quarta-feira, 21 de novembro de 2007

4 - A crise da Bossa Nova no Brasil - 6ª parte


6ª parte

No meio dessa confusão, Vinícius de Moraes cada vez mais ligado à esquerda, começa a fazer parceria com um jovem compositor e violonista chamado Toquinho. Toquinho já era conhecido do público desde 1968, quando fez ao lado de Jorge Ben, a belíssima Que maravilha. Em 1969, já casado com a baiana Gesse Gessy, Vinícius começa a parceria com Toquinho. Por causa de Gesse, Vinícius se muda para a praia de Itapuã, em Salvador, e começa a seguir o candomblé, e passa a freqüentar o terreiro de Mãe Menininha do Gantois, a mais famosa mãe-de-santo da Bahia. Na época da parceira com Baden Powell, o poeta já tinha namorado o sincretismo religioso, mas conservara os olhos recatados de pesquisador. A primeira música da parceria Toquinho e Vinícius seria a espetacular Tarde em Itapuã, quando Vinícius mostra essa maravilhosa praia da Bahia ao seu novo parceiro.

Também em 1968, sai o disco JOYCE, o primeiro disco de uma das maiores cantoras e compositoras do Brasil: a Joyce. Na época com apenas 20 anos, Joyce lança um disco que muitos não entenderam, pois ela era uma jovem cantando músicas mais “boêmias”, sendo a maioria delas composições da própria, e o Brasil vivia uma época muito machista em que não existiam outras compositoras mulheres, sendo que a Joyce foi pioneira, falaram na época, que as músicas do disco eram “músicas de bordéis” e por isso o disco não fez o sucesso que merecia. As músicas do disco são: Não muda não, Bloco do eu sozinho, bela música do Marcos Valle, Improvisado, Ansiedade, Superego, Cantiga da procura, Choro chorado, Ave maria, Anoiteceu, Litoral e Me disseram. Na contracapa do disco tem as palavras meio proféticas do poetinha Vinícius de Moraes:

Eu poderia falar aqui da Joyce morena, um brôto bacana de Copacabana, de olhos verdes, riso meio triste e bôca de menina amuada. Uma garota moderna e considerante, com uma carinha de lua nova em céu de tarde, e toda circunflexa. Gente bem pra frente, como está em moda dizer, e caindo de bossa. Mas prefiro falar de uma outra Joyce, uma que não tem nada a ver com a que se forma este ano em jornalismo pela PUC e que uma noite, há uns dois anos atrás, chegou assim para mim, num espetáculo de que eu participava no "Arena", e disse: "_Eu queria fazer uma entrevista com
você, o cara”. E fêz. Prefiro falar de uma Joyce que aos 11 anos tinha paixão por Tom e colava seus retratos, e desde os 3 ficava ouvindo "Urubu Malandro" sem parar; uma que conhecia Menescal desde menina e que de vez em quando gravava jingles com ele só de farra; uma que antes de completar 20 já fêz por aí umas três dezenas de bons sambas, música e letra, que canta com uma voz linda e afinadíssima, acompanhando-se ao violão com grande sentido harmônico e um ritmo exemplar; uma que foi classificada para as finais do 2º Festival Internacional da Canção e que agora está fazendo uma parceria firme com o meu bom e grande Macalé: outro que quando estourar vai-se ouvir na Conchinchina. Esta Joyce, quando pega o violão e canta (e ela poderia fácil fazer uma carreira só como cantora) diz coisas simples e belas, como em sua "Cantiga de Procura".



"Eu quero encontrar um amigo Que fale da vida comigo
Eu quero uma tarde apagada
Pra que ele me encontre escondida
Igual a qualquer namorada
Que espera na porta enfeitada
Que traga no peito guardada
A mesma tristeza sofrida”.

É dessa Joyce que eu gosto de falar, pois essa é a Joyce que vai dar que falar: a Joyce que é toda musicalidade tem em alto grau o sentido das palavras e conhece o mistério de seu casamento com as notas. A Joyce que aqui está neste LP com seus primeiros anseios, recados e frustrações de amor e entra com o pé direito na moderna canção popular brasileira. E, além do mais, com aquêles olhos verdes e aquela graça toda...Pôxa, assim não vale...
VINICIUS
Rio, junho de 1968.

Em 1969, sai o belíssimo disco MUSTANG COR DE SANGUE, do Marcos Valle, bem inspirado na onda Soul da época. As músicas desse lp são: a espetacular Mustang cor de sangue, que também foi gravada de forma maravilhosa pelo Wilson Simonal, com toda sua pilantragem, a bela Samba de Verão 2, Catarina e o vento, Frevo novo, a maravilhosa Azimuth, Dia de vitória, cantada ao lado dos Golden Boys, Os dentes brancos do mundo, a maravilhosa Mentira carioca, Das três as seis, a espetacular Tigre da Esso que sucesso, O envagelho segundo San Quentin e a bela Diálogo, cantada ao lado do Milton Nascimento. Sem sombra de dúvidas esse é o melhor disco que o Marcos Valle fez.



Em 1970, Toquinho e Vinícius vão para Itália e a convite de Sérgio Bardotti faz várias músicas para crianças que se chamaria na Itália de L'Arca. Logo, Toquinho e Vinícius começam a também ser perseguidos pelo regime militar, e por causa disso passam a ser heróis dos estudantes, por suas lutas pelo regime militar, e apresentariam vários shows pelos circuitos universitários.

Enquanto Vinícius, ao lado de Toquinho, são queridos pelos estudantes, o resto do Brasil passa a tratar a dupla como fazedores de uma música medíocre, que ganharia o nome depreciativo de "easy music", música fácil, eles são perseguidos pelos tropicalistas que estão no auge e a Bossa Nova em baixa. A MPB, perseguida pela censura, sofre a concorrência desleal da música pop que invade as rádios FM. Além disso, eles são vistos pelos militares como comunistas perigosos. Com isso a música brasileira passa a ser desprezada em relação a música pop internacional.

A parceria de Vinícius e Toquinho renderiam outras músicas memoráveis como, por exemplo, Regra Três, A tonga da mironga do kabuletê e a belíssima Aquarela. Vinícius chega a falar que sua parceria com Toquinho, é igual casamento, só faltando o sexo.

Em 1971, a dupla fez dois discos memoráveis: o primeiro se chama SÃO DEMAIS OS PERIGOS DESSA VIDA, com as músicas: Cotidiano n. º 2, Tatamirô, São demais os perigos dessa vida, Chorando pra Pixinguinha, Valsa para uma menininha, Para viver um grande amor, Menina das duas tranças, Regra Três, No colo da serra e Canto de Oxalufã. O outro disco se chama COMO DIZIA O POETA, que tem participação da cantora Marilia Medalha. As músicas do disco são: a esplendorosa Tarde em Itapuã, a maravilhosa Como dizia o poeta, Tomara, que é uma música só do Vinícius: música e letra, Valsa para o ausente, Samba para Gesse, A tonga da mironga do kabuletê, com referências implícitas a Ditadura Militar, A bênção Bahia, Mais um adeus, A vez do Dombe, O grande apelo, Samba da Rosa e Melancia e Coco verde.

Os shows da dupla passam a ser vendidos por estudantes indignados e raivosos como uma reação de esquerda à onda tropicalista e à invasão do pop internacional.

No início dos anos 70, o Brasil recebe muitas influências da black music americana e o maior nome desse movimento no Brasil se chamaria Tim Maia. Tim Maia é fã de Jovem Guarda, Bossa Nova e do recém criado Funk.


2 comentários:

Anônimo disse...

Prefiro música clássica.
www.youtube.com/watch?v=RzylcQEo31Q

Anônimo disse...

Je suis d'accord avec tout plus haut par dit. Nous examinerons cette question. http://cgi3.ebay.fr/ws/eBayISAPI.dll?ViewUserPage&userid=acheter-cialis&hc=1&key=acheter-cialis achat cialis [url=http://cgi3.ebay.fr/ws/eBayISAPI.dll?ViewUserPage&userid=acheter-cialis&hc=1&key=acheter-cialis]cialis[/url]