sexta-feira, 16 de maio de 2008

7 - A Bossa Nova hoje - 4ª parte








4ª parte

Estamos no ano de 2002, o ano que a Bossa Nova comemora os 40 anos do histórico show no Carnegie Hall, em Nova York. A boa música brasileira continua fazendo enorme sucesso especialmente na Europa e Japão. Aqui no Brasil o chamado funk carioca que andava em baixa, voltou, graças ao Mc Serginho e a Lacraia, uma das coisas mais ridículas que apareceu no Brasil em todos os tempos. Também aqui no Brasil surgem outros fenômenos passageiros como Kelly Key e o Rouge, mas no meio disso tudo apareceram bons nomes como de Jorge Vercilio e o maior fenômeno da música brasileira daquele ano: Os Tribalistas, grupo formado pela Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Bown, que acaba virando uma mania nacional. No quesito de Bossa Nova, foi outro ano de vários discos sensacionais feitos no mundo todo.

Um deles é a belíssima coletânea dupla A ONDA QUE SE ERGUEU NO MAR, organizada pelo fenomenal escritor Ruy Castro, que escreveu um livro de mesmo nome.

As músicas do disco são:

Disco 1 - Wave, com Os Cariocas, Two Kites, com Mario Adnet, Jangal, com Dom um Romão, Eu gosto mais do Rio, com Nara Leão, Domingo azul, com Billy Blanco, Esse seu olhar/Só em teus braços, com a Sílvia Telles e Lúcio Alves, Tem dó, com Rio 65 Trio, Tristeza de nós dois, com Emílio Santiago, E nada mais, com Os gatos, Ela é carioca, com Quarteto Jobim Morelembaun, Danielle, com o Tamba Trio, Astronauta, com Cyro Monteiro, Surfboard, com Roberto Menescal e Canção que morre no ar, com a Sílvia Telles.

Disco 2 - Os grilos, com o Marcos Valle, Captain bacardi, com Tom Jobim, Você, com Dick Farney e a Norma Bengel, Pois é, com a Nara Leão, Lindúria, com o Ed Motta, Que besteira, com João Donato, Tema para quatro, com Os cariocas, Tim Dom Dom, com Jorge Ben, Aquarela do Brasil, com a Ithamara Koorax e o Eumir Deodato, Coisa nº 8, com Moacir Santos, Ledusha com diamantes, com Ronaldo Bastos e Celso Fonseca, Maria ninguém, com Brigitte Bardot(!), Samba de verão, com o Marcos Valle e a Patrícia Marx e Bananeira, com a Bebel Gilberto.

Na contracapa do cd Ruy Castro diz:

A Bossa Nova dá, de novo, à praia

Vou te contar: a onda que se ergueu no mar foi a Bossa Nova. Das areias de Ipanema e das águas de Cabo Frio, a música que, por volta de 1958, um punhado de rapazes e moças estava fazendo por amor, chegou às pequenas boates de Copacabana. E ali, ao Brasil, a Nova York e ao mundo. Até 1967, essa música foi adotada por uma infinade de artistas – de Brigitte Bardot a Frank Sinatra – influenciou o jazz e a música internacional e definiu o gosto e o caráter de uma geração. Era inevitável que, um dia, intérpretes e autores como João Gilberto, Vinícius de Moraes, Carlos Lyra, Robetrto Menescal, Sylvia Telles, Nara Leão, Os Cariocas, o Tamba Trio, Baden Powell, Marcos Valle e João Donato tivessem de sair mais cedo da praia e tomar um avião. O planeta os solicitava. Mas vários fatores, inclusive extramusicais, fizeram com que, nos anos 70 e 80, o processo fosse interrompido e a Bossa Nova, quase silenciada. Não foram as décadas mais melodiosas do século, foram? Durante esse longo hiato, no entanto, um homem nunca acreditou que a Bossa Nova tivesse chegado ao fim do caminho: Antônio Carlos Jobim. Seu legado e o de seus colegas era rico demais para que a música abrisse mão dele. Tom continuou trabalhando e evoliundo – usando a Bossa Nova original como plataforma rítmica para a exploração de novos universos melódicos e harmônicos. Por causa dele, pode-se dizer que a Bossa Nova, de fato, nunca morreu. Hoje já não contamos com Tom, mas o processo foi retomado. Discos há muito esquecidos voltam a circular; os jovens descobrem, encantados, inúmeras canções que fazem juz à sua inteligência; velhos artistas gravam novos discos: e novos artistas surgem por toda parte, refundindo a Bossa Nova em padrões contemporâneos: Bebel Gilberto, Celso Fonseca, Mario Adnet, Ithamara Koorax, o Quarteto Jobim-Morekenbaum e, mais jovem do que nunca, João Donato. Todos eles, de ontem e de hoje, estão representados neste CD duplo – até mesmo Brigitte! Como as ondas, a Bossa Nova dá, de novo, à praia.

Com esse livro Ruy Castro fez uma continução do espetacular Chega de saudade, de 1990. É uma prova que a Bossa continua cada vez mais nova. Nesse livro ele conta as andanças de Tom Jobim pelo mundo, defendendo a ecologia e finalmente sendo reconhecido no Brasil, a nem sempre amistosa relação da musica brasileira com a americana, o verão de Brigitte Bardot no Brasil regado de Bossa Nova, a trágica história de Orlando Silva, as diferenças e as semelhanças de Dick Farney e Lúcio Alves, incrível desaparecimento de Tenório Jr, o fim e o retorno do Samba Jazz, as incríveis histórias de Johnny Alf e João Donato, os últimos momentos de Nara Leão e no final um perfil do João Gilberto em 1990 e em 2001. Realmente um livro imperdível.

Também em 2002, só que no Rio de Janeiro, sai o belíssimo disco CASA, de Jacques e a Paula Morelenbaun e o japonês Sakamoto, este disco foi feito na casa de Tom Jobim e é mais uma homenagem maravilhosa ao maestro, o cd tem participação de Paulo Jobim e Ed Motta. As músicas desse disco são: As praias desertas, O amor em paz, Vivo sonhando, Inútil paisagem, Sabiá, a raríssima Chanson pour Michelle, Bonita, Fotografia, Imagina, Estrada branca, O grande amor, Canção em modo menor, Tema para Ana, Derradeira Primavera, Esperança perdida, Sem você, Samba do avião e Improvisation, do Sakamoto e do Jacques Morenbaun.

Pela Europa, continua a sair discos de música brasileira. O primeiro deles é a coletânea BRAZILIAN LOVE AFFAIR VOL. 3, com vários artistas. As músicas do disco são: Retratista, com Otto, Água, com Nina Miranda e Cris Dellano, Icaraí, com Os Ipanemas e Jorge Helder, Pra você lembrar, com Max de Castro, Disritmia, com Jairzinho Oliveira, Las luces del norte, com Los Ladrones, Laranjeiras, com Azimuth, Calados, com Luciana Mello, Samba de Sílvia, com Joyce e Elza Soares, Olha aí, com Jairzinho Oliveira, A nova estrela, com Gogo, Aquele gol, com Wilson Simoninha, Taruma, com Grupo Batuque, Escravos de Jó, com Célia Vaz e Da Lata e Dig It, com João Parahyba.

O segundo deles é PARTIDO NOVO, o novo disco do Azimuth. As músicas desse cd são: Em Marica, Partido novo, Tempo clássico, Rede de espera, Nome dele é Joan, Meu amigo, Duro de roer, Livre como um pássaro, Saudade do doutor, Questão de ética e Algodão doce.

O terceiro deles é a coletânea OFF THE SELF, com vários artistas. As músicas desse cd são: Khameleon, com Difusion, Colours, com Big Band, Brazil, com Democustico, Ponteio, com Da Lata, Elevator, com Flytronix, Smile, com 4 Hero, Strike hard, com Trouble man, Eyile, com Salidor, Faca de conta, com Azimuth, Banzo theme, com Banzo, Second future, com Difusion e Carambola, com Azimuth.

Também na Europa, só que pela Crammed, sai o sensacional disco JUVENTUDE/SLOW MOTION BOSSA NOVA, de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, que se juntaram para fazer um belíssimo disco no melhor estilo "bossa lounge". As músicas do disco são: a belíssima Samba é tudo, a maravilhosa Satélite bar, O que restou do nosso amor, versão em português do clássico Que Reste-t-il de nos Amours, que já foi gravada pelo João Gilberto, a explendorosa Slow motion Bossa Nova, Valeu, a bela Ledusha com diamantes, A voz do coração, Dylan em Madrid, Feito pra você, Miles ahead of time, O sorriso de Angkor, Meu carnaval, a belísissima La piu bella del mundo, com citação de A voz do morro clássico do Zé Kéti, e no final Juventude. Um disco sensacional, que fez com que Slow motion Bossa Nova virasse um clássico e criou polêmica com Max de Castro e com o pessoal da Trama por causa de um trecho da música Samba é tudo, onde fala que samba raro é um samba sem valor.

Nesse mesmo ano, também pela Crammed sai a belíssima coletânea THE NOW SOUND OF BRAZIL, com o melhor da música brasileira atual, na visão deles. As músicas desse belo cd são: Tantos desejos, do falecido Suba, remixada pela Nicola Conte, a belíssima Influência do Jazz, com o Bossacucanova remixando o canto de Carlos Lyra, depois tem Tanto Tempo, da mundialmente famosa Bebel Gilberto, remixada pelo Peter Kruder, depois tem Outro lado, da banda holandesa Zuco 103, remixada pelo Charles Webster, depois tem Segredo, também cantada pelo Suba, depois tem a extraordinária Guanabara, com Bossacucanova e Roberto Menescal, depois Dia de Yemanjá, com a maravilhosa cantora Cibelle, depois tem Bom sinal, com o grande Celso Fonseca, depois tem a já clássica Sem contenção, da sensacional Bebel Gilberto, depois tem Cosa nostra, com Erlon Chaves, remixada pelo Raw Deal, depois tem Treasure, também com Zuco 103 e no final tem Os orixás, com o maravilhoso Trio Mocotó.

Mas o maior fenômeno da Bossa Nova, que foi lançado em 2002, foi o disco CHILL:BRAZIL, lançado pela gravadora Warner Music, com as músicas do disco produzidas e escolhidas pelo Marcos Valle. Esse disco acabou se tornando o maior sucesso de discos vendidos pela essa nova Bossa Nova, ultrapassando a marca de 700 mil discos em todo o mundo. O cd é um disco duplo onde tem várias versões de música brasileira com um toque de lounge music. As músicas desse disco são:

Cd 1- Guanabara, música inédita do Marcos Valle, Mas que nada, com Milton Nascimento, Vôo sobre o horizonte, com Azimuth, A paz, com Gilberto Gil, Wave, com João Gilberto, Água de Beber, com Tom Jobim, Samba da benção, com Bebel Gilberto, Pode parar, com Jorge Vercilio, Menino do Rio, com Baby Consuelo, Ando meio desligado, com Ney Matogrosso, Mistério da raça, com Luis Melodia, All star, com Nando Reis, Menina bonita, com Pedro Luis e a parede, Pescador de ilusões, com O Rappa, À vontade, com Ed Motta, Maria fumaça, com Banda Black Rio e Sambassim, com Fernanda Porto.

Cd 2 - Garota de Ipanema, com Tom Jobim, Tim tim por tim tim, com João Gilberto, Tarde em Itapuã, com Os cariocas, Tanto tempo, com Bebel Gilberto, Eu vim da Bahia, com Gilberto Gil, Alô alô marciano, com Elis Regina, Linha do horizonte, com Azimuth, Only a dream in Rio, com Milton Nascimento, Abri a porta, com A cor do som, Alice, com Kid Abelha, Momentos que marcam, com Sandra de Sá, Um jantar para dois, com Ed Motta, Bumbo da Mangueira, com Jorge Ben Jor, My funk samba, Santo Antônio, as duas com Banda Black Rio, Por você, com Barão vermelho e Só tinha de ser com você, com Fernanda Porto, Dj Patife e Dj Marky.

Também em 2002, sai o sensacional disco MANAGARROBA, do mestre João Donato. O cd tem várias participações especialíssimas. As músicas do cd são: Não tem nome, que mistura vários sucessos de João Donato, com um toque eletrônico, Flor do mato, a sensacional Balança, um samba-rap com toque latino, do João Donato numa parceria do rapper Marcelo D2, com vocais do próprio que é sem dúvida, a melhor faixa do disco, a também latina E muito mais, a também belíssima E vamos lá, parceria com a Joyce, com participação da própria, Caminho do sol, Falta de ar, Nunca mais, com a participação dos Tribalistas: Marisa Monte e Arnaldo Antunes, a maravilhosa Muito à vontade, a também sensacional Não sei como foi, com participação do João Bosco, Luz de bolero e o surpreendente rock psicodélico de Managarroba, com a participação de Davi Moraes nas guitarras elétricas. Sem dúvida esse é o melhor disco do João Donato desde LUGAR COMUM, de 1975.

Em 2002, também saem alguns discos maravilhosos pela Trama. Um deles é SAMBALAND CLUB, o segundo disco de Wilson Simoninha. As músicas desse cd são: Seja bem vindo, com a participação do Seu Jorge, Mais um vira lata, Rei de maio, a sensacional Mais um lamento, Essência, Saudade machuca, com Jair Oliveira, um show de samba-jazz no medley Ela é carioca/Samba do carioca, com a participação do Jongo Trio, Barbarella 2001, Tudo bonito, Quem sou, com o coral gospel Just Sing Soir, depois tem a Vinheta, do pai de Simoninha, Wilson Simonal, dedicando a música ao seu filho, seguindo da espetacular Tributo a Martin Luther King, também com o coral Just Sing Choir, sendo esse sem dúvida o momento mais emocionante do disco, depois tem uma versão instrumental de Seja bem vindo e no final, uma Entrevista com Miele, sendo uma faixa bônus.

Também em 2002, sai pela Trama o sensacional disco ORCHESTRA KLAXON, o segundo disco de Max de Castro. As músicas do disco são: O futuro pertence a jovem vanguarda, o espetacular funk de A história da morena nua que abalou a estrutura e o esplendor do Carnaval, que é a melhor faixa do disco, em parceria surpreendente com Erasmo Carlos, depois tem a bela A vida como ela quer, com participação de Daniel Jobim, depois tem o samba-jazz moderno de Mais uma vez um amor, depois tem o samba-rock de O nego do cabelo bom, com participação da Paula Lima e do inventor do samba-jazz J.T. Meirelles, Marcha Roxa, a sensacional Os óculos escuros de Cartola, cantando ao lado da Patrícia Marx, Petit comitê na casa da tia Ciata, a bossa moderna de Sonho de Verão, parceria com Nelson Motta, Acapulco daqui a pouco, Linha do tempo e a também sensacional Calaram a voz do nosso amor.

Também em 2002, sai finalmente o primeiro disco da Fernanda Porto, que tem o nome de FERNANDA PORTO, que só podia ser lançado pela Trama. Todas as faixas são da Fernanda, menos uma. As músicas do disco são: a bela De costas para o mundo, a sensacional Eletricidade, o maracatu com drum'n'bass Baque virado, a também bela música Amor errado, a espetacular Tudo de bom, a também sensacional música Vilarejo íntimo, a versão inaugural da também espetacular Sambassim, Outro lugar do mundo, uma homenagem à cidade de São Paulo, Tanta besteira, a clássica Só tinha de ser com você, Jeito novo, Tempo para tudo, que foi tirada da Bíblia e 1999, escrita em latim (!). Sem dúvida esse é um dos melhores discos que surgiram no mundo nos últimos anos e a Fernanda Porto mostrou que veio para ficar e já está fazendo um grande sucesso, inclusive no Brasil com sua drum'n'bossa.

2 comentários:

uma linda história de amo... disse...

muito legal seu blog..adoreii

Laly Garcia disse...

seu blog é ótimo!
estou no sétimo período de artes cênicas em ouro preto e minha monografia é sobre a hitória da bossa nova e a transposição dela para um espetáculo.
parabéns!!
são pessoas assim que nunca deixarão a bossa nova morrer!!