sábado, 3 de maio de 2008

7 - A Bossa Nova hoje - 3ª parte



3ª parte

O ano de 2001 foi marcado pela volta na mídia do samba-rock, que estava esquecido pela imprensa, mas resistia aos bailes de gafieira. Aparecem nomes como Paula Lima, Funk como le gusta, Seu Jorge e voltaram a tona nomes como Trio Mocotó e Bebeto. No mesmo ano acabou surgindo uma das piores coisas que apareceram na música brasileira em todos os tempos que foi o chamado funk carioca, que na verdade é uma dança que estimula o sexo com letras de duplo sentido aliado a batida eletrônica, completamente diferente do funk criado por James Brown, acabou virando uma febre entre os brasileiros, especialmente com o Bonde do Tigrão, que logo sumiu.

Também no ano de 2001, sai a belíssima coletânea THE MASTER COLLECTION – SÉRGIO MENDES, pela gravadora Universal em parceria com a rede Globo. Nesse estraordinário cd tem algum dos maiores sucessos do sensacional Sérgio Mendes, o rei da música do elevador e um dos maiores nomes da Bossa Nova em todos os tempos. As músicas desse cd são: a música que fez Sergio Mendes ser conhecido no mundo todo: o super clássico Mas que nada, do Jorge Ben Jor, depois tem a também clássica Night and Day, de Cole Porter, depois a também famosa The look of love, depois tem a bela Goin out of my head, depois tem Mascarade, depois tem a maravilhosa So many stars, do próprio Sérgio Mendes, depois tem What the world needs now is love, num clima bem hippie, falando em hippie tem o clássico With a little help from my friends, dos The Beatles, do disco YELLOW SUBMARINE, depois tem a bela e surpreendente Norwegian Wood, também dos Beatles, com vários toques latinos, depois tem Scarborough fair/Canticle, depois tem o clássico Day tripper, também dos Beatles, depois tem a maravilhosa Pretty World, versão em inglês do clássico Sá Marina, que ficou eternizada na voz de Wilson Simonal, depois tem Watch what happens, depois tem a também bela Look around e no final uma versão instrumental de Desafinado, ainda da fase que o Sérgio Mendes estava no Brasil e lançou o espetacular disco VOCÊ AINDA NÃO OUVIU NADA. Com isso finalmente o Brasil relembrou do inventor da Bossa Pop, o grande mestre Sergio Mendes, que ainda faz um enorme sucesso nos Eua e agora é idolatrado no Japão e na Europa.

Também o ano de 2001 foi marcado por vários lançamentos de Bossa Nova. Como por exemplo: BOSSA ENTRE AMIGOS, num disco ao vivo, reunindo Roberto Menescal, Wanda Sá e Marcos Valle, com a participação da cantora Patrícia Alvi. O disco na verdade tem vários clássicos com a maioria deles num arranjo meio fraquinho, mas o talento dos quatro se superou. O disco começa com a Wanda Sá e o Roberto Menescal, cantando alguns sucessos do Menescal, que são: Ah se eu pudesse, Telefone, Vagamente, um medley com O barquinho/Você, depois tem os dois começando a cantar Samba de verão, do Marcos Valle e ele continua a cantar, depois o Marcos Valle e a Patrícia Alvi cantam mais algumas músicas dele que são: a desconhecida Seu encanto, um medley com Ao amigo Tom e Preciso aprender a ser só e por último a sempre emocionante Viola enluarada, depois o disco continua com sucessos de outros compositores da Bossa Nova. O Marcos e a Patrícia cantam Você e eu, do Carlos Lyra e do Vinícius de Moraes, Este seu olhar, do Tom Jobim e A rã, do João Donato, a qual o Marcos conta uma história, que uma vez estava na casa do Lula Freire e o Tom vira para ele e diz: daqui a poquinho vai chegar meu professor, e o Marcos pensou: não é possível, esse cara tem professor? E aí quando ele chegou era o Donato e o Tom falou: esse é o João Donato, esse é meu professor, foi com ele que eu aprendi as coisas. Para se ter uma idéia de como João Donato foi importante. A Wanda Sá e o Menescal cantam: Rapaz de bem, do Johnny Alf, E nada mais, de Durval Ferreira e Lula Freire e Tem dó, do Baden e do Vinícius. No final os quatro cantam três músicas novas: Nova Bossa Nova, do Marcos Valle, Benção Bossa Nova, do Carlos Lyra e Roberto Menescal e a inédita Bossa entre amigos, do Marcos Valle e do Roberto Menescal. Essas três ultimas musicas acabam sendo as melhores do cd.

Também em 2001, sai o disco JOBINIANDO, de Ivan Lins homenageando Tom Jobim, com produção de Roberto Menescal. As músicas do disco são: um medley com Vivo sonhando e Triste, Acaso, do próprio Ivan, Inútil paisagem, Soberana rosa, também do Ivan, Samba do Avião, Bonita, Rio de Maio, também do Ivan, um medley com Este seu olharPromessas, cantando junto com a Cris Dellano, a bela Times after time, que ficou famosa na voz de Frank Sinatra, Caminhos cruzados, Eu sei que vou te amar, Dindi, a inédita Jobiniando, do Ivan com o Martinho da Vila e no final uma faixa bonûs com She walks this earth, a versão em inglês de Soberana rosa, numa faixa techno, remixada pelo Bossacucanova.

Também em 2001, sai finalmente ao Brasil em cd, o primeiro disco da Wanda Sá: VAGAMENTE, de 1964. O disco tem participação de dois monstros sagrados da Bossa Nova: Roberto Menescal e Eumir Deodato. As músicas do disco são: a desconhecida Adriana, do Roberto Menescal, E vem o sol, do Marcos Valle, Encontro, da própria Wanda Sá e do Nelson Motta, Só me fez bem, do Vinícius e do Edu Lobo, Mar azul, do Francis Hime, Também quem mandou, Tristeza de nós dois, Vivo sonhando, Sem mais adeus, Inúltil Paisagem, Tristeza de amar, do Geraldo Vandré, Vagamente e três faixas bonûs em inglês que são: Summer Samba, Quiet nigths of quiet stars e To say goodbye. Alías esse disco já tinha saído em cd no Japão há quase 10 anos e é um dos mais vendidos naquele país que adora tanto a Bossa Nova.

Ainda em 2001, pela Trama sai o disco COOL STEPS: DRUM`N`BASS GROVES, do Dj Patife, que mistura música brasileira, incluindo a Bossa Nova, com a batida eletrônica do Drum`n`Bass, famoso mundialmente com o também brasileiro Dj Marky. O cd na verdade é um verdadeiro celeiro de feras da música brasileira e inglesa, com vários artistas. As músicas do disco são: Touch of freedom, A go go, Revisited, a clássica Só tinha de ser com você, do Tom Jobim e do Aloisio de Oliveira, cantada brilhantemente pela então desconhecida cantora Fernanda Porto e remixada pelos mais famosos djs do Brasil: Dj Patife e o Dj Marky, depois tem Future`s call, The way I fell, Just a groove, Pure funk, a sensacional Grooves, ritmos, sons e vinhetas, do Jairzinho Oliveira, com a presença do próprio, a bela Esfera, Wishing Well, a bossa de Jam session, do Patife e do João Parahyba, do Trio Mocotó, Supergrass, 81 is the number e no final uma faixa bônus com a espetacular Sambassim, da Fernanda Porto, um samba rock com batidas eletrônicas, que foi a grande responsável pelo estouro do Patife pelas pistas européias, cantada pela própria Fernanda.

Ainda em 2001, chega ao Brasil, o maravilhoso disco do Bossacunova, que se chama BRASILIDADE. O cd tem a presença do Roberto Menescal, pai do Márcio, ele saiu em 2000 pela Crammed e no Brasil foi lançado pela Trama. No primeiro cd tinha apenas gravações de clássicos da Bossa Nova com batidas eletrônicas, sem ninguém tocar, já no segundo tem o Márcio Menescal tocando baixo, o Alexandre Moreira nos teclados, o Marcelinho Da Lua no scratch e o Roberto Menescal numa surpreendente guitarra elétrica, alías é ele e sua guitarra que é a melhor coisa do cd. As músicas do disco são: uma versão bem Soul Bossa Nova de Telefone, continuando no Soul Music tem Nanã, depois tem uma versão bem moderna e contagiante de Rio, com a voz de Cris Dellano, depois tem a inédita e mais surpreendente do disco Guanabara, num samba house de primeira, com o Menescal dando show na guitarra, depois tem uma versão bem hip hop de Água de beber, depois uma versão bem funk de Garota de Ipanema, cantada brilhantemente pelo Ed Motta, com todo seu suingue, depois tem uma versão bem blues da rara Morte de um deus de sal, com mais um show de Menescal na guitarra, a também inédita Brasilidade, começando num sample de Vinícius de Moraes falando de uma carta ao Tom e depois misturando música eletrônica, com tamborim, ganzá e triângulo, depois tem uma versão bem animada de Surfboard, uma versão esplendorosa de Nós e o mar, depois tem a continuação dela, a inédita Mais perto do mar, as duas com a Cris Dellano, com direito a sampler das ondas do mar nas duas músicas, realmente é emocionante, e no final uma versão bem hip hop de Bye bye Brasil, do Menescal com o Chico Buarque. O disco sem dúvida, é o melhor disco de Bossa Nova que saiu nos últimos anos e um dos melhores em todos os tempos, com um jeito meio samba soul jazz eletrônico.

Ainda em 2001, sai pela Farout Recordings, três grandes álbuns: o primeiro é BRAZILIAN LOVE AFFAIR VOL. 2, as músicas do disco são: Intro, Os escravos de Jó, com Friends from Rio 2, Ponteio, com Da Lata, Quem com quem, com Azimuth e Marcos Valle, Nas águas do Rio, com Célia Vaz, Times before, com Azimuth, Soberana, com Wilson das Neves, Quarup, com a Joyce, Mama Samba, com o Grupo Batuque, Freio aerodinâmico, com Marcos Valle, Amazon adventure, com o Azimuth, Canto de Libertação, com a Aricia Mess, Constelação, com Tutti Moreno e Dindi, com Victor Assis Brasil.

O segundo deles é o sensacional GAFIEIRA MODERNA, da Joyce. As músicas do disco são: o afrosamba Forças d`alma, que a Joyce dedica às forças da alma africanas no Brasil no século XX: Clementina de Jesus, Pixinguinha, Baden Powell e Moacir Santos, Na casa do Villa, uma homenagem clara ao mestre Heitor Villa-Lobos, relembrando quando Tom Jobim foi visitar o ídolo, ficou imprensionado como ele continua compor com tanto barulho em sua casa ao que o Villa respondeu: “meu filho, o ouvido de fora não tem nada ver como o ouvido de dentro”, Pega leve, onde ela fala da mistura da Bossa Nova com a música eletrônica, que ela chama de “gafieira moderna”, The band on the Wall, que é o nome de um clube de jazz na cidade inglesa de Manchester, a música saiu lá mesmo durante uma passagem de som, a feminista Samba da Sílvia, onde canta com a maravilhosa cantora Elza Soares, Bota de sete léguas, um samba-funk de primeira, a bela Risco, Diz que eu também fui por aí, que é dedicada ao mestre do samba Zé Kéti, a magnifica Azul Bahia, mais um dos brilhantes temas instrumentais que a Joyce fez ao longo da carreira e a maravilhosa Quatros elementos, com letra de Paulo Cesar Pinheiro. Todas as músicas desse ótimo cd são da Joyce e inéditas.

E o terceiro disco é o também sensacional ESCAPE, do Marcos Valle, as músicas do disco são: o sambinha maravilhoso de Escape, a sensacional Maria Mariana, a bossa manifesto de O indío e o Brasil, o contagiante samba-jazz Poweride, a bossa de Apaixonada por você, o R&B com letra em inglês Reality, a espetacular Online, que fala de amores pela internet, que tem a cara da Joyce, a sensacional Lost in Tokio Subway, Festeira, um samba com baião, bem ao estilo de Baden Powell e o funk de Fundo falso, todas as músicas do disco também são inéditas. O cd tem participação da cantora Patrícia Alvi e do grupo Azimuth.

Também em 2001, sai o sensacional disco OURO NEGRO, uma homenagem, mais que merecida, ao maestro Moacir Santos. O disco foi produzido por Mario Adnet e Zé Nogueira. O cd é um disco duplo e recria com maestria várias pérolas do maestro com a presença de grandes nomes da música brasileira. As músicas dos discos são: Disco 1 - a sempre contagiante Nanã, com o próprio Moacir Santos, Suck-cha, Coisa n.º 6, a bela Navegação, com o Milton Nascimento, Amphilious. Mãe Iracema, Coisa n.º1, Sou eu, com o Djavan, Bluishmen, Kathy, Kamba, Coisa n.º 9, Orfeu, com o Ed Motta e Amalgamation. Disco 2 - Evocative, Coisa n.º 2, Lamento astral, a belíssima Maracatu nação do amor, com o Gilberto Gil, Coisa n.º 4, Coisa n.º 10, Jequié, Oduduá, com o João Bosco, Coisa n.º 3, Amon, Quermesse, a expetacular De repente estou feliz, com o João Donato e a Joyce, Maracatucutê e Bodas de prata dourada, com a Muiza Adnet.

Ainda em 2001, sai o disco É LALÁ LAY-Ê, do João Donato, todas as músicas são inéditas e em parceria com seu irmão Lysias Ênio. João Donato canta em todas as faixas, as músicas do disco são: a bela Então que tal, Alguma coisa assim, Se você souber, Do jeito que sei, Vento no canavial, É lalá lay-ê, a sensacional Bateu pra trás, Sem legenda, Minha garotinha, Pelo avesso e Minha garotinha.

Também em 2001 sai o disco E QUERO QUE A CANÇÃO SEJA VOCÊ, da Leny Andrade numa belíssima homenagem ao grande compositor Ronaldo Boscoli. Nesse cd estão alguns de seus maiores sucessos, especialmente com o Roberto Menescal e o Carlos Lyra. As músicas do disco são: a inevitavél O barquinho, A volta, Rio, Vagamente, Se é tarde me perdoa, Saudade fez um samba, Fim de noite, Copacabana de sempre, Canção que morre no ar, Você e Telefone.

Ainda em 2001, sai nos EUA o belo disco LAKE OF PERSEVERANCE, do fenomenal Dom um Romão. O cd tem participação de Danilo Caymmi, Ithamara Koorax e Eumir Deodato. As músicas do disco são: Lake of perseverance, Blue bossa, Apache groove, House carnival, Sambão, Bit box, Tentação, Groovystation, Naima, Mas que nada, Eric`s stuff, Afro blue e The fisherman`s dream.

Também em 2001, sai nos EUA mais um disco de Ithamara Koorax, o espetacular SERENADE IN BLUE, o cd tem participação da banda Azimuth, de Cristina Braga e Dom um Romão. As músicas do disco são: Cristal, Um homme et une femme, Mas que nada, Serenade in blue, Moon river, Samba de verão, The shadow of your smile, Bonita, uma bela versão de Aquarela do Brasil, sendo que no fim a melodia deságua em Garota de Ipanema, Arranjuez, Dio come ti amo e Iluminada. Todos os arranjos do disco foram feitos por ninguém menos que Eumir Deodato.

Um comentário:

gutipoetry disse...

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