sábado, 19 de julho de 2008

7 - A Bossa Nova hoje - 8ª parte



8ª parte

O ano de 2006 começa muito bem pra música brasileira, no exterior, porque aqui a coisa continua feia com a volta do funk agora com força total, com direito a passar na novela das 8 da Rede Globo, mas no início do ano sai na Europa duas colêtaneas maravilhosas pela Farout Recordings.

A primeira delas é AZIMUTH – PURE (THE FAR OUT YEARS 1995 – 2006) com o melhor da explendorosa banda Azimuth fez pela gravadora Farout Recordings com direito a músioca inédita. As músicas desse cd são: Brazymuth, Tudo o que você podia ser, Laranjeiras, O lance, Quem com quem, música feita com ninguém menos que o Marcos Valle, que é o mentor espiritual da banda, já que o nome da banda vem de uma música expetacular do Marcos Valle, o disco também tem Carangola, Saudades do doutor, Antes que esqueça, Juntos mais uma vez, Chameleon, Carnival, Xingo, Morning e Tempos do Paraná.

A segunda delas é a sensacional BRAZILIAN LOVE AFFAIR REMIXED, é a versão remixada de uma colêtanea maravilhosa de música brasileiora feita por vários djs europeus. As músicas desse disco são: Pára de fazer, música inédita de Marcos Valle, remixada pelo 4hero, depois tem a bela Besteiras de amor, também do Marcos Valle, remixada por Jazzanova, depois tem Maracatueira, cantada pela desconhecida Sabrina Melheiros, remixada pelo Incognito, depois tem Chuva, do Vertente, remixada pelo Seiji`s Oreja, depois tem a expetacular Parabéns, também do Marcos Valle, remixada por Daz-I-Kue`s Bugz in the Attic Dub, depois tem Somewhere beyond, do Natures Plan, remixada pelo Marc Mac`s Dollis House, depois tem Ah você não sabe, do Azimuth, remixada pelo Roc Hunter Body and Soul Mix, Laranjeiros, também do Azimuth, remixada pelo Frytonix, depois tem Francisco Cat, do Friends from Rio, remixada por APE e no final tem Batlle of the Giants, do Grupo Batuque, remixada pelo Roc Hunter.

Também em 2006 e também na Europa, sai a belíssima coletânea THE NOW SOUND OF BRAZIL 2, pela Crammed com o melhor da música brasileira atual, pelo menos na visão dos europeus. O cd começa com a versão remixada da sensacional Simplesmente, da fantástica Bebel Gilberto, remix belíssimo de Tom Middleton Ballearic, depois tem a brasileiríssima Samba da minha terra, com sotaque holandês da banda Zuco103 ao lado do Bossacucanova, depois tem Inexplicata, com Apollo 9, depois tem Esplendor, com a Cibelle, depois tem Por acaso pela tarde, do grande Celso Fonseca, depois tem Trancelim de Marfim, com Dj Dolores e Issar, depois tem Eu nasci no Brasil, com Zuco 103, depois tem a sensacional Cada beijo, também da Bebel Gilberto, remixada por ninguém menos que Thievery Corporation, depois tem Love is Queen Omega, com Zuco 103 e Lee Scratch Perry, depois tem a música 86, com Apollo 9, depois tem Meu amor, com a Cibelle, depois tem Roberto Menescal e o Bossacucanova, transformando a clássica Bonita, de Tom Jobim, num samba house maravilhoso, depois tem a música Atlântico, de Celso Fonseca, remixada pelo Da Lata e no final tem mais uma versão de Trancelim de marfim, do Dj Dolores, só que agora remixada pelo Apollo 9.

Mas a melhor notícia para a música brasileira do ano de 2006 sai em Los Angeles, nos EUA, mas precisamente no bairro de Beverly Hills, onde acontece um encontro memorável e surpreendente: do rapper americano Will.I.Am, líder da famosa banda Black Eyed Peas e o mestre da Bossa Nova: Sérgio Mendes. Eles se juntam e fazem um disco excepcional chamado TIMELESS, eterno, como Sérgio Mendes é, depois de 10 anos sem lançar um disco e 40 anos depois do sucesso estrondoso do disco que vendeu mais de 1 milhão de cópias. Nesse disco de 1966, Sérgio Mendes criou a Bossa Pop, e com TIMELESS, cria a Bossa Rap, uma mistura maravilhosa de Bossa Nova com Hip Hop. O disco começa logo de cara com o superclásssico Mas que nada, transformado num samba rap, com trechos da música em inglês, feitos por ninguém menos que a banda Black Eyed Peas, quem canta em português é Gracinha Leporace, que é mulher do Sérgio Mendes, depois tem a bela That heat, do Will Adams, com citação de Slow Hot wind, música de Henri Mancini e Norman Gimbel, com participação do Will.I.Am e da cantora americana Erykah Badu, depois tem os clássicos afrosambas Berimbau/Consolação, cantados pela Gracinha Leporace e com participação expecialíssima de Stevie Wonder tocando flauta (!), depois tem o clássico The frog, de João Donato, se tornando uma Bossa Rap, com participação do Will.I.Am e do rapper Q-Tip, depois tem a música Let me, versão em inglês de Deixa, do Baden Powell, cantada brilhantemente pela americana Jill Scott, com participação também do Will.I.Am, depois tem a também clássica Bananeira, do João Donato in jamaican style, transformada num reggae com rap feitos pelo jamaicano Mr. Vegas e cantada pela Gracinha, sem sombra de dúvidas é uma das melhores faixas do disco, depois tem a também clássica Surfboard, de Tom Jobim, transformada numa Bossa Rap sensacional com direito a letra em inglês inspirada de Will.I.Am, das praias cariocas para as ruas americanas, depois tem a bela Please Baby don`t, do americano John Legend, cantada por ele mesmo num clima bem Bossa Nova, depois tem o maravilhoso Samba da Benção, de Baden Powell e Vinícius de Moraes, com participação do Quarteto Maogani e do grande Marcelo D2, transformando esse clássico da música brasileira num samba rap delicioso, e no final ele manda a benção a Sérgio Mendes, a Will.I.Am, a Baden Powell, e ao “branco mais preto do Brasil” o poeta Vinícius de Moraes, depois tem a bela e inédita Timeless, do Sérgio Mendes, do Pritnz Board e da India. Arie, cantada brilhantemente bela própria India. Arie, num ritmo meio de escola de samba, depois tem a bela e surpreendente Loose Ends, do Justin Timberlake, do Will Adams e do Troy Jamerson, cantada pelo Justin Timberlake, pelo Will.I.Am e pelo Pharaohe Monch, depois tem a também surpreendente Fo`hop (Por trás de Brás de Pina), um forró e embolada com hip hop, feito pelo mestre Guinga e pelo Mauro Aguiar, com participação do próprio Guinga e do Marcelo D2, depois tem a bela Lamento no morro, de Tom e Vinícius, tirada da peça Orfeu da Conceição, em 1956, para as pistas de dança do mundo 50 anos depois, num samba house com uma versão instrumental com participação do Quarteto Maogani, depois tem a bela Ê menina, do João Donato, cantada pela Gracinha, pela costariquenha Debi Nova, pelo Sérgio Mendes e pelo Will.I.Am e no final tem o rap maravilhoso de Yes, yes y`all, feito pelo Will Adams, pelo Charles Stewart e pelo Tariq Trotter, com participação de Black Thought, pela Chali2na, pela Debi Nova e de novo pelo Will.I.Am. Finalmente, Sérgio Mendes teve o albúm que merecia com produção do Will, e esperamos que com esse disco ele finalmente seja reconhecido e respeitado no Brasil, já que nos Eua, na Europa e no Japão, ele é considerado um dos reis da Bossa Nova.

Finalmente em abril de 2006 sai pela gravadora Biscoito fino o cd RIO-BAHIA da Joyce e Dori Caymmi, depois de quase de um ano de espera, mas valeu a pena esperar porque esse disco e maravilhoso. É um reencontro da Joyce com o Dori que foi arranjador do primeiro disco dela em 1968. Como a Joyce falou no encarte do disco os dois são cariocas, mas cada um deles tem um pé na Bahia – ela por ser casada com um baiano, Tutty Moreno, e Dori por ser filho de Dorival Caymmi, o homem que, com Jorge Amado, inventou a Bahia. As canções falam destes lugares amados, berços da música brasileira, aquarelas do Brasil.

No final de maio o selo Jobim Biscoito Fino relança álbum idealizado por Hermínio Bello de Carvalho, que apresenta a última parceria de Tom e Chico. A música de Antonio Carlos Jobim e a Estação Primeira de Mangueira são duas das maiores referências da identidade carioca. Coube ao poeta Hermínio Bello de Carvalho juntar uma e outra em um álbum inteiramente dedicado a estas vertentes que constituem um dos grandes patrimônios da cultura brasileira. A Jobim Biscoito Fino relança NO TOM DA MANGUEIRA, idealizado por Hermínio no LP original de 1991, pouco antes do desfile em que a escola homenageou o maestro, no carnaval seguinte. “Tom estava eufórico e compusera com Chico a obra-prima Piano na Mangueira, lembra Hermínio”. Convidei Mauricio Tapajós para ser o produtor-executivo do disco e colocamos no estúdio um dos elencos mais caros do país – sem que ninguém cobrasse um tostão de cachê. Cismei de gravar Tom e Chico ao vivo, mas um problema técnico fez com que os re-convocássemos ao estúdio. Tom foi de uma docilidade extrema ao fazer o play-back para Carlos Cachaça recitar um poema. Como juntar Cartola, já desaparecido, a Paulinho da Viola? E Clementina a Ney Matogrosso? A tecnologia foi abrindo caminho e solucionando essas coisas que íamos inventando”, explica.
A abertura do álbum é exatamente Piano na Mangueira, última parceria de Tom e Chico, interpretada pelos próprios. Na seqüência, uma série de músicas de levantar poeira, em parte organizadas nos famosos blocos-temáticos concebidos por Hermínio. Sob o violão de Marco Pereira, Gal Costa recria Fala Mangueira, título do disco de 1968, reunindo Cartola, Clementina de Jesus, Carlos Cachaça e Odete Amaral. Idealizado por quem? Hermínio, naturalmente.
O desfile de “sambas que constituem o hinário daquela agremiação”, nas palavras de Hermínio, prossegue com Nasceste de uma Semente e Semente do Samba, juntando a voz de Ney Matogrosso ao violão de Raphael Rabello. A tal da tecnologia tratou de inserir a voz de Clementina de Jesus, gravada mais de vinte anos antes. Os duetos germinam ainda em Folhas Secas, de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, repisadas na cadência de Zezé Gonzaga e Baden Powell. A faixa seguinte une Tom e Carlos Cachaça em Não Quero Mais Amar Ninguém, de Cachaça com Cartola. Cláudio Nucci entoa Pranto de Poeta, outra de Nelson e Guilherme, e Paulinho da Viola recria Todo o Tempo que Eu Viver, de Cartola, junto ao próprio autor, num dueto só possibilitado pelos recursos de gravação então emergentes. Alcione, Beth Carvalho, Mestre Marçal e Peri Ribeiro enfileiram quatro criações de Herivelto Martins, com a participação do próprio mestre: Mangueira Não, Saudosa Mangueira, Lá em Mangueira, Praça Onze. Outra ilustre mangueirense, Leci Brandão, recria o injustamente pouco lembrado Padeirinho, em A Mais Querida.
Quando o Samba Acabou é uma das grandes criações de Noel Rosa, onde o poeta da Vila cita uma disputa amorosa protagonizada no morro da Mangueira, aqui na voz de Alaíde Costa. Assim como esta Joyce e Johnny Alf evidenciam a genealogia do samba na Bossa-Nova, em duas músicas de Benedicto Lacerda: Sabiá de Mangueira e Despedida de Mangueira. Sandra de Sá mostra que sambista também tem groove, em Meninos da Mangueira, que transforma Papai Noel num mulato sarará da família de Dona Zica, de acordo com os versos de Sergio Cabral para a melodia de Rildo Hora.
Nelson Cavaquinho aparece em três gravações da época do Zicartola, segundo Hermínio, a principal inspiração do disco: Rei Vagabundo, A Mangueira me Chama e Sempre Mangueira. Época esta em que surgiam os gênios de Chico Buarque, Caetano Veloso, Paulinho da Viola, revezando-se em Exaltação à Mangueira, Sei lá Mangueira e Mundo de Zinco. Maria Bethânia e o grupo vocal Garganta Profunda entoam Primavera, dos bastiões Nelson Sargento, Jamelão e Alfredo Português. Três vertentes díspares da música brasileira se locupletam em Enquanto Houver Mangueira, Onde Estão os Tamborins e Levanta, Mangueira, com Benito de Paula, Ivan Lins e Elza Soares. O Piano na Mangueira repousa no acervo do incansável Hermínio: “afago o manuscrito original do Piano na Mangueira, que Tom e Chico me ofertaram com tanta delicadeza, repetindo que a Mangueira é mesmo tão grande que nem cabe explicação, assim como este disco é para mim um chão de esmeraldas que volto a pisar ao lado de meus queridos concidadãos mangueirenses”, diz emocionado o poeta, que sabe ser mesmo diferente aquele pranto sem lenço que alegra a gente.

Em julho sai também pela Biscoito Fino o DVD TOM JOBIM AO VIVO EM MONTREAL, um DVD que mostra o maestro Antônio Carlos Jobim à frente da Banda Nova no Festival Internacional de Jazz do Canadá, em 1986.
Maior nome da Música Popular Brasileira em todas as suas vertentes, o maestro Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim completaria 80 anos em janeiro de 2007. Antecipando as comemorações (como se as efemérides pudessem por si só justificar a celebração permanente em torno do nome e da obra de Antonio), a Jobim Biscoito Fino lança o DVD Tom Jobim ao vivo em Montreal, gravado em 1986, no festival internacional de jazz da cidade canadense. Vivendo aquela que o próprio maestro considerava a melhor fase de sua trajetória – em que percorria os palcos à frente de sua Banda Nova, mostrando as canções que o consagraram internacionalmente como um dos maiores músicos do século XX -, Jobim aparece feliz, renovado e falante nas quase duas horas de espetáculo registradas neste DVD. Ao lado de Jacques Morelenbaum (violoncelo), Paulo Jobim (violão), Danilo Caymmi (flauta), Sebastião Neto (baixo) e Paulo Braga (bateria), com o vocal de Ana e Elizabeth Jobim, Simone Caymmi, Maúcha Adnet e Paula Morelenbaum, Tom interpreta seus standards – com versões em português ou nas adaptações para o inglês -, além de músicas menos conhecidas de seus álbuns, àquela altura, mais recentes.

As músicas desse DVD são Samba de uma nota só, clássico que Tom fez com Newton Mendonça, Água de beber, também clássico, mas com Vinícius de Moraes, a eterna Chega de saudade, a maravilhosa Two Kites, música que Tom fez sozinho, a também maravilhosa Wave, que o Tom compôs sozinho, a então novíssima Borzeguim, a bela Falando de amor, a também nova Gabriela, a clássica A felicidade, que Tom também fez com Vinícius de Moraes, o também clássico Samba do avião, que Tom compôs sozinho, a expetacular Waters of March, a também eterna e expetacular Garota de Ipanema e no final de novo Tom canta Samba de uma nota só, com direito ao Tom Jobim fazendo citação a Canção do Exílio, poema do Gonçalves Dias. O extra traz uma entrevista de Tom concedida em sua casa, no bairro do Jardim Botânico, no Rio, em 1981, ao jornalista Roberto D’ávila, num dos momentos mais confessionais e comoventes já registrados com a presença do maestro – que fala de música, brasilidade e sentimentos como o amor e a tristeza, indispensáveis à sua criação.

Nesse mesmo ano de 2006, morre um dos maiores mestres da música brasileira: o maestro Moacir Santos, que compôs a maravilhosa Nanã que é conhecida no mundo todo, além de outras composições sensacionais e foi homenageado pelo Vinícius de Moraes na música Samba da Benção onde ele diz: “Benção ao maestro Moacir Santos, que não é um só, mas tantos como o meu Brasil de todos os santos, inclusive meu São Sebastião”.

Em agosto de 2006, sai a continuação de uma das coletâneas de maior sucesso na música mundial: CHILL:BRASIL 4. Depois do sucesso dos três primeiros cds que foram compilados pelo Marcos Valle, pela Joyce e pelo Gilberto Gil, agora sai o quarto volume cujas músicas foram escolhidas pela Roberta e a Flávia Eluf. Assim comos os três cds anteriores o disco é duplo.

As músicas desse disco são:

CD 1 – Querida, com Tom Jobim, Carta ao Tom, com Toquinho e Vinícius de Moraes, La piu bella del mondo, com Celso Fonseca e Ronaldo Bastos, Triste, com João Gilberto, Foi assim, com Fafá de Belém, Quem eu quero bem, com Daniela Procópio, Como nossos pais, com Belchior, Ponteio, com Hélio Delmiro, Correnteza, com Tom Jobim, Sad Samba, com Deeper & Pacific, Um índio, com Barão Vermelho, A Paraíba não é Chicago, com Marcos Valle, Estou livre, com Tony Bizarro, Vamos dançar, com Ed Motta, Meu guarda-chuva, como Funk como le gusta e Dzarm, com Jorge Ben Jor.

CD 2 – Sá Marina, com Wilson Simonal, Testamento, com Toquinho e Vínicius, Samba de verão, com Conjunto Som 4, Águas de Março, com Rosa Passos, Pelas tabelas, com Roberta Sá, Aquele abraço, com Gilberto Gil, Lata d’água, com Sônia Rosa, Madalena, com Elis Regina, Olha aí, com Johnny Alf, Bolinha de sabão, com Renato Perez, Dores de amores, com Luiz Melodia, Feiticeira, com Zezé Motta, Saudade da Bahia, com Nana, Dori e Danilo Caymmi, Bebete Vãobora, com Eletrosamba e Balé de Berlim, com Gilberto Gil.

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