domingo, 6 de julho de 2008

7 - A Bossa Nova hoje - 7ª parte



7ª parte

Em 2005, sai pela Biscoito Fino, o DVD JOYCE A BANDA MALUCA – AO VIVO, o primeiro DVD da maravilhosa Joyce. A banda maluca saiu do Rio, virou CD no Japão, Europa e Brasil. Agora ganha imagens através de um elegante musical gravado em um teatro em São Paulo em co-produção da gravadora Biscoito Fino com a TV Cultura. Apenas Joyce e os músicos, sem platéia. Uma fotografia musical que mostra a intimidade de quem está tocando junto e viajando o mundo há mais de dez anos. Joyce fugiu dos padrões de Dvds que revisam carreiras e optou por mostrar sua produção recente. Das 18 músicas, 12 são saídas de seus dois últimos CDs, Gafieira moderna (2001) e Banda maluca (2004). Entre os extras, o making of da gravação do disco Banda Maluca (que saiu na Inglaterra com o título de Just a Little Bit Crazy); uma entrevista com a cantora, exibida em especial da TV Cultura; cenas da turnê na Europa e no Japão, com as participações das filhas de Joyce, as cantoras Clara Moreno e Ana Martins; um quiz para testar os conhecimentos dos fãs. Quem acerta, ganha como prêmio uma versão exclusiva de Monsier Binot e Claeana, em formato voz e violão. Outro diferencial foi a opção por registrar o show em um teatro vazio, sem público. Se a qualidade técnica da imagem peca em alguns momentos, o valor artístico compensa. Joyce se mostra como uma das mais antenadas e talentosas artistas brasileiras. Exportada para o mundo com embalagem verde e amarela, a música de Joyce levanta bandeira de um país moderno e antenado a suas tradições. A bossa dela é outra. As músicas desse DVD são: Banda maluca, com citação da música Chiclete com banana, do Jackson do Pandeiro, a clássica Upa neguinho, do Edu Lobo, Diz que eu também fui por aí, Você e eu, do Carlos Lyra e do Vinícius, Receita de samba, Forças d`alma, Azul Bahia, Galope, Na casa do Vila, A hard day`s night, L`étang, For hall, Na paz, Samba do Joyce, Aldeia de Ogum, sucesso nas pistas eletrônicas no mundo todo, Pause Pitte, a clássica Feminina, sua música mais famosa, e a eterna Aquarela do Brasil.

O ano de 2005 é o ano de lembrar os 25 anos da morte do poetinha Vinícius de Moraes. Como dizia o poeta, o bom samba é uma forma de oração. Por isso, saiu pela gravadora Biscoito Fino, o novo disco de Maria Bethânia: QUE FALTA VOCÊ ME FAZ, uma belíssima homenagem ao poeta. Bethânia redimensiona sua memória afetiva – e a de infindáveis gerações de brasileiros – através do cancioneiro de Vinicius de Moraes. São 15 faixas, em parcerias com Antonio Carlos Jobim, Garoto, Chico Buarque, Carlos Lyra, Baden Powell, Toquinho, Adoniran Barbosa, Jards Macalé, além de uma versão de Caetano Veloso para Nature Boy, de Eden Ahbez, incluindo um antigo registro da voz de Vinicius, recuperado por Bethânia. As músicas do disco são: a belíssima Modinha, parceria com o amigo Tom Jobim, depois tem um medley com Poética I, um poema do Vinícius e a bela Astronauta, parceira com Baden Powell, depois tem a clássica Minha namorada, magnifíca música com parceria de Carlos Lyra, depois tem a sempre emocionante A felicidade, um dos maiores clássicos da parceria com o Tom, depois tem a sensacional Tarde em Itapuã, parceira com Toquinho, praticamente um hino em homenagem a Bahia, terra natal de Bethânia, depois tem um medley com Lamento no morro e o Monólogo de Orfeu, duas peças maravilhosas do inesquecível Orfeu da Conceição, falando em Orfeu, depois tem Mulher sempre mulher, também do Orfeu, as 3 em parceria com o grande Tom Jobim, depois tem a comovente Gente Humilde, que Vinícius fez a letra, entusiasmado com a parceria entre Tom e Chico Buarque, pediu a Chico, em Roma, algumas sugestões para a letra que acabara de escrever sobre a melodia de Garoto. Proposta aceita, Vinicius tratou de comunicar em um telefonema exultante para o maestro, no Rio: “Tomzinho, o Chico agora também é meu parceirinho!”, depois tem a rara O mais que perfeito, parceria, até de certa forma surpreendente com Jards Macalé, depois tem a melancólica O que tinha de ser, também em parceria com Tom, depois tem outra música rara Bom dia tristeza, junto com o rei do samba paulistano Adoniram Barbosa (lembrando que um dia Vinícius disse que “São Paulo é o túmulo do samba”!), depos tem o clássico afrosamba Samba da benção, em parceria com Baden Powell, depois tem a também clássica Você e eu, parceira com Carlos Lyra, depois tem a também bela Eu não existo sem você, mas uma da brilhante parceria com Tom Jobim e fechando o disco a música Nature boy.

Também em 2005, sai o belíssimo cd BOSSA NOVA LOUNGE – SUMMER SAMBA, mas um volume dessa coletânea maravilhosa celebrando o melhor da Bossa Nova com toque de lounge music. As músicas desse disco são a clássica Os grilos, numa versão menos conhecida, tocada pelo grupo Os Cadedráticos, Samba de verão, que não podia faltar, cantada pelo Marcos Valle, Mar, mar, tocada pelo Walter Wanderley, Tema feliz, com a Leny Andrade, o clássico Samba do Carioca, tocado por ninguém menos que Meirelles e os Copa 5, a desconhecida Espero por você, cantada por Jorge Ben Jor, a clássica Rio, tocada pelo mestre João Donato, Surfin`in Rio, cantada pela Sylvia Telles, Adriana, pelo Roberto Menescal, Feitinha pro poeta, pelo grupo Os gatos, Samba da pergunta, pela Marcia, Meditação, pelo Eumir Deodato, Doralice, na versão que ganhou o mundo com João Gilberto e Stan Getz e fechando o disco a rara e bela Andorinha, com o nosso maestro soberano Tom Jobim.

Ainda em 2005, foi descoberto na Inglaterra um disco inédito de João Donato, que ele tinha gravado em 1973 aqui mesmo no Brasil, o nome do disco é A BLUE DONATO, na verdade o disco é um resto de gravação de um outro disco do João Donato, que acabou saindo sem essas músicas. As músicas desse disco são: Mimosa n.º 1, Tom thumb, a explendorosa Não tem nada não, Message from the nile, Mimosa n.º 2 e Mr. Keller. Esse cd saiu pela gravadora inglesa What Music, e como sempre, ainda não se sabe quando vai chegar aqui no Brasil. As músicas são todas instrumentais e têm o jeito bem samba jazz, que o João Donato foi um dos criadores.

Também em 2005, sai aqui no Brasil uma belíssima coletânea dupla chamada FOTOGRAFIA – OS ANOS DOURADOS DE TOM JOBIM. Um cd duplo que mostra muito bem porque que Tom foi o maior compositor de música popular do mundo em todos os tempos.

No primeiro cd estão vários sucessos. As músicas desse primeiro cd são: Garota de Ipanema, Água de beber, Insensatez, Samba de uma nota só, Só danço samba, Chega de saudade, Desafinado, Águas de Março, na clássica versão com Elis e Tom, Só tinha de ser com você, também com Elis e Tom, Fotografia, também com Elis e Tom, Chovendo na roseira, com Edu e Tom, Luiza, também com Edu e Tom, Passarim, Gabriela e Anos Dourados, com Chico Buarque.

Já no segundo cd tem gravações raras. As músicas desse segundo cd são: a primeira gravação de Águas de Março, em 1972, Olha Maria, com Chico Buarque, Canção em modo menor, com Nana Caymmi e Tom Jobim, Soneto da separação, com Vinícius de Moraes, Matita perê, com Paulo César Pinheiro, Pé do Lageiro, com Tom Jobim e João do Vale, O rio da minha aldeia, Cavaleiro monge, essas duas últimas saídas do disco A MÚSICA EM PESSOA, com artistas brasileiros musicando poemas de Fernando Pessoa, outra versão de Águas de Março, essa com Tom Jobim, Chico Buarque e Caetano Veloso, a versão orginal de Anos dourados, instrumental como saiu na minissérie da TV Globo, Trem azul e fechando o disco a bela Querida.

Também em 2005 sai no Japão o extraordinário disco RIO-BAHIA, da sempre explondorosa Joyce e Dori Caymmi, filho do mestre Dorival Caymmi. Como era de se esperar saiu primeiro no exterior e só em 2006 chegou ao Brasil. “Existem pequenas iguarias que só dão aqui. Aí, vem o japonês e compra". Em tom de brincadeira, Joyce traça um paralelo entre o cupuaçu, fruto brasileiro patenteado por uma empresa japonesa (!), e a trajetória dela e de outros músicos brasileiros que encontraram no exterior espaço para gravar. RIO-BAHIA, de Joyce e Dori Caymmi, é a prova. Lançado pela JVC na Ásia e Oceania e pela Far Out na Europa e nos Estados Unidos, o disco já tem turnê marcada no Japão, em julho, e na Europa, em setembro.
E
no Brasil? Por aqui, nem sinal. "Para variar, sairá primeiro lá fora", diz Joyce. "No começo eu achava estranho, mas já me acostumei. São discos gravados aqui, com músicos daqui e com canções cantadas em português.
, sai por uma companhia estrangeira. É a ”mcdonaldização” da música." As músicas desse disco são: a bela Mercador de Siri, música do Dori Caymmi e do Paulo César Pinheiro, a maravilhosa e
inédita Rio-Bahia, da Joyce, com citação de Acontece que sou baiano, do Dorival Caymmi, Flor da Bahia, também inédita, do Dori e do Paulo César Pinheiro, a rara Geraldo boa pinta, de Geraldo Jacques e Haroldo Barbosa, que o João Gilberto nunca gravou, Fora de Hora, parceria inédita e maravilhosa do Dori com Chico Buarque, Daqui, também inédita, da Joyce e do Roberto Stroeter, com um clima bem nordestino com direito a sanfona e tudo, The colors of joy, também inédita e também da dupla Dori e Paulo César Pinheiro, E era Copacabana, outra parceria inédita , agora da Joyce e do Carlos Lyra, num bolero delicioso, Jogo de cintura, também inédita e também do Dori e do Paulo César Pinheiro, depois tem o clássico baiano Saudade da Bahia, do Dorival Caymmi, cantada só pela Joyce, depois tem a extraordinária Demorô, com direito a letra e tudo, música que a Joyce gravou e colocou no cd CHILL: BRASIL2, depois tem mais uma música inédita Rancho da noite, da Joyce e do Paulo César Pinheiro, depois tem mais uma inédita a bela Saudade do Rio, também do Dori e do Paulo César Pinheiro e fechando esse disco que é uma verdadeira ponte do Rio para Bahia, a música Pra que chorar, clássico do Baden Powell e do Vinícius de Moraes. Com direito a um coral que foi chamado de A festa do Vinícius, com a Mônica Salmaso, Renato Braz, Clara Moreno, Tutty Moreno, Rodolfo Stroeter, Noa Stroeter, Andréa Brandi, Joana, Flora, Dori Caymmi e a Joyce.

Dia 12 de junho de 2005, Lagoa Rodrigues de Freitas, Rio de Janeiro. Nesse dia e nesse local aconteceu um show histórico da Bossa Nova. Não, você não está louco, se acha que voltou no tempo especialmente ao final dos anos 50 e início da década de 60. Os tempos são outros estamos no século XXI, a TV e a rádio brasileira está enfestada de música de péssima qualidade especialmente Funk e Breganejo, mas a Bossa Nova já tem quase 50 anos e parece cada dia mais nova como mostra nesse show que saiu o cd e o DVD ao vivo BOSSA NOVA IN CONCERT. Mesmo com isso tudo ainda se ouve Bossa Nova nas novelas, nos programas de TV e até no rádio e por milhões de jovens no mundo inteiro especialmente no Japão e na Inglaterra e até no Brasil. Nesse show têm vários artistas que ajudaram a formar a Bossa Nova, outros que se entregaram no caminho até chegar a New Bossa, ou a Nova Bossa Nova, que ganhou a Europa (especialmente a Inglaterra) e o Japão com novos nomes e artistas já consagrados sendo cada dia mais modernizados. O show foi apresentado por ninguém menos que Miele, como em vários outros shows históricos da Bossa Nova. O cd e o DVD têm direção de Roberto Menescal, um dos que tem maior autoridade no mundo pra se falar de Bossa Nova. As músicas desse disco histórico são: Ela é carioca, com Os Cariocas, fantásticos como sempre, Adeus América, do Haroldo Barbosa, numa interpretação de arrepiar também com Os Cariocas, muito diferente da versão cantada pelo João Gilberto, depois tem a cinquentona Rapaz de bem com Jhonny Alf modernizando o marco zero da Bossa Nova, depois tem um que não podia faltar o professor do Tom Jobim: João Donato mais moderno que nunca com Minha saudade e a extraórdinária Amazonas, depois tem Carlinhos Lyra parcerinho 100% como dizia Vinícius de Moraes com o clássico Lobo bobo e com o coro na também clássica Minha namorada, depois tem Roberto Menescal, outro que não podia faltar e a Wanda Sá cantando mais uma vez O barquinho juntando com Você também do Menescal, depois eles cantam Telefone, ao lado do Miele, depois tem a bilionésima gravação de Garota de Ipanema, cantanda pelo Pery Ribeiro, que alías foi o primeiro que gravou em 1962, depois tem uma interpretação emocionante de O astronauta do Baden Powell e do Vinícius com o Pery Ribeiro com citação de Só tinha de ser com você apresentando Leny Andrade, depois tem a Leny, que é a nossa Ella Fitzgerald dando show em Batida diferente, do Durval Ferreira, com o próprio no violão, depois tem uma das primeiras composições da Bossa Nova: Chora tua tristeza com o Oscar Castro Neves, autor da música, no violão e a Cris Dellano transformando esse clássico numa New Bossa, com sua voz espetacular, depois tem a rara A morte de um deus de sal, numa versão instrumental com Roberto Menescal e Oscar Castro Neves, falando em New Bossa, depois tem o inventor dela Marcos Valle cantando a sua clássica e de sempre Samba de verão, de diferente só que ele mistura português e inglês no meio da música, depois tem um dos maiores sucessos da New Bossa e da música de hoje no mundo o já clássico Os grilos, numa versão super moderna com Marcos Valle e a Patricia Alvi, depois tem Águas de março, cantada pela Cris Dellano e o Bossacucanova e no final tem Rio, cantada pela Cris Dellano, com o Bossacucanova, Oscar Castro Neves e Roberto Menescal, transportando as pistas londrinas de vez pra o Rio de Janeiro e mostrando ao mundo que a Bossa está cada vez mais nova e mais moderna.

No dia 27 de julho de 2005, morre um dos maiores, senão o maior baterista brasileiro: Dom Um Romão, que fez parte do lendário Copa 5 ao lado de J. T. Meirelles e participou de alguns dos maiores discos brasileiros de todos os tempos como : CANÇÃO DO AMOR DEMAIS, SAMBA ESQUEMA NOVO, O SOM, A BAD DONATO e FRANCIS ALBERT SINATRA E ANTONIO CARLOS JOBIM.

Também em 2005, sai pela gravadora Biscoito Fino, mais um disco da Leila Pinheiro. O belíssimo NOS HORIZONTES DO MUNDO. Nos Horizontes do Mundo, música de Paulinho da Viola, que dá nome ao 12º disco de Leila Pinheiro, é uma obra plural. Plural visitado na escolha das 16 canções – 11 inéditas, dos mais de 20 compositores, dos 40 músicos, das múltiplas sonoridades. Além de tocar piano e/ou teclado em todas as faixas, Leila grava duas músicas de sua autoria: pela primeira vez registra a balada Hoje, que a tornou parceira de Renato Russo em 1993, e assina o tema Delicadeza.. A profunda organicidade do CD resulta também do incansável e fértil intercâmbio entre os habitats musicais de Alê e de Leila. Co-produzido pela cantora, o trabalho foi gravado no Estúdio da gravadora Biscoito Fino no Rio em outubro e novembro de 2004 e mixado em fevereiro deste ano, no Studio Ilha dos Sapos, de Carlinhos Brown, em Salvador. No repertório, além da canção de Paulinho da Viola que batiza o trabalho, um generoso leque de inéditas. Gozos da Alma, fulgurante e arrebatadora melodia de Francis Hime, espécie de metonímia do espírito de Leila, com letra de Geraldo Carneiro emprestada da poesia seiscentista do londrino John Donne é horizonte inesquecível. Tiranizar, atualíssima lâmina poética de Caetano Veloso cai como luva na bossa de Cézar Mendes - um raro fazedor de canções -, cantada ao pé do ouvido, quase sussurrada. Vem, Amada, samba-canção de Simone Guimarães, recebeu um plangente piano, minimalista, reforçando a simplicidade desse bilhete de amor. Eduardo Gudin confirma-se poeta de primeiríssima em O Amor e Eu, samba feito especialmente para Leila, transformado num fino samba-reggae, com direito a timbau e rubber nose gravados na Bahia. Nesta música, à percussão de Marcos Suzano, juntou-se Kiko Freitas, um excepcional baterista, um pintor com baquetas, de criatividade e técnica impressionantes. A Vida que a Gente Leva, cativante canção da safra recente de Fatima Guedes, transborda o traço da compositora na música e na letra. Pela Ciclovia, instigante parceria entre Marcos Valle e Jorge Vercilo provoca os ouvidos com sopros, teremim e percussão enquanto passeia pela orla carioca. Literalmente anti-horário, sem pressa, Walter Franco assina A 60 Minutos por Hora, um mantra para ser ouvido pela vida afora. O belo, por exemplo, dos Gozos da Alma, de Francis e Geraldinho Carneiro: acho que não há no planeta quem não se emocione com essa canção e veja nela essa beleza a que eu me refiro”. Leila se mostra novamente uma feliz promotora de encontros inéditos. A tão alardeada e já histórica parceria entre Ivan Lins e Chico Buarque, Renata Maria – gravada com a bênção de Chico, duetando com Leila –, nasceu a pedido dela. Assim como Deu no que Deu, cruzamento do samba carioca da gema de Joyce com a poesia da paulicéia esperta de Luiz Tatit, temperado pela presença da compositora, tocando violão e cantando. Depois de ter dito estar “enferrujado”, Chico fez essa letra maravilhosa para a música do Ivan que eu lhe havia entregado na esperança de que ficasse pronta a tempo de entrar no disco. Com Renata Maria se inaugura essa histórica parceria. A letra chegou quando o disco já estava fechado. Mudamos o arranjo, pensado inicialmente só para eu cantar, e complementamos depois com a “cama” de teclados em Salvador e com o flugel maravilhoso do Jessé Sadoc. Mais feliz fiquei quando Chico aceitou o convite para cantar comigo. Ivan Lins é, para mim, um dos maiores compositores contemporâneos do mundo. Depois de finalizada, coloquei Renata Maria para ele ouvir pelo telefone, chorou como criança, dizendo não imaginar que o sonho de ter uma canção sua letrada por Chico Buarque ainda fosse se realizar.”
A Minha Alma, virulento hit do Rappa e Marcelo Yuka, é tiro certeiro na emoção, rasgada por efeitos de guitarra e pela voz de Nelson Cavaquinho entoando Juízo Final. Em contraponto, Onde Deus Possa me Ouvir, de Vander Lee, traja piano e cordas do estilista Lincoln Olivetti, que igualmente assina arranjos e regências de cordas em Gozos da Alma e Hoje. Os sopros delirantes também são arte de Lincoln em Pela Ciclovia, Deu no que Deu, belíssima música de Joyce, e E Muito Mais. Este suingante achado de João Donato e seu irmão Lysias Ênio, ganha, com os metais de Lincoln, reforço no sotaque “acubanado” característico da levada de Donato. Não por acaso é em Havana, literalmente, o local de encontro da voz de Leila com o clássico do porto-riquenho Benito de Jesus, Nuestro Juramento, bolero estrondosamente conhecido na voz do equatoriano Julio Jaramillo. Em Cuba foram gravados contrabaixo, flauta, baila, güiro e maracas pela trupe do Buena Vista Social Club, naquele clima de tristeza emocionada que só lá se encontra.

Ainda em 2005, sai pela gravadora Biscoito Fino, o belissímo DVD Carlos Lyra - 50 Anos de Música. Celebrando o que poucos artistas podem ostentar diante de tão imponente efeméride: um repertório inteiro de clássicos, muito além da Bossa-Nova que o projetou e a qual seu nome se associa durante as cinco décadas que mudaram a maneira de se fazer e pensar música no Brasil e no mundo. Dirigido por Jodele Larcher, o DVD foi gravado em março de 2004 no Canecão, no Rio, com participação de amigos como Marcos Valle (Quem Quiser Encontrar o Amor), Leny Andrade (O Negócio É Amar), João Donato (Você e Eu, junto com Emilio Santiago), Os Cariocas (Mas Também quem Mandou, com o saxofone de Léo Gandelman), Roberto Menescal e Wanda Sá (Tem Dó de Mim). Outras gerações abraçam o compositor, de Ivan Lins (Canção que Morre no Ar) a Miúcha (Sabe Você), passando pela pós-bossanovista Leila Pinheiro (Saudade Fez um Samba, Se É Tarde me Perdoa, Lobo Bobo), até o popstar Toni Garrido (Samba do Carioca). O Quarteto em Cy comparece em Aruanda e Antonio Adolfo junta seu teclado ao violão de Carlinhos em Primavera.
Perpetuando
o clã, a filha Kay e o sobrinho Cláudio renovam as forças em Pode Ir e O Barco e a Vela, esta de autoria de Cláudio Lyra. Até o humorista Chico Caruso dá o ar da (sempre muita) graça na espantosa Comedor de Giletes, pouco conhecida parceria de Lyra com Vinicius. Ao lado da banda formada por Helvius Vilela (teclados), Adriano Giffoni (baixo), Dirceu Leite (sopros) e Ricardo Costa (bateria), Carlos Lyra comanda Minha Namorada, Quando chegares, Um abraço no João, Se quiseres chorar, Maria Ninguém, Coisa Mais Linda, Maria Moita, Gente do Morro, Sambalanço. Ao final, Menescal, Wanda e Leila se juntam ao compositor para entoar Benção bossa-nova, antes do final apoteótico de Marcha da Quarta-feira de Cinzas, com todos os convidados no palco, materializando as palavras de Vinicius de Moraes. Carlos Lyra, o parceiro cem por cento, mais uma vez une ação ao sentimento.

No panorama fértil das novas cantoras da música brasileira – em especial, no samba – uma nova voz surge para conferir generosidade e dolência ao gênero. Trata-se de Ana Martins, cujo disco SAMBA SINCOPADO, gravado no Japão, ganha edição brasileira, via Biscoito Fino agora em 2005. Pra quem não sabe, Ana Martins é a segunda metade da música Clareana, da mamãe Joyce. Assim como boa parte dos artistas brasileiros que vêm encontrando solo propício na terra do sol nascente, Ana Martins já gravou três álbuns no Japão, todos produzidos por Kazuo Yoshida. SAMBA SINCOPADO é o primeiro deles a sair no Brasil. Na hora de escolher o repertório, Ana apostou categórica na influência de uma das cantoras responsáveis pela abertura dos portos nipônicos à nação musical brasileira: Nara Leão. Foi direto à fonte e encontrou, nos momentos em que Nara se aproximou de sambistas como Zé Kéti, Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho e Paulinho da Viola, a matéria-prima para este trabalho. Ana recria clássicos do gênero como Coisas do Mundo Minha Nega e Recado, de Paulinho da Viola, esta em parceria com Casquinha; Quatro Crioulos, do musical Rosa de Ouro, com participação especial do autor Elton Medeiros; Nega Dina e Diz que Fui por aí, de Zé Kéti; Pranto de Poeta, de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, todos recriados por Nara, a partir de sua convivência com estes sambistas, em 1964, no Teatro Opinião. Há ainda Fez Bobagem, composta por Assis Valente na década de 30 e regravada por Nara nos anos 60. O SAMBA SINCOPADO de Ana Martins abre espaço para bossa-novistas e pós-bossa-novistas de primeira e segunda geração. Tem Vinicius de Moraes, com Tom Jobim em Lamento no Morro, Francis Hime em Anoiteceu e Baden Powell em Amei Tanto; Chico Buarque em Madalena Foi pro Mar, Morena dos Olhos D´Água, Homenagem ao Malandro; Sidney Miller em Maria e Maria Joana, em interpretações repletas de sofisticação cool e despojado requinte. Sofisticação acentuada pelo acompanhamento de Tutty Moreno (bateria e percussão), Jorge Helder (baixo acústico), Robertinho Silva (percussão), Nivaldo Ornelas (sax e flauta), Lula Galvão (violão), além da mãe de Ana, Joyce (violão, vocais e arranjos), que, aliás, foi da própria Joyce esta idéia de Ana gravar um disco com repertório da maravilhosa Nara Leão.

O primeiro DVD de um gênio da música brasileira é algo para ser comemorado, muito além de classificações por gêneros ou estilos. Sobretudo quando o artista em questão repassa seus grandes sucessos, em 50 anos de carreira, somados a novas composições que provam que o mestre continua a produzir incessantemente, dialogando com diversas gerações de músicos brasileiros, do samba ao bolero, da bossa-nova ao hip hop.
Saiu no mês de outubro o expetacular DVD
DONATURAL, o primeiro DVD de João Donato. DONATURAL apresenta João Donato em sua melhor forma, cercado de amigos e convidados, provando que sua música é impossível de restringir-se a segmentações. Ao dom natural de João, juntam-se os de Gilberto Gil, Marcelo D2, Joyce, Leila Pinheiro, Ângela Ro Rô, Emilio Santiago e Marcelinho da Lua, acompanhados por Luis Alves (baixo), Robertinho Silva (bateria), Donatinho (teclados), Sidinho (percussão), Ricardo Pontes (sax e flauta), Jessé Sadoc (trumpete), com Donato ao piano. O DVD foi gravado ao vivo em uma noite do verão carioca (10 de janeiro de 2005), no Espaço Cultural Sergio Porto. Muito à vontade, para não evitar o trocadilho com um de seus discos mais importantes, Donato inicia os trabalhos com Gaiolas Abertas, parceria com Martinho da Vila. Em seguida, recebe Joyce, com quem compartilha a maravilhosa Sambou, Sambou
(com João Melão) e a explendorosa E Vamos Lá, parceria com a cantora e violonista, que é sem sombra de dúvidas um dos melhores momentos do DVD. Lugar Comum, clássico com Gilberto Gil, é interpretado por Donato e banda. Mais convidados: Leila Pinheiro aparece para dividir a latina E Muito Mais e Até Quem Sabe; (ambas com Lysias Ênio); Emilio Santiago, com quem Donato gravou um álbum inteiro, reforça Vento no Canavial (também com Lysias); Ângela Rô Ro recria seu sucesso Simples Carinho, de Donato e Abel Silva. O clássico Amazonas (com Lysias) antecede duas outras canções com Gilberto Gil – A Paz e Bananeira -, desta vez com a presença do cantor ministro e parceiro nas composições, em dueto para entrar para a história, duas das mais famosas músicas do Donato no mundo todo. Minha Saudade é uma inusitada parceria entre dois gigantes que atendem pelo singelo nome de João: Donato e Gilberto, interpretada por Donato. É a senha para o momento pop, protagonizado nas parcerias com os Marcelos, da Lua (Lá Fora) e D2 (Balança), que, aliás, as duas músicas são o melhor momento do DVD. Resta agora, voltar ao Donato essencial, do clássico A rã (com Caetano Veloso), de Café com Pão (com Lysias Enio), Bluchanga, (só dele) e Nasci para Bailar, de Donato e Paulo André Barata. A direção do DVD é de Gustavo Caldas e Murilo Saroldi. Realmente João Donato mostra neste DVD que está mais jovem do que nunca e está cada vez melhor e prova por que hoje em dia é dos mais importantes músicos no mundo.

Também em 2005 sai o belíssimo filme COISA MAIS LINDA, que é um documentário sobre a Bossa Nova. COISA MAIS LINDA dá ao espectador uma visão geral, um painel histórico, musical e informativo de como se iniciou o movimento musical, Bossa Nova, que tem seus primórdios no início dos anos 50, atingindo um de seus ápices em 1962, quando se internacionaliza definitivamente, no concerto do Carnegie Hall, NY. A música que se fazia naquela época revoluciona a cultura musical brasileira na melodia, nas harmonias e arranjos, na composição, na batida famosa e nas letras líricas e românticas que prefiguravam um país feliz do Amor, do sorriso e da flor. Um período luminoso, quando um grupo de jovens da Zona Sul do Rio vira de ponta a cabeça a nossa música, com defensores e detratores, superados pelo tempo na eternização da Bossa Nova 40 anos depois um sucesso cada vez mais consagrado no mundo. Nossos principais condutores são os dois maiores compositores vivos do movimento: Roberto Menescal (do clássico "O Barquinho") e Carlos Lyra (dos eternos "Lobo Bobo", "Coisa Mais Linda" e "Você e eu"). Eles criaram canções que tocam pelo planeta, e estão presentes no filme contando as origens e os segredos do que viveram, com graça, felicidade e humor, de uma época inesquecível, num verdadeiro papo de velhos amigos, passando pelos locais que marcaram o início de suas carreiras. COISA MAIS LINDA apresenta entrevistas e números musicais exclusivos, de Roberto Menescal, Carlos Lyra, João Donato, Alaíde Costa, Johnny Alf, Kay Lira, Leny Andrade, Chris Delano, Joyce, Sergio Ricardo, Billy Blanco, enfim de todos os remanescentes vivos da época e alguns seguidores atuais. Entre muitos outros, contendo também originais e exclusivas imagens de arquivo de shows, apresentações internacionais, assim como de artistas estrangeiros que participaram deste movimento na época. O filme é ordenado em blocos, onde se focalizam: Ritmo, Letra, Harmonia, o Banquinho, a Batida, com depoimentos de teóricos e escritores de livros sobre o tema, como Sergio Cabral, Tarik de Souza, Arthur da Tavola, e de participantes ativos como Miele, Nelson Motta, etc.. Destaque também para o Maestro Antonio Carlos Jobim, sua carreira e a dupla Tom/Vinicius. Nara Leão também é homenageada. Um comovente bloco sobre a Musa, composto de inúmeras fotos, depoimentos, fonogramas da época e imagens de arquivo. O filme não pretende ser e nem é uma aula. Porém sua realização despretensiosa faz com que se transforme num documento audiovisual que proporciona ao espectador duas horas de boa música, pura diversão, e que ao mesmo tempo informa sobre este marco da cultura brasileira, que cada vez mais ocupa espaço nos corações e ouvidos de homens e mulheres em vários paises do mundo.

Tambem em 2005, sai pela gravadora Dubas, o maravilhoso JET-SAMBA, mais um cd do Marcos Valle. Este é o primeiro trabalho em quase 20 anos de sua carreira totalmente produzido, gravado e masterizado no Brasil, onde atua como produtor, compositor, músico e arranjador de todas as faixas, fazendo releituras de músicas suas já conhecidas do público, como o tema de abertura da novela "Selva de Pedra" e, ainda, apresentando belíssimos temas inéditos de sua autoria, com a participação de um time de músicos de primeira qualidade. O fato de Marcos Valle ser compositor tão grande quanto Dori Caymmi e Edu Lobo — com quem formou um trio, ainda adolescente no Rio do início dos anos 60, e que tanto definiria três vertentes da música criativa brasileira do pós-bossa nova — às vezes é posto em questão. Talvez pelo seu flerte com a música pop e a música comercial, (jingles, novelas), tida como menores ainda que tão enriquecidas por ele. JET-SAMBA (Dubas) vem não só mais uma vez evidenciar o altíssimo nível do compositor Marcos Valle como confirmá-lo pianista e, principalmente, orquestrador criativo. É um disco instrumental, o que não fazia desde BRAZILIANCE, gravado nos Estados Unidos em 1968. Como indica o samba-jazz do título, Jet-samba, é música para voar. A começar já na primeira das 12 faixas, Selva de pedra, famoso tema que abria a novela homônima, no qual o orquestrador encontra novas e insuspeitadas cores, explorando as sonoridades de seus pianos, o acústico e o elétrico Fender Rhodes, e do gordo naipe de sopros tocado por Jessé Sadoc (trompetes e flugel), Renato Franco (flautas e saxes) e Aldivas Ayres (trombone), que se desdobram em todas as entradas de seus instrumentos para dar conta da variedade e do tamanho dos arranjos. Selva de pedra define o espírito: temas bonitos e viajantes, solos melódicos e cristalinos de piano e sopros, harmonias supertrabalhadas e um groove dado pela cozinha rítmica (o piano de Valle, o baixo de Alberto Continentino e a bateria de Renato “Massa” Calmon, ambos do grupo de Ed Motta) que sempre marcou o trabalho de Valle. O repertório traz vertentes do trabalho de Valle. Tem jazz brasileiro, a inédita Jet-samba, baião expetacular em Campina Grande, samba meio valsa no delicioso compasso 6/8 (Vem e Esperando o messias), tão usado por compositores como Jobim (Chovendo na roseira) e Menescal (Morte de um deus de sal); mistura de culturas, Brasil/México, o trompete mariachi virando bossa nova; choro bem pianístico, Catedral e Posto 9; temas grandiosos como Previsão do tempo ou líricos como Adams Hotel. Dois momentos opostos são significativos da dimensão da música de Valle: o tema originalmente eletrônico Bar inglês ganha versão “tocada” e igualmente nervosa, comprovando o forte conteúdo de suas experiências no pop de ponta, numa versao maravilhosa; e La petite valse, linda valsa meio brasileira meio francesa que revela a filiação musical de um compositor que vem de lá, de Jobim e Debussy, desse amalgama de samba carioca e impressionismo francês com pitadas de tudo que soe bem, e que é a razão profunda de a música brasileira ser assim tão original.

Também em 2005 sai o sensacional filme Vinicius, em homenagem aos 25 anos da morte do poeta Vinícius de Moraes. Logo depois sai pela gravadora Biscoito Fino o disco VINICIUS - TRILHA SONORA DO FILME. Em seu depoimento no filme Vinicius, o poeta Ferreira Gullar diz que Vinicius de Moraes ensinou o Brasil a ser feliz. De fato, são muitas as gerações que reconheceram no poeta a alegria permanente que a música, sobretudo quando acompanhada pela lírica de Vinicius, tem sido capaz de proporcionar aos brasileiros. A trilha sonora do filme - lançamento Biscoito Fino - retrata exatamente esta capacidade de perpertuar-se que, como poucas, caracterizam a obra de Vinicius.
Gravada especialmente para o documentário dirigido por Miguel Faria Jr., a trilha reúne parceiros canônicos - Carlos Lyra, Chico Buarque, Francis Hime, Toquinho, Edu Lobo - a artistas que despertaram para a música a partir do contato com a poesia de Vinicius, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e Olivia Byington, até aqueles que surgiram depois da morte do poeta - Zeca Pagodinho, Adriana Calcanhotto e os novos Renato Braz, Mônica Salmaso, Yamandú Costa, Sérgio Cassiano, Martin´alia, a neta Mariana de Moraes. O álbum, como o filme, abre na crônica de Rubem Braga, narrada por Ricardo Blat, sobre a chegada da Primavera de 1980, a primeira desde 1913 sem a presença física de Vinicius. Presença que, para além da herança artística, se materializa como nome de rua, onde trafega o doce balanço das belas moças que o poeta não cansava de decantar. Em seguida, uma de suas mais emblemáticas canções, em parceria com Antonio Carlos Jobim, cujo título se compara à própria falta que Vinicius faz: Se Todos Fossem Iguais a Você, na voz de Renato Braz - que também canta Por Toda a Minha Vida. O hábito, cultivado por Vinicius, de abranger diversas gerações, estende-se à interpretação cool de Monica Salmaso para Insensatez e Canto Triste, ou na dolente versão de voz e violão de Adriana Calcanhotto para Eu Sei que Vou te Amar. Boa surpresa é o canto jazzy de Mariana de Moraes em Coisa Mais Linda, parceria com Carlos Lyra, acompanhada, entre outros, por Luis Claudio Ramos no violão e Wilson das Neves, na bateria. O violão virtuoso de Yamandú Costa sola Valsa de Eurídice, intrincada melodia que prova que Vinicius era um homem de intensa musicalidade, manifestada em versos ou, no caso, em notas. Chico Buarque, acompanhando-se ao violão, revisita Medo de Amar, letra e música de Vinicius, do álbum CANÇÃO DO AMOR DEMAIS, lançado por Elizeth Cardoso, em 1958, com canções de Tom e Vinicius. Chico conta que esta foi a primeira canção do poeta a impressioná-lo, apresentada a ele pelo próprio Vinicius, amigo de seu pai, no início dos anos 50, em Roma. Chico menciona ainda o Poema dos Olhos da Amada, canção que na trilha aparece na voz e violão de Caetano Veloso. Maria Bethânia interpreta O que Tinha de Ser, de seu mais recente álbum, QUE FALTA VOCÊ ME FAZ, inteiramente dedicado à obra de Vinicius de Moraes, lançado este ano pela Biscoito Fino.
O parceirinho cem por cento Carlos Lyra é quem canta Você e Eu, um de seus muitos clássicos com Vinicius. Também de Lyra é a embolada Pau de Arara – o Comedor de Gilete, feita para o musical Pobre Menina Rica, recriada por Sérgio Cassiano, do grupo pernambucano Mestre Ambrósio, com percussão de Naná Vasconcelos. Outros parceiros importantes a marcar presença são: Toquinho - com Tarde em Itapoã, da fase baiana de Vinicius, na década de 70 – e Francis Hime, em Sem Mais Adeus, sua primeira composição, letrada por Vinicius num guardanapo de papel do Antonio´s, a segunda casa do poeta. Edu Lobo redimensiona Berimbau, interpretando ao seu modo o violão afro-samba idealizado por Baden Powell, autor da melodia. Formosa, outra de Baden, é relida por Gilberto Gil, afirmando o componente africano do “branco mais preto do Brasil”. Do afro para as rodas de samba, Zeca Pagodinho emenda mais um Baden, Pra que Chorar, sob o trombone de Roberto Marques. Martin´ália transforma Sei Lá (A Vida Tem Sempre Razão) em partido alto. Olivia Byington canta Modinha, gravado anteriormente pela cantora na recriação do álbum CANÇÃO DO AMOR DEMAIS, também lançado pela Biscoito Fino. Dentre as récitas, a poesia de Vinicius ambienta-se nas vozes de Camila Morgado (Soneto de Fidelidade), Ricardo Blat (Poética I), Ferreira Gullar (Minha Pátria) e Maria Bethânia (Soneto do Amor Total). Realmente não dá pra perder o filme que é maravilhoso e sua trilha sonora que é sensacional.

No final de 2005, sai o belíssimo disco FALANDO DE AMOR FAMÍLIAS CAYMMI E JOBIM CANTAM ANTONIO CARLOS JOBIM, com um encontro memorável de Nana, Danilo e Dori Caymmi, com Paulo e Daniel Jobim 40 anos depois do histórico disco CAYMMI VISITA TOM E LEVA SEUS FILHOS. As músicas desse disco maravilhoso são: o clássico Samba do Avião, com introdução de Dorival Caymmi, cantada pelos cinco, depois tem a antiga Foi a noite, cantada pela Nana e pelo Paulo, depois tem o maior achado do disco, a inédita Bonita demais, versão em português do clássico Bonita, feito por ninguém menos que Vinícius de Moraes, letra até então que ninguém conhecia, cantada brilhantemente pelo Daniel Jobim, depois tem As praias desertas, cantada pela Nana Caymmi, depois tem o clássico Anos dourados, cantado pelo Dori Caymmi, depois tem Outra vez, cantada pela Nana, depois tem o clássico Desafinado, com introdução feita por Ronaldo Boscoli, cantado pelo Paulo Jobim, depois tem a raríssima Esperança perdida, do Tom e do Billy blanco, cantada pela Nana, a Nana inclusive falou que a mãe dela Stella não conhecia a música e ela brincou que o Tom tinha psicografado a letra lá do céu, depois tem o clássico Eu sei que vou te amar, cantado pelo Danilo Caymmi, depois tem Só em teus braços, cantada pela Nana, depois tem a raríssima Pra não sofrer velho riacho, cantado pelo Paulo e pelo Dori, depois tem o clássico Falando de amor, cantado pela Nana e pelo Danilo, depois tem a sempre maravilhosa Corcovado, cantada pelo Daniel, depois tem a rara Esquecendo você, cantada pela Nana Caymmi, depois tem a inédita Canção para Michelle, letra feita pelo Ronaldo Bastos para a música Chanson pour Michelle, tirada do disco O TEMPO E O VENTO, cantada também pela Nana e finalizando o disco a maravilhosa Piano na Mangueira cantada pelos cinco: Nana, Danilo, Dori, Paulo e Daniel.

Um comentário:

Anônimo disse...

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