segunda-feira, 26 de maio de 2008

7 - A Bossa Nova hoje - 5ª parte





5ª parte

Chegamos ao ano de 2003, enquanto o Brasil continua tendo vários ídolos instântaneos, o mundo, especialmente a Europa e o Japão continuam consumindo o que a música brasileira tem melhor para se apresentar. O mundo, incluindo o Brasil, vive uma crise que parece sem fim no mercado fonográfico, culpa principalmente por que o povo está se cansando de se ouvir porcaria, por isso aqui no Brasil acontecem vários relançamentos em cds de discos a muito tempo fora do catálogo, um exemplo disso são os discos da Odeon, agora EMI, que são relançados graças ao baterista do Titãs, Charles Gavin.

Enquanto isso se continua a lançar discos de Bossa Nova no mundo todo, sendo bossa eletrônica, ou não.

Um dos discos que saíram foi à belíssima coleção: BOSSA NOVA LOUNGE, com três cds com o melhor da Bossa Nova, com um toque de lounge music. No primeiro cd tem: Remember, Só tinha de ser com você, Summer samba, Vivo sonhando, Tristeza vai embora, Lost in paradise, Coisa Nº 1, Você, Garota de Ipanema, Mas que nada, Know it all, Muito a vontade, Ela é carioca e Look to the sky. No segundo cd tem: Solo, Oba-lá-lá, Minha saudade, Água de beber, Corcovado, Moça flor, Tristeza de nós dois, Você e eu, Surfboard, Só danço samba, Ansiedade, Jucabobão, Samba de uma nota só e Samba do Avião. E no terceiro cd tem: Jodel, Dreamer, Desafinado, Anoiteceu, Menina flor, Ilusão à toa, Tânia, Noite só, Faithful brother, Coração vagabundo, Bonita, Slow motion bossa nova, Amor em paz, Catavento, Triste e Eu e o crepúsculo.

Em 2003, tem mais um disco espetacular Joyce, chamado BOSSA DUETS, lançado primeiramente no Japão e depois para os outros países. Onde a Joyce comemora seus 35 anos de carreira ao lado de alguns grandes nomes da música brasileira. As músicas desse disco espetacular são: a clássica Você e eu, com citação de Águas de Março, cantada brilhantemente pela Joyce e o Toninho Horta, a belíssima Lugar comum, onde a Joyce canta com o sempre sensacional João Donato, Receita de Samba, da Joyce e do Paulo Cesar Pinheiro, onde ela canta com a filha Ana Martins, que faz sucesso como cantora no Japão, Plexus, cantada ao lado do Johnny Alf com citação de Rapaz de bem, Yarabela, cantada ao lado do Toninho Horta, Criança, também da Joyce, cantada ao lado da Wanda Sá, o manifesto da new bossa London samba, uma música instrumental dela, onde toca ao lado do Toninho Horta, a maravilhosa O sapo, também com João Donato, a deliciosa Fã da Bahia, música da Joyce cantada ao lado da Wanda Sá com citação de Na baixa do sapateiro e Samba da benção, a também maravilhosa Céu e mar, com Johnny Alf e a expetacular E vamos lá, da Joyce e do João Donato, junto com os dois está Ana Martins, filha da Joyce. Sem sombra de dúvidas esse é o melhor cd que a Joyce, que é a maior cantora do Brasil na atualidade, lançou nos últimos anos. Ela está cantando e compondo cada vez melhor.

Também em 2003, tem um encontro memorável entre Marcos Valle e o argentino Victor Biglione, este encontro dos dois dá o espetacular disco LIVE IN MONTREAL, gravado ao vivo no Canadá, onde tem os maiores sucessos do Marcos e mais quatro músicas sensacionais de outros artistas. As músicas desse cd são a maravilhosa instrumental Azimuth, Preciso aprender a ser só, num clima bem jazzístico, a inevitável Samba de Verão, que já foi cantada até por Homer Simpson, a explendorosa Terra de ninguém, Gente, Minha voz virá do sol da América, a sempre espetacular Manhã de Carnaval, Frevo, do Egberto Gismonti, a maravilhosa Viola enluarada, Ao amigo Tom, a espetacular Os grilos, a música francesa What are you doing to rest up my life, Fé cega faca amolada, de Milton Nascimento, a também espetacular Mustang cor de sangue e no final a também maravilhosa Batucada surgiu.

Nesse ano de 2003, também sai o maravilhoso disco COPA BOSSA, pela gravadora Albatroz, que nada mais é do que o pessoal do Bossacucanova, mas que fizeram um disco com esse nome porque o pessoal da Crammed queria que saísse um disco igual à BRASILIDADE, mas o pessoal do Bossacucanova queria um disco igual ao primeiro disco, com vários sucessos da Bossa Nova remixados sem nenhum instrumento, aí acabaram chegando um acordo e lançaram esse disco no Brasil, com esse nome e vão lançar outro com o nome de Bossacucanova na Europa. As músicas desse disco são: Só tinha de ser com você, com Os Cariocas, com versão bem diferente da que ganhou o mundo na voz da Fernanda Porto e remixada pelo DJ Patife, a inevitavel Samba de verão, com o Marcos Valle, Canto de Osanha, com Leo Gandelmann, numa versão instrumental muito boa, a clássica A felicidade, com Cris Dellano, transformada num samba-house maravilhoso, a inédita e maravilhosa Copa, com Roberto Menescal e Wanda Sá, uma versão de arrepiar de Lobo bobo, com Carlos Lyra, Minha namorada, em versão instrumental, com Roberto Menescal, uma versão Lounge Music de Fotografia, com Cris Dellano, Você, com Leny Andrade, uma versão instrumental de Samba da benção, com Luis Carlos Vinhas, a bela música Our love is here to stay, composta pelos irmãos Gershwin com Cecilia Dale e no final a maravilhosa Na orelha do pandeiro, com Andrea Ciminelli, com direito a programação eletrônica do DJ Marcelinho da Lua.

Ainda em 2003, na Europa sai o belíssimo disco SAMPA NOVA, que é assim que os ingleses estão chamando esse movimento que saiu de São Paulo e está tomando o mundo, especialmente com os artistas da Trama. O cd é uma bela coletânea que tem as músicas: Sereia, cantada pelo falecido Suba, Desafio, pelo sempre criativo Tom Zé, Bob, a maravilhosa bossa psicodélica cantada pelo Otto e a Bebel Gilberto, Easy boom, pelo Drumagick, Catimbó, pela Cibelle, Do mote do doutor Charles Zambohead, da Nação Zumbi, The secrets of floating islands, do Dj Xerxes, a já clássica Sambassim, da Fernanda Porto, São Paulo fim do dia, com Jair Oliveira, O futuro pertence a jovem vanguarda, com Max de Castro, Tempo, com Bojo, Seja o que for, com Anvil FX, Bob, remixada por Edu K e Chamegá, cantada pelo Tom Zé.

Ainda em 2003, sai a belíssima coletânea A MÚSICA DE MARCOS VALLE E PAULO SÉRGIO VALLE, com as melhores músicas dessa dupla dinâmica, interpretadas por alguns dos melhores músicos da músia brasileira. As músicas do disco são: Samba de verão, cantada por Caetano Veloso, na já clássica gravação que foi tema da novela Laços de Família, uma interpretação antológica, que não podia deixar de ser, de Black is beautiful, cantada por ninguém menos que Elis Regina, a sempre emocionante Viola enluarada, interpretada por Jair Rodrigues, Capitão de indústria, cantada brilhantemente pelo Paralamas do Sucesso (!), Gente, cantada por Os Cariocas, O Cafona, cantada pelo MPB-4, Ao amigo Tom, pela Claudette Soares, o samba jazz Sonho de Maria, pelo Tamba Trio, Preciso aprender a ser só, pelo saudoso Tim Maia, a espetacular gravação de Terra de ninguém, cantada pela Elis Regina e Jair Rodrigues direto do Fino da Bossa, 26 anos de vida normal, cantada por Erasmo Carlos (!) num clima bem “samba jovem”, uma raríssima gravação instrumental de Seu encanto, tocada por Tom Jobim, Passa por mim, cantada pela sumida Márcia e no final uma interpretação fenomenal de Mustang cor de sangue, pelo Wilson Simonal.

Também em 2003, pela gravadora Universal, sai o maravilhoso disco PURE BRAZIL – THE GIRLS FROM IPANEMA, uma coletânea dupla só de maravilhosas cantoras brasileiras. As músicas dos discos são:

CD 1Dreamer, com Astrud Gilberto, Só tinha de ser com você, com a Elis Regina, Rapaz de bem, com Nara Leão, Vagamente, com Wanda Sá, Desafinado, com Gal Costa, Você e eu, com a Silvia Telles, Meditação, também com a Nara Leão, Alô alô taí Carmen Miranda, também com a Elis Regina, A rã, também com a Gal Costa, Tristeza de nós dois, também com a Wanda Sá, Olhou para mim, Samba da pergunta, com a Márcia, Lugar comum, com a Miúcha e Once I loved, também com a Astrud Gilberto.

CD 2So nice, com a Bebel Gilberto, um medley de Que maravilha, Chove chuva e Mas que nada, com a Leila Pinheiro, Monsieur Binot, com a Joyce, Lá vem a baiana, com Jussara Freire, Capim, com Zizi Possi, Garota de Ipanema, com Marina Lima, Na cadência do samba, com Cássia Eller, Na hora da sede, com Zélia Duncan, Meu guarda chuva, com Paula Lima, Fotografia, com Marilia Gabriela, Me liga, com Patricia Marx, Quando você me olha, Luciana Mello, Coisas do Brasil, também com Leila Pinheiro e Tanto tempo, com a Bebel Gilberto.

O que de melhor aconteceu neste ano de 2003, sem sombra de dúvidas foi o surgimento de uma cantora espetacular, que fez com que muitas pessoas se emocionassem: a maravilhosa Maria Rita Mariano, ela é filha do grande César Camargo Mariano e da inesquecível Elis Regina, além de se parecer muito fisicamente com a mãe, ela canta igualzinho, foi uma prova sensacional que aqui no Brasil ainda pode ser comercial e ter um enorme talento. O primeiro disco dela saiu pela gravadora major Warner Music, com um marketing bem forte da Rede Globo, essa mistura de enorme talento com um grande marketing, fez com que o disco dela vendesse quase 800 mil cópias.

Outra coisa maravilhosa de 2003 foi o disco do rapper Marcelo D2, com uma mistura sensacional de Rap com Samba e Bosssa Nova. Este disco se chamou A PROCURA DA BATIDA PERFEITA, e teve participação de gente do naipe de Dom Salvador e do mestre João Donato, o disco todo é uma maravilha, as músicas desse cd são: Pra prosteridade, A procura da batida perfeita, Vai vendo, o afrosamba de A maldição do samba, Profissão MC, CB sangue bom, Batidas e levadas, Lodeando, com seu filho Sthefan, Pilotando o bonde da excursão, Re-batucada e a sensacional Qual é, que ganhou o VMB, da MTV como melhor clipe do ano.

Também em 2003, apareceu o maravilhoso grupo Kaleidoscópio, mais um que investe na mistura de mpb com eletrônica que está dominando o mundo. Eles fizeram o belíssimo disco TEM QUE VALER. O grupo é um duo formado por Ramilson Maia nas picapes e a voz espetacular de Janaina Lima. As músicas desse disco são: Você me apareceu, a maravilhosa Tem que valer, que logo virou sucessso nacional, a clássica Madalena, do Ivan Lins, Meu sonho, Chega mais perto, a também clássica Flor de lís, do Djavan, Chuva, a clássica e sempre espetacular Tarde em Itapuã, do Toquinho e do Vinícius, Feliz de novo, Tô que tô, Lua, Frevo mulher, Paro para pensar, Tudo passa, Aqui e uma versão lounge de Tem que valer. Pena que o grupo só durou nesse disco.

Também em 2003, lá na Europa sai o sensacional disco CHILL BRAZIL 2, pela gravadora Warner Music, aproveitando o sucesso estrondoso do primeiro disco, no qual as músicas foram escolhidas pelo Marcos Valle. Já neste segundo disco, também duplo, as músicas foram escolhidas pela legendária Joyce.

As músicas desse disco são:

Cd 1 - Demorô, uma belíssima música inédita da Joyce, She`s a Carioca, com Tom Jobim, Triste, com João Gilberto, Ana Maria, com Milton Nascimento, Encontro das águas, com Jorge Vercilo, Tudo por acaso, com Tânia Maia, Mas não dá, com Sônia Rosa, Up up and away, com Osmar Milito, O lugar do nosso amor, com Gilberto Gil, Sidarta, com Johnny Alf, Tamborim, cuíca, ganzá, berimbau, com Azimuth, Balanço zona sul, com Conjunto Som 4, Os grilos, com Marcos Valle, Mas que nada, com Zé Maria, Arrastão, com Zezinho, Bebete vão bora, com Pedroti, Sem complicação, com Ramatis, Algo sobre nós, com Tutti Moreno e Drum`n"bossa, com Insul.

Cd 2 - So Nice, com Bebel Gilberto, Samba De Uma Nota Só, com Tom Jobim, ´S Wonderful, com João Gilberto, Febril, com Gilberto Gil, Tem Que Valer (Eletro Bossa), com Kaleidoscópio, Minha Namorada, com Conjunto Som 4, Quem Te Viu, Quem Te Vê, com Sonia Rosa, Summer, com Os Camponêses, Céu Lilás, com Ramati, Raios Da Manhã, com Jorge Vercilo, Quem Vai Dizer Tchau?, com Tania Maya, Não Vá Ainda, com Zélia Duncan, Beleza E Canção, com Milton Nascimento, Maracatu Atômico, com Osmar Milito, Samba Do Avião, com Zé Maria,
Batucada, com Marcos Valle, Suite Norte, Sul, Leste, Oeste, com Hermeto Pascoal, Outro Lado, com Zuco 103 e Macumbalada, com Samba do Morro.

Também em 2003, pela Farout Recordings sai a coletânea BRAZILIAN LOVE AFFAIR 4, com o 4º volume dessa série maravilhosa. As músicas do cd são: E o meu amor vi passar, com a Patricia Marx e João Parahyba, Papa, com Azimuth e Sabrina Malheiros, Na batida do agogô, com Grupo Batuque, Falso amor, com Jair Oliveira, Todos os santos, com a Joyce, A sereia, com Democustico, Beleza não vai embora, com Orlan Divo, Fibra, com Paulo Moura, Escape, com Marcos Valle, Nature Plans, com Ed Motta e remix do 4 Hero, Rede de espera, com Azimuth, Os óculos escuros de Cartola, com Max de Castro, Preguiciman, com Mamond e Vera cruz, com Vox Populli.

Ainda em 2003, sai o explendoroso disco duplo JOBIM SINFÔNICO, pela gravadora Biscoito Fino, com as músicas de Tom Jobim, interpretadas pela Orquestra Sinfônica de São Paulo. Este projeto foi idealizado pelo Mario Adnet e pelo Paulo Jobim, filho do Tom. Todos os arranjos originais foram mantidos, na medida do possível.

No primeiro cd tem as músicas: O planalto deserto, O homem, A chegada dos candangos, O trabalho e a construção, estas quatros músicas fazem parte da Sinfonia da Alvorada, a inédita Prelúdio, a maravilhosa Overture do Orfeu da Conceição, a quase inédita Macumba, Modinha, a clássica Se todos fossem iguais a você, cantada pelo Milton Nascimento, a também clássica A felicidade, a também inédita Lenda, que Tom fez para seu pai e Imagina.

No segundo cd tem as músicas: Saudade do Brasil, Matita Perê, também cantada pelo Milton Nascimento, Canta canta mais, Trem para Cordisburgo, Chora coração, Milagre e palhaços, O jardim abandonado, essas quatro últimas da Crônica da casa assassinada, a raríssima Bangzália, cujos arranjos originas feitos pelo Dori Caymmi foram perdidos não se sabe se foi pelo Tempo ou pelo Vento, Meu amigo Radamés, Gabriela e a inevitável Garota de Ipanema, com arranjos mais do que espetaculares de Eumir Deodato.

No mesmo ano sai pela gravadora Som Livre o expetacular disco VINÍCIUS 90 ANOS, pra comemorar os 90 anos do nascimento do poetinha Vinícius de Moraes. O disco é uma coletânea dupla que foi produzido por ninguém menos que Gilda Mattoso, última mulher de Vinícius. O disco vem acompanhado de um livro com as letras das músicas, vários depoimentos e várias fotos sobre o Vinícius. As músicas desse histórico cd são:

CD 1 – Onde anda você, com Vinícius cantando e Toquinho no violão, tem o poema O haver, com o próprio Vinícius declamando acompanhado por Edu Lobo no violão, depois tem a sempre emocionante Marcha da quarta-feira de cinzas, cantada pelo Toquinho e pelo Vinícius, depois tem um Depoimento de Chico Buarque sobre Vinícius de Moraes, depois tem a eterna Tarde em Itapuã, cantada pelo Toquinho e Vinícius, depois tem o poema A um passarinho, declamado pela Luciana de Moraes, filha do Vinícius, depois tem Garota de Ipanema, com Tom e Vinícius do álbum ao vivo que eles fizeram no Canecão em 77, depois tem o Depoimento de Calazans Neto, também relembrando Vinícius, depois tem o afrosamba Samba da Benção, com o próprio Vinícius de Moraes cantando e se declarando “o branco mais preto do Brasil”, depois tem o Depoimento de Tom Jobim, relembrando sua parceria e amizade com Vinícius, depois tem Cotidiano n.º 2, com Toquinho e Vinícius, depois tem o Depoimento de Carlos Drummond de Andrade, também se lembrando o Vinícius e no final tem a rara Gilda, do Vinícius e do Toquinho, que acabou sendo a última gravação que Vinícius fez, sendo uma homenagem a Gilda Mattoso.

CD2 – Tem o clássico Pela luz dos olhos teus, cantada pelo Tom e pela Miúcha, depois tem O que tinha de ser, cantada pela Maria Bethânia, depois tem a também clássica Insensatez, cantada pela Alaíde Costa, depois tem a também clássica A felicidade, cantada pelo Agostinho dos Santos, depois tem Água de beber, cantada pela Mayza, depois tem Samba em prelúdio, cantada pelo Geraldo Vandré e pela Ana Lúcia, depois tem a bela Como dizia o poeta com Toquinho, Vinícius e Maria Medalha, depois tem uma raridade, Vinícius cantando uma música em inglês com Toquinho no violão: Nature Boy, de Éden e Ahbez, que Vinícius falou que viu nascer em Los Angeles, depois têm Dora, música de Dorival Caymmi, cantada pelo Toquinho e pelo Vinícius, depois tem Janúaria, do Chico Buarque, também cantada pelo Toquinho e Vinícius, depois tem Toquinho e Vinícius cantando a maravilhosa Tristeza, uma clássica Marchinha de carnaval feita pelo Haroldo Lobo e o Miltinho e no final tem um encontro maravilhoso de Toquinho, Vinícius e o sambista Cyro Monteiro cantando o samba Você errou, do mestre Cyro Monteiro.

Também no mesmo ano saiu outro disco pra homenagear os 90 anos do nascimento do grande Vinícius de Moraes: o belo MIÚCHA CANTA VINÍCIUS & VINÍCIUS MÚSICA E LETRA, pela gravadora Biscoito Fino. Festa, sinônimo de bebida, belisquetes, boa conversa e boa música, era com Vinicius de Moraes. O endereço da farra foi sempre o próprio poeta, que, onde baixava, tratava de descontrair o ambiente apenas para deixá-lo mais à sua feição. A cantora Miúcha acompanhou o fenômeno de perto. Cresceu ouvindo e vendo Vinicius, a cada visita, alegrando a casa dos pais dela, Maria Amélia e Sérgio Buarque de Hollanda. Com o amigo do pai aprendeu a tocar violão – agradecida, deu ao seu instrumento o nome de Vinicius. Definitivamente fisgada pela música, Miúcha viria a fazer, em 1977, com Vinicius, Toquinho e Tom Jobim, um show histórico que botou gente pelo ladrão no Canecão antes de ganhar a Europa. Essas e outras boas lembranças e lições do Poetinha, além de 14 músicas dele, duas inéditas, estão concentradas neste CD maravilhoso. As músicas do disco são: Tomara abre o disco com Miúcha e a filha Bebel Gilberto dividindo os vocais. Em torno das duas, os sopros suaves, o violão de João Lyra, a bateria de Carlos Bala à moda do tempo de Beco das Garrafas, sem nenhum ranço de nostalgia.. Mais grave, a segunda faixa do disco, Ai Quem me Dera, de que Miúcha dá conta sozinha, ganhou arranjos de violino. O tom, romântico e sem a afobação dos dias de hoje, continua com Saudades do Brasil em Portugal. Mais tranqüila, mas não menos emocionante, foi a gravação de Medo de Amar, que Miúcha divide com o irmão Chico Buarque. A emoção, afinal se está tratando aqui do poeta do amor, é mais contida em Serenata do Adeus, que Miúcha divide apenas com Leandro Braga ao piano. Brilhou aqui o esquema olhos nos olhos, com a cantora acompanhada por um instrumentista e arranjador que sabe o que faz, sem, por isso, esquecer do sentimento. A receita funcionou também em Valsa de Eurídice, que Miúcha gravou mais uma vez olhos nos olhos, acompanhada pelo violão surpreendentemente contido e reverente, do prodígio gaúcho Yamandú Costa, o disco também tem Teleco Teco, que o poeta compôs pensando no balanço de Ciro Monteiro, traz Miúcha se divertindo ao lado de Zeca Pagodinho, herdeiro legítimo da linhagem de Ciro e Jorge Veiga. A grande surpresa é Georgiana, canção inédita que Vinicius fez para o nascimento da filha. Os versos divertidos, em inglês, ganharam acento country com a gaita de Milton Guedes e os violões de João Lyra, também tem Tempo Será, a canção seguinte o Brasil andou ouvindo por meses a fio, na hora da novela Mulheres Apaixonadas, mas, mérito de Vinicius, é o tipo da música à prova do tempo e das repetições. A deliciosa e conhecidíssima Pela Luz dos Olhos Teus é repartida por Miúcha e Daniel Jobim, neto do maestro Tom, com quem ela gravou a canção em seu primeiro disco, de 1977. Miúcha e Daniel registraram a canção nos mesmos estúdio e piano e com o mesmo técnico de gravação, o veterano Mario Jorge, que deram à luz a versão dela e de Tom Jobim. Você vai ouvir, ainda, a paixão rasgada de Encontro à Tarde, o encontro de Miúcha e Toquinho, o mais terno dos parceiros do poeta, em Canção de Nós Dois e a finíssima Cem por Cento, o bota-fora fica por conta do frevo Quem For Mulher que me Siga, a outra inédita do disco, que a cantora Cyva, do Quarteto em Cy, encontrou gravada em fita cassete pelo próprio Vinicius.

Também em 2003, sai a maravilhosa coletânea JOYCE – ESSENTIAL BRAZIL, com alguns clássicos da extraordinária cantora e compositora Joyce até o início da década de 90. As músicas desse disco são: a maravilhosa Clareana, a espetacular Feminina, a neo-hippie Monsieur Binout, Nada será como antes, de Milton Nascimento, Eternamente grávida, Muito prazer, Deixa, a maravilhosa O chinês e a bicicleta, Moreno, Banana, Mistérios, a eterna Wave, de Tom Jobim, Duas ou três coisas, com Ney Matogrosso, Tiro cruzado, Apesar de tudo e Capitão, dividindo os vocais com ninguém menos que Chico Buarque.

No final de 2003, pela Trama sai o maravilhoso cd TRAMA D&B SESSIONS, dos djs Patife e Mad Zoo. Eles deram um "upgrade" em algumas grandes músicas da Trama e o álbum ficou muito bom, apesar de parecer daqueles discos para se fazer caixa, mas se há por aí muitos discos bem piores que fazem sucesso e vendem bem, porque não fazer esse disco, só com ótimas músicas? As músicas desse disco são: Esfera, com a Rosy Aragão, Tudo de bom, sucesso da Fernanda Porto, que ficou ainda melhor que a original, Flor do futuro, com Claúdio Zoli, Todas as letras (sou teu nego), com Jair Oliveira, Mais um lamento, com Wilson Simoninha, a já bem combalida Noite do prazer, com Cláudio Zoli, Sem pensar, com Patricia Marx, a também já combalida Sambassim, com a Fernanda Porto, Vem ficar comigo, do Silvera, a maravilhosa música Amor errado, também com a Fernanda Porto e Demais pra esquecer, com a Patricia Marx.

No final de 2003, também sai o belíssimo disco TRANQUILO, o primeiro disco solo do Dj Marcelinho da Lua, do Bossacucanova. Convidado por Rafael Ramos, ele entrou no estúdio da Deckdisc e tirou tudo das mãos, ombros e cabeça. Só pra ver no que dava. Deu em TRANQUILO, seu primeiro disco solo. Um disco de DJ, que é bom para ouvir em casa também. Um disco de produtor, que faz bonito nas pistas de dança também. E assim nasceu TRANQUILO, um disco sem muito bla bla blá, como diz o título da música que abre os trabalhos, Sem bla bla blá tirado de um sampler de (empostar a voz, por favor) Alberto Roberto, o inesquecível personagem criado por Chico Anysio. A guitarra é cortesia de Pedro Sá. Outros personagens reais também bateram ponto no estúdio da Deckdisc. Seu Jorge botou a voz na versão drum and bass de Cotidiano, de Chico Buarque, que teve também participação do maestro Luiz Cláudio Ramos no violão, que acabou sendo a faixa do disco que fez mais sucesso, aqui no Brasil e na Europa. Bi Ribeiro (ele mesmo, do Paralamas) e Gustavo Black Alien (ex-Planet Hemp) fizeram a festa em Tranquilo, um cruzamento natural entre reggae e jungle/drum and bass. Mart´nália tocou pandeiro e cantou a clássica Refazenda, de Gilberto Gil. Roberto Menescal escreveu, arranjou e deu cores especiais a Pro Marcelinho tocar. Lembranças da viagem à Dinamarca geraram a música Cristiania´71, com a voz de Helen Calaça. A rappeira cubana Telmary Diaz, em turnê pelo Brasil com o grupo Rapeiros de Cuba, foi capturada e levada ao estúdio, onde gravou Que cosa fuera, com arquitetura musical assinada por Mauro Berman (ex-baixista do grupo carioca Coma). Gabriel Muzak emprestou a voz para a boemia reggae de Jornada (cuja letra faz uma sutil referência à trajetória dos integrantes do Dubom). João Donato deu o toque, e que toque, de latinidade a Lá fora. Que é uma mistura maravilhosa de dub e reggae. Sem dúvida nenhuma é melhor faixa do disco. Já o toque ecológico ficou por conta de letra de Da Lua. Repare só. Palafita sunrise virou uma espécie de samba dub, com metais sampleados e a lembrança do seminal grupo inglês The Specials surgindo no meio da fumaça. Saudade teve vocais de Gabriela Geluda e tablas do percussionista Siri. E, por fim, há o doce no final do arco íris: o balanço suave de Não pode fazer barulho, com discurso em favor do silêncio, em francês, feito pela musa de longa data, Nina Schipper. Aos poucos, o pitch vai sendo desacelerado e, num simbólico apagar das luzes, após tirar suas idéias legais, malucas, engraçadas e impossíveis das mãos, ombros e cabeça, Da Lua simplesmente sussurra: “Valeu brou, até mais.” Com esse disco Marcelinho da Lua, conseguiu o que muita gente não acreditava, conseguiu fazer com que o Roberto Menescal composse uma house e fez o João Donato tocar um Dub, uma deliciosa loucura.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante !!
Adorei ;)
Só vim fazer uma pesquisa da escola e acabei me encantando com a matéria !!
Todos estão de parabéns!
Gostei mesmo [...]
Fica com Deus e : "Chega de saudades"
:)