicago, com Marcos Valle, Estou livre, com Tony Bizarro, Vamos dançar, com Ed Motta, Meu guarda-chuva, como Funk como le gusta e Dzarm, com Jorge Ben Jor.

CD 2 – Sá Marina, com Wilson Simonal, Testamento, com Toquinho e Vínicius, Samba de verão, com Conjunto Som 4, Águas de Março, com Rosa Passos, Pelas tabelas, com Roberta Sá, Aquele abraço, com Gilberto Gil, Lata d’água, com Sônia Rosa, Madalena, com Elis Regina, Olha aí, com Johnny Alf, Bolinha de sabão, com Renato Perez, Dores de amores, com Luiz Melodia, Feiticeira, com Zezé Motta, Saudade da Bahia, com Nana, Dori e Danilo Caymmi, Bebete Vãobora, com Eletrosamba e Balé de Berlim, com Gilberto Gil.