domingo, 4 de novembro de 2007

4 - A crise da Bossa Nova no Brasil - 3ª parte


3ª parte

Em 1965, a TV Excelsior de São Paulo promove o I Festival de Música de São Paulo, o primeiro lugar é da música Arrastão, de Vinícius de Moraes e de Edu Lobo, a música é cantada pela então desconhecida Elis Regina, que também ganharia o prêmio de melhor intérprete. No festival Elis mostra sua coreografia girando os braços como se fosse um helicóptero, que foi ensinada pelo coreografo americano Lennie Dalle. Logo ganha o apelido de Hélice Regina. Pouca gente conhecia a fenomenal Elis Regina, até então, ela só era conhecida pelos freqüentadores do Beco das Garrafas, onde em 1964 canta a fenomenal Terra de Ninguém, do Marcos Valle, com o próprio Marcos. A partir do festival, Elis fica famosa e depois se transformaria na melhor cantora que o Brasil já teve. Nessa época, Elis canta várias músicas do jovem Edu Lobo, que já iam bem à frente da Bossa Nova.

Ainda em 65, acontece um encontro memorável, que daria em um disco também memorável: CAYMMI VISITA TOM E LEVA SEUS FILHOS, Dorival Caymmi e Tom Jobim juntos, ao lado de Dori, Nana e Danilo, filhos de Dorival. Esse disco foi feito pela gravadora Elenco do Aloysio Oliveira. O disco tem as músicas: ... Das Rosas, de Caymmi, Só tinha de ser com você e Inútil Paisagem, do Tom e do Aloisio Oliveira, Vai de Vez, do Roberto Menescal, Saudades da Bahia, de Caymmi, numa gravação antológica, Tristeza de nós dois, de Durval Ferreira, Berimbau, do Baden Powell e do Vinícius de Moraes, Sem você, do Tom e do Vinícius e Canção da Noiva, de Caymmi.

No mesmo sai o disco O COMPOSITOR E O CANTOR MARCOS VALLE, do Marcos Valle. Nesse lp há alguns dos que se transformariam grande clássicos de Marcos. As músicas desse disco são: as fenomenais Gente, Preciso aprender a ser só, as mais desconhecidas Seu encanto, Passa por mim, a já clássica Samba de verão, A resposta, Deus brasileiro, Dorme profundo, Vem, Mais amor, Perdão e Não pode ser.

Também em 1965, Elis é convidada ao lado do cantor Jair Rodrigues para apresentar o programa O Fino da Bossa da TV Record. Esse programa tinha além de Bossa Nova, a então novíssima MPB e era um rival do programa Jovem Guarda, também da Record, que era apresentado por Roberto, Erasmo e Wanderléa.

Esse programa acaba rendendo no mesmo ano o disco ao vivo DOIS NA BOSSA, com os dois apresentadores acompanhados do Jongo Trio. As músicas do disco são: um Pout-Pourri histórico com as músicas O morro não tem vez, Feio não é bonito, Samba do carioca, Esse mundo é meu, A felicidade, Samba de negro, Vou andar por aí, O sol nascerá, Diz que fui por aí, Acender as velas, A voz do morro e de novo O morro não tem vez, depois tem Preciso aprender a ser só, cantada só pela Elis, Ziguezague, cantada só pelo Jair Rodrigues, Terra de ninguém, Arrastão, também cantada só pela Elis, Reza, Tá engrossando, também cantada só pelo Jair Rodrigues, Deus com a família, também cantada só pela Elis, Ué, também cantada só pelo Jair e Menino das laranjas. O disco acabaria vendendo mais de 1 milhão de cópias e é um dos melhores discos da Bossa Nova em todos os tempos. Na época quem gostava de Bossa Nova tinha por obrigação odiar a Jovem Guarda e vice-versa e quem gostava dos dois era visto por desconfiança de ambos os lados. Tanto que, Jorge Ben, acabou sendo cortado do programa Fino da Bossa, por ter se apresentado no programa Jovem Guarda. E a briga entre os dois grupos era feia, mas o pessoal da Jovem Guarda estava ganhando. Músicos da então nova MPB também odiavam a Jovem Guarda como Edu Lobo, Dori Caymmi, Nelson Motta, Nara Leão e outros.

Também em 1965 sai o belo disco 5 NA BOSSA, disco ao vivo envolvendo Nara Leão, Edu Lobo e o Tamba Trio. Na verdade o lp tinha pouco de Bossa Nova e muito das músicas sociais, retratando a realidade brasileira da época. O disco já começa com a maravilhosa Carcará, do maranhaense João do Vale e do José Candido, depois tem a sensacional Reza, do Edu Lobo e do Ruy Guerra, depois tem a desconhecida O trem atrasou, do Paquito, Villarinho e Estanislau Silva, depois tem a também maravilhosa Zambi, do Edu Lobo e Vinícius de Moraes, depois tem a espetacular Consolação, do Baden Powel e Vinícius de Moraes, depois tem a belíssima Aleluia, do Edu Lobo e do Ruy Guerra, depois tem Cicatriz, do Zé Keti e do Hermínio Bello de Carvalho, depois tem Estatuinha, do Edu Lobo e do Gianfrancesco Guarnieri, depois tem Minha história, do João do Vale e do Raymundo Evangelista, finalizando o disco tem a espetacular O morro não tem vez, do Tom Jobim e do Vinícius de Moraes.

Um comentário:

Unknown disse...

Parabéns pela iniciativa de homenagear a Bossa Nova contando um pouquinho da sua história... também amo música popular brasileira e bossa então... Tenho um espaço para cursos aqui na minha cidade (Rio das Flores , interior do RJ) e quero trabalhar 50 anos de Bossa nesse espaço. Quero fazer exposições (recortes, capas de vinil, fotos, recortes de jornal...enfim tudo relativo ao tema. Pretendo realizar um Workshop, fazer showzinhos...realmente celebrar a Bossa tão importante na história da nossa música.
Você pode me ajudar com algumas idéias? E sobre acervo...onde encontro material que possa ser reproduzido.
Me chamo Patricia, tenho 35 anos sou historiadora e fico aqui no seu aguardo!!!!
Obrigado