sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

4 - A crise da Bossa Nova no Brasil - 13ª parte


13ª parte

Ainda em 1986, morre o grande arranjador e amigo do Tom Jobim: Radamés Gnatalli, que foi sem dúvida, um dos maiores precursores da Bossa Nova.

Para homenagear o amigo, Tom fez esse poema:

Radar é água alta.
É fonte que nunca seca.
É cachoeira de amor.
É chorão rei de peteca.
O Radar é concertista,
compositor, pianista,
orquestrador, maestrão.
E, mais que tudo, é amigo,
Navega junto contigo,
É conta de doação.
Ajuda a todo mundo
E mais ajudou a mim.
Alô, Radar, eu te ligo
Vamos tomar um chopinho
Aqui fala o Tom Jobim

Em 1987, Tom Jobim lança um disco memorável, ao lado da sua Banda Nova: PASSARIM. O disco é maravilhoso e mostra claramente o lado Villa-Lobos de Tom Jobim, com várias músicas ecológicas. As músicas do disco são: a belíssima Passarim, a também bela Bebel, a fenomenal Borzeguim, a espetacular Anos Dourados, música que Tom fez ao lado de Chico Buarque para a minissérie da TV Globo de mesmo nome, com a participação do próprio Chico, Isabella, de Paulo Jobim, Fascinatin' Rhytm, de George e Ira Gershwin, a fenomenal e engraçada Chansong, uma música de três línguas: inglês, francês e português, Samba do Soho, de Paulo Jobim, a maravilhosa Luiza, o também belo Brasil Nativo, de Danilo Caymmi e a fenomenal Gabriela, do filme de mesmo nome.

No mesmo ano sai o belo disco duplo TOM JOBIM INÉDITO, que foi lançado para comemorar os 60 anos de idade de Tom Jobim.

O disco contém gravações inéditas de várias músicas do Tom e tem ele ao lado da sua Banda Nova. As músicas do disco são: Wave, Chega de saudade, Sabiá, Samba do Avião, Garota de Ipanema, Retrato em branco e preto, Seresta n.º 5, do maravilhoso Heitor Villa Lobos, Modinha, Canta, canta mais, Eu não existo sem você, Por causa de você, Sucedeu Assim, Imagina, Eu sei que vou te amar, Canção do amor demais, Falando de amor, Inútil Paisagem, Derradeira Primavera, Canção em modo menor, Estrada do sol, Águas de Março, Samba de uma nota só, Desafinado e A felicidade.

Em 1989, a cantora Leila Pinheiro lança seu primeiro disco todo dedicado a Bossa Nova, que se chama BENÇÃO BOSSA NOVA. Cada faixa do disco é um pout-porri dedicado à um grande nome da Bossa Nova. As músicas do disco são: o primeiro é uma homenagem ao Carlos Lyra, que tem: Lobo Bobo, Saudade fez um samba e Você e eu, o segundo é uma homenagem ao Tom Jobim, que tem: O amor em paz, Meditação, Corcovado e Ela é carioca, o terceiro é uma homenagem ao Edu Lobo, que tem: Prá dizer adeus e Candeia, depois uma homenagem ao Marcos Valle, que tem: Preciso aprender a ser só, Samba de Verão e Gente, depois uma homenagem ao Durval Ferreira, que tem: Batida diferente, Moça flor e Tristeza de nós dois, depois uma homenagem a Jorge Ben, que tem: Que maravilha, Chove chuva e Mas que nada, depois uma homenagem ao Johnny Alf, que tem: Ilusão a toa e O que amar, depois uma homenagem ao Roberto Menescal e ao Ronaldo Boscoli, que tem: Ah! Se eu pudesse, O barquinho, Você e Nós e o amar, depois uma homenagem ao João Donato, que tem: Mentiras e Até quem sabe, por último uma homenagem ao Baden Powell e ao Vinícius de Moraes, que tem Prá que chorar, Tem dó e Samba da Benção. Esse disco de certa forma, acabou levando a Bossa Nova aos mais jovens, pois o disco vendeu mais de 250 mil cópias.

Também em 1989, morre a cantora Nara Leão, aos 47 anos, com um tumor no cérebro. O estado de saúde de Nara há uns 10 anos não chegara a ser segredo, mas vinha sendo cuidadosamente pra que não se transformasse em manchetes. Em 1979, ela sofrera uma vertigem e desmaiara em seu apartamento em Ipanema. Na queda, ela feriu o rosto e foi levada para um hospital, já em convulsões sucessivas. Os diagnósticos foram tantos e tão discrepantes que ninguém se entendeu: ela teria problemas cardíacos, um coágulo no cérebro, embolia e tudo era grave. Mas foi confirmado o tumor no cérebro. Naquele mesmo ano Nara tinha acabado de gravar o disco MY FOOLISH HEART, com versões em português de clássicos americanos, exigência dos japoneses. Sem dúvida foi outra perda e tanto para a Bossa Nova, que perdeu a sua musa.

No mesmo ano o grande Jorge Ben, mudou o nome para Jorge Ben Jor. Um ano depois, Jorge Ben Jor faz o grande sucesso W/ Brasil, que acaba virando uma febre no início dos anos 90.

Em 1990, Tim Maia, lança o belo disco TIM MAIA INTERPRETA OS CLÁSSICOS DA BOSSA NOVA, é seu primeiro disco cantando Bossa Nova. As músicas do disco são: Folha de Papel, Eu e a brisa, A rã, A rã II, Minha namorada, Useless Landscape, Wave, The girl from Ipanema, Samba da pergunta e Meditação.

Os anos 90 começam muito mal para a música brasileira. Começa a aparecer novos ritmos e novos cantores e bandas que fazem um sucesso muito grande e logo desaparecem. Surgem então as músicas comerciais de gosto bastante duvidosos. O primeiro deles é a Lambada, que quando aparece é um enorme sucesso que tem o cantor Beto Barbosa como destaque. Logo depois surge a terrível música sertaneja, que de sertanejo não tem nada. O que tem é uma mistura de bolero e samba-canção, voltando os cantores de voz grossa e falando de várias desilusões amorosas. Surgem então as duplas Chitãozinho e Xororó, Leandro e Leornardo, Zezé di Camargo e Luciano, entre outros. O grande Nelson Mota chamou o sertanejo de "breganejo", que é realmente o que ele é.

Pouco depois lá da Bahia, terra de Caymmi e João Gilberto surge o Axé music. No início era até um ritmo interessante com os batuques do Olodum e da Timbalada, do compositor Carlinhos Brown e da cantora Daniela Mercury, mas logo o Axé se perde e surgem várias bandas "rebolantes", que cantavam muito mal e tinha várias mulheres bonitas que só sabiam rebolar e mais nada. Surge então o Gera Samba, que depois se transforma em É o tchan, Companhia do Pagode, Araketu, entre outros. As letras das músicas incitavam o sexo e encantando principalmente às crianças.

Depois, surge o chamado Pagode paulistano, que várias bandas que faziam músicas horríveis e cantavam muito mal fazem um grande sucesso e vendem muito, como: Raça Negra, Só Pra Contrariar, Soweto, Molejo, entre outros.

Ao mesmo tempo em que esses cantores e bandas medíocres invadem a rádio e a televisão brasileira aparece grandes cantores e compositores que dá um sinal de esperança a música brasileira, que vive um momento difícil: como por exemplo: a sensacional cantora Marisa Monte, que é fã da Bossa Nova e da Tropicália, cujo disco foi apadrinhado pelo grande Nelson Mota, que faz músicas maravilhosas como Bem que se quis. Também surge o grande Ed Mota, sobrinho do Tim Maia, que mistura soul music, Bossa Nova e Rock. Também surgem as cantoras Adriana Calcanhoto, Cássia Eller, entre outras.

Aparecem belas bandas como Skank, o maior sucesso do Pop-rock nacional dos anos 90, e a banda de reggae Cidade Negra.

Mas, a melhor coisa que surgiu nos anos 90 foi o movimento mangue beat, esse movimento surgiu nas ruas de Recife, a "manguetown". O principal nome do mangue beat foi o grande Chico Sciense ao lado de sua Nação Zumbi. O mangue beat misturava Maracatu, música eletrônica, Rock, Tropicalia, entre outros. Além do Chico Sciense e da Nação Zumbi, surgiram nomes como: Mundo Livre, Lenine, Naná Vasconcelos, DJ Dolores, entre outros. A música que melhor representa o movimento é Maracatu Atômico, de Jorge Mautner e Nelson Jacobina. Além dessa também tem músicas como: A Cidade, Praiera, Samba Makossa e Manguetown. O mangue beat sofreria um grande revés em 97, com a morte de seu maior mestre Chico Sciense, mas aparecem nomes como Lenine, Otto, O Rappa, Planet Hemp, Charlie Brown Jr, além da Nação Zumbi (sem o Chico) e o Mundo Livre S/A.



Um comentário:

Caroline disse...

Nooooooossa!! Maravilhosa reunião de fatos da bossa... vou apresentar um trabalho sobre a bossa nova, essas informações me ajudarão muuito! Quanto mais estudo sobre o gênero, mais encantada e mais amante do estilo me torno... Viva a música brasileira!! rsrs