sábado, 29 de setembro de 2007

3 - A Bossa Nova conquista os EUA - 3ª parte

3ª parte

Mas nesse disco teve uma história interessante que Nornan Gimbell, que fez a letra em inglês da Garota de Ipanema, não queria deixar o nome Ipanema, pois pra ele e pros americanos Ipanema não sigificava nada e Tom tentava mudá-lo de idéia. Um dia os dois estavam no táxi em Nova York discutindo e o motorista falou pro Tom: “Senhor, seu amigo tem razão. Quem já ouviu falar nessa tal de Ipanema?” O Tom continuava irredutível falando que o título tinha que ser The girl from Ipanema de qualquer jeito, de tanto instistir Gimbel aceitou. Tom estava certo se os americanos não sabiam onde ficava Ipanema, logo eles saberiam.

O resto todo mundo já conhece, a música explodiu e o mundo inteiro soube onde ficava Ipanema, mas Tom nunca perdou Norman Gimbel, quando o apresentava a alguns músicos brasileiros o chamava de Norman Bengell, um trocadilho com a atriz e cantora Norma Bengell.

Mas a versão de inglês de Garota de Ipanema e de outras tantas do Tom Jobim, ficou bem inferior ao original, Tom sempre reclamou diso, tanto que anos depois cansado resolveu estudar mais a língua inglesa e fez suas próprias versões em inglês. Mesmo sendo inferiores ao original, as letras em inglês de músicas do Tom logo se tornaram um enorme sucesso entre os americanos, sendo regravadas por muitos cantores e cantoras.

Com o sucesso da Bossa Nova nos EUA, muitos músicos brasileiros passaram a ir para lá, como J. T. Meirelles, que em 1964, lança o disco O SOM, ao lado dos Copa 5, que seria considerado o surgimento do Samba-Jazz e faria um enorme sucesso nos EUA, as músicas do disco são: a expetacular Quintessência, Solitude, Blue Bottle's, Nordeste, Contemplação, Tânia, O novo som, Solo e Serelepe, também foi Sérgio Mendes, com um grupo que tinha Wanda Sá e Rosinha de Valença, também foi Walter Wanderley, que também faria um enorme sucesso nos EUA, com a versão instrumental de Samba de Verão. Além de nomes como Oscar Castro Neves, Eumir Deodato e Moacir Santos.

Em 1965, João Gilberto e Stan Getz lançam outro disco agora ao vivo no Carnegie Hall: GETZ / GILBERTO N.º 2, o disco começava com várias músicas americanas interpretadas por Stan Getz, sendo elas: Grandfather's waltz, Tonight I shall sleep with a smile on my face, Stan's blues e Here's that rainy day, e depois só música brasileira, interpretada pelo João Gilberto: Samba da Minha Terra e Rosa Morena, do Caymmi, Um abraço no Bonfá e Bim-Bom, do próprio João, Meditação e o Pato. O disco seria mais um grande sucesso e ganharia dois Grammys, fazendo que João Gilberto virasse disparado o músico brasileiro que mais ganhou Grammys. Apesar de ter sido uma parceria maravilhosa e feito um enorme sucesso, João Gilberto e Stan Getz se odiavam. Já que João Gilberto não sabia falar inglês, Tom Jobim acabou virando o intérprete. Uma vez, João Gilberto estava muito nervoso e falou pro Tom: "Fala pra esse gringo safado que ele é um filho da p., vagabundo", Stan Getz perguntou ao Tom o que o João tinha falado e o Tom, por não ser bobo falou: "Ele está falando que é uma grande honra está aqui com você", aí Stan Getz falou para o Tom: "Não é isso que está parecendo." Tanto se odiavam, que alguns anos depois Stan Getz acabaria tomando de João Gilberto a sua mulher Astrud Gilberto.

Também em 1965, Tom Jobim faria mais um disco maravilhoso: THE WONDERFUL WORLD OF ANTÔNIO CARLOS JOBIM, com a participação da orquestra de Nelson Riddle, no disco tinham as músicas: uma belíssima versão de Ela é Carioca, Água de Beber, a fenomenal Surfboard, uma música instrumental, só do Tom, Inútil Paisagem e Só tinha de ser com Você, do Tom e do Aloisio Oliveira, A Felicidade, uma rara versão com o Tom Jobim cantando, Bonita, uma música em inglês feita em parceria com Ray Gilbert, Favela, feita com o Vinícius, Valsa do Porto das Caxias, só do Tom, a belíssima gravação de Samba do Avião, só do Tom, uma verdadeira declaração de amor ao Rio de Janeiro, Por toda minha Vida, do Tom e do Vinícius e a bela Dindi, do Tom e do Aloisio de Oliveira.

No mesmo ano sai o disco BRAZILIAN MANCINI, de Jack Wilson, um pianista americano. O disco tinha a participação de um tal violonista chamado Tony Brazil, que muitos anos depois descobririam que esse violonista, não era ninguém menos do que Tom Jobim. Tom logo que chegou nos EUA teve um sério problema, pois os americanos tinham a imagem de brasileiro do "latin lover", o amante latino, e esse amante latino tinha que tocar violão. E ele foi obrigado a tocar violão, embora o violão estivesse longe de ser o seu primeiro instrumento. O disco era uma homenagem ao grande Henri Mancini, nele além de Tom, tem participação de Tião Neto e Chico Batera. Foi Tião que o chamou, mas Tom deixou claro que não poderia usar seu nome. O pseudônimo Tony Brazil foi uma idéia do próprio Tião Neto. O disco apesar de só ter músicas do Mancini tem um estilo bem Bossa Nova. As músicas desse raro disco são: Blue Satin, Days of wine and roses, Sally`s tomato, Sofly, Lujon, Mr. Lucky, Breakfas at Tiffany`s, Dear Heart e Night Flower. Não é um disco de interesse apenas histórico. É também um belo disco. Wilson, então com 29 anos, era um pianista respeitado na Costa Oeste americana e impressionou o próprio Tom por sua técnica. Praticamente não há solos de Tom, mas sente-se a leveza de seu dedo em vários arranjos.

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