sexta-feira, 4 de abril de 2008

6 - A Bossa Nova conquista a Europa - 2ª parte



2ª parte

Em 1986, foi à vez de João Gilberto, gravar seu LIVE IN MONTREUX, que foi um álbum duplo. As músicas dos discos são: Disco 1 - Tim tim por tim tim, Preconceito, Sem compromisso, Menino do rio, Retrato em branco e preto, Para que discutir com madame, Garota de Ipanema, Desafinado e O pato. Disco 2 - a maravilhosa Adeus América, Estate, Morena boca de ouro, uma gravação bem emocionante de A felicidade, Sandália de Prata e Aquarela do Brasil. Mais um disco espetacular na lista do João, mas quando o João foi ouvir o cd da versão brasileira pra esse disco achou uma vergonha, em comparação com a edição americana. Quando saiu em cd, só ficou um álbum simples.

Em 1989, saiu um LIVE IN MONTREUX duplo especial com o primeiro uma homenagem a Nesuhi, com vários nomes americanos e o segundo com vários nomes da música brasileira que participaram do festival de Montreux de 1979 até 1989. O primeiro disco foi TRIBUTE TO NESUHI, o segundo foi BRAZILIAN NIGTHS, as músicas desse segundo disco foram: Ponta de areia, com Milton Nascimento, Dindi, com a Gal Costa, Bilhete/Começar de novo, com Ivan Lins, Águas de Março, com Tom Jobim, Gota d`agua, com Chico Buarque, Chega de saudade, com João Gilberto, Miragem, com Djavan, Asa branca, com Elis Regina e Hermeto Pascoal, Choro, com Gilberto Gil, Tanto amar, com Ney Matogrosso, O corsário, com João Bosco, Saudade da Bahia/Sampa, com Caetano Veloso e Santa Clara clareou/Zazueira, com Jorge Ben.

Ainda assim a Bossa Nova passou a ser relegada ao segundo plano pela Europa até o final dos anos 80, quando saiu na Inglaterra o disco duplo: THE ESSENCIAL MARCOS VALLE, uma coletânea com os maiores sucessos de Marcos Valle. As músicas do disco são: Cd 1 - Mentira, Mustang Cor de Sangue, Malena, Pista 2, Não tem nada não, Não tem nada não (instrumental), Freio aerodinâmico, Próton Elétron Neutron, Viagem, Terra de Ninguém, Ele e ela, Vem, Samba de Verão e Democustico. Cd 2 - Os grilos, que acabou sendo a música dele que mais fez sucesso nas pistas européias, Tião branco forte, Previsão do tempo, Mentira Carioca, Seu encanto, Gente, Com mais de 30, Garra, Deus brasileiro, Amor de nada, Morte de um deus de sal, Wanda Vidal, Revolução Orgânica, Batucada surgiu e Azimuth. Com esse disco, vários DJs londrinos conheceram e se interessaram pela Bossa Nova, com isso houve uma corrida de vários DJs para o Brasil em busca de vinis raros de música brasileira dos anos 60 e 70, especialmente do Marcos Valle, da Joyce e do Walter Wanderley. Os ingleses viam ao Brasil pegaram os sebos dos vinis, aí os japoneses, que não são bobos transformavam em CDs que só existe no Japão e vendem a um preço muito alto. Com isso tudo mostra a falta de respeito com que a Bossa Nova é tratada no Brasil, sendo que as gravadoras jogavam fora os sebos, e como ela é respeitada no resto do mundo.

Tudo começou nos clubes de Jazz londrinos do circuito underground como o Wag e Dingwalls. A combinação do samba com o jazz parecia algo tão novo e excitante que logo surgia uma legião de admiradores do estilo.

Com isso, a Bossa Nova começou a fazer sucesso nas pistas de dança européias e surgiu, como que os ingleses chamaram a "New Bossa" ou "Drum`n Bossa". Na verdade a expressão “New Bossa” surgiu ainda na segunda metade dos anos 80, na Inglaterra onde vários nomes do pop inglês foram influenciados pela Bossa Nova como: Everithing but the girl, Stereolab, David Byrne e outros.

Enquanto Marcos Valle e Joyce faziam um grande sucesso na Inglaterra, aqui no Brasil estavam cada vez mais longe da mídia. No início dos anos 90, eles ganharam status de cult na cena jazz e dance e seus velhos álbuns brasileiros passavam de mão em mão por algumas centenas de libras. O show de Joyce no Fridge, em Londres, no inverno de 93, foi um marco. Numa noite fria e úmida do inverno inglês, dois mil jovens londrinos compareceram para ouvir o doce som da guitarra e da voz de Joyce. A Joyce até se assustou, porque no meio da platéia tinha gente de piercing na língua, de cabelo pintado de verde, entre outras coisas. Nesse mesmo ano a música Aldeia de Ogum da Joyce explode nas pistas de danças londrinas.

De fato, foi Joyce quem deixou Marcos a par do movimento. Ele lembra que: "Joyce me contou o que estava acontecendo com nossa música na Europa, em 93. Eu ouvia falar, mas nada sabia a respeito. Somente depois de fazer algumas apresentações no Jazz Café de Londres, em 96, comecei realmente a me dar conta. Isso me motivou a querer gravar novamente, voltar a trabalhar com minha música."

Em 1992, sai na Suíca, o disco LIVE IN SWITZERLAND, do Baden Powell, as músicas do disco são: Vento vadio, O astronauta, Valsa de Eurídice, Petite valse, Adelita, Jeux interdits, Astúrias, Chora violão, Naquele tempo, um medley com: Retrato brasileiro, A jangada voltou só, Cantiga de roda, Hino do Flamengo, Hino nacional brasileiro e Carinhoso, depois ainda tem: Jongo, Falseta, Coisa n.º 1 e Tributo ao nordeste/Asa branca.

Também em 1992, sai na Alemanha o disco THE FRANKFURT OPERA CONCERT, do Baden Powell. As músicas do disco são: Valsa de Eurídicie, Prelúdio, Asa branca, A lenda do Abaeté, Se todos fossem iguais a você, Samba triste, Petite valse, Imagens, Pescador, Valse n.º 1, Berceuse, Canto de Ossanha, Coisa n.º 1 e Marcha escocesa.

Em 1994, sai em Paris o disco DE RIO À PARIS, do mestre Baden Powell. As músicas desse disco são: Mesa redonda, Samba novo, Pra que chorar, Tributo ao professor Meira, Overture afro-brasileiras n.º 2, Vou deitar e rolar, Sermão, Asa delta, Sentimentos brasileiros, El dia que me queiras e Um carioca portenho.

No ano de 1994, Tom Jobim, em viagem a Londres, conheceu os produtores Béco Dranoff, Paul Heck e John Carlin, da Red Hot, uma organização inglesa, que arrecada fundos em benefício da AIDS. Eles acabaram acertando um projeto de se fazer um disco só de música brasileira, Tom imediatamente os encorajou a prosseguir, autorizando o uso de suas composições, antes de seu inesperado falecimento em dezembro de 94. Depois a Red Hot, procurou o feedback de vários artistas - brasileiros e internacionais - para confirmar o felling sobre a relevância atual da música brasileira. Surge então em 1996, o belíssimo disco RED HOT + RIO, que se tornou uma verdadeira colaboração onde os artistas escolheram as canções e recriam-nas nos mais variados estilos. O Cd foi criado como um tributo informal à beleza e à influência internacional da MPB, desde a Bossa Nova e ao Tropicalismo até hoje. As músicas do Cd são: Desafinado, cantado em português pela Astrud Gilberto, ex-mulher de João Gilberto e por George Michael (!), Corcovado, também cantada em português pelo grupo inglês Everithing but the girl, num clima bem inglês, o francês Cesária Évora, o brasileiro Caetano Veloso e o japonês Ryuichi Sakamoto arrasam em É preciso perdoar, o cantor Maxwell, canta a música em inglês Segurança, tem Águas de Março, cantada com trechos em português pela maravilhosa Marisa Monte e com trechos em inglês pelo David Byrne, numa das melhores gravações do disco, tem Water to drink, cantada por Incógnito e Anna Caram, numa versão funk, tem Gilberto Gil cantando em português e em inglês sua Refazenda, tem Money Mark tocando Use your head, tem PM Dawn, Flora Purim e Airto, cantando Non-fiction burning, a música mais inglesa do disco, tem os brasileiros do Funk`lata, detonando em Sambadrome, tem Crystal Waters, transformando The girl from Ipanema num "Samba-house", tem Mad Professor, tocando Black Orpheus Dub, tem os brasileiros Chico Sciense e a Nação Zumbi cantando a fenomenal Maracatu Atômico, com remix do DJ londrino Soul Slinger, com citação de Aquele abraço, do Gilberto Gil, tem o grupo inglês Stereolab e o americano Herbie Mann, num medley de One note samba/Surfboard, tem Milton Nascimento tocando sua Dancing, numa gravação que lembra muito Moacir Santos, um dos ídolos do Milton, tem o Tom Jobim e o Sting, na já antológica versão de How Insensitive e fechando um disco a belíssima e rara gravação de Preciso dizer que te amo, com o Cazuza e a Bebel Gilberto. Realmente é um Cd espetacular com o melhor da música brasileira com a música eletrônica.

Um ano antes, em 1995, surge a gravadora britânica Far Out Recordings, uma gravadora com a proposta de música brasileira, especialmente a Bossa Nova, e música eletrônica.

O primeiro disco dessa gravadora é FRIENDS FROM RIO VOLUME ONE, as músicas do Cd são: Batucada, com Mingo Araújo, Casa forte, com Edu Lobo, Para Lennon e MacCartney, com Lô Borges e Fernando Brant, Francisco Cat, com Célia Vaz, Maracatudo, Os Grilos, com Marcos Valle, Bebe, com Hermeto Pascoal, Batunk, com Paulo Meirelles e Aquelas coisas todas, com Toninho Horta.

No mesmo ano de 1995, sai o disco MISTURADA, com todas as músicas do disco anterior, mas com remixagens de vários DJs brasileiros e ingleses.

Um comentário:

Anônimo disse...

meu o texto esta O-T-I-M-O...